See the same sunrise

10 - ...his... (parte II)

Depois da terceira volta sobre o colchão foi que percebi que aquilo não abafaria o som, então peguei um travesseiro que tinha o cheiro do meu namorado e coloquei sobre meu ouvido. Também não foi de grande ajuda, visto que continuava ouvindo vozes conversando. Tentei permanecer naquela posição por mais alguns segundos, torcendo para que eles se calassem ou para que voltasse a dormir apesar deles. 

Não deu certo. 

Grunhindo, desisti de recuperar meu tão estimado sono e joguei o travesseiro para fora da cama antes de chutar as cobertas para longe e cambalear em direção as vozes. Queria mandar que elas se calassem, mas ainda estava tão desnorteada pelo sono que não conseguiria gritar. Precisa chegar mais perto. 

- Deixa de ser babaca, Hemmings. 

- Calum tem razão. Você já a monopolizou ontem - reconheci o tom de Mike.

- Nós também estamos com saudades dela. – Ashton soou exatamente como uma criança. 

- Quantas vezes vou ter que dizer que ela estava exausta ontem? – aqui foi meu namorado, sussurrando ferozmente. – Agora Lexi está dormindo, porra. Quando ela acordar, eu chamo vocês. Dá pra falar baixo, idiotas?

- Mentiroso! – Hood protestou. – Lexi adora café-da-manhã de hotel. É sempre a primeira a acordar.
- Ela está com jet lag, caralho. Até parece que você nunca viajou. Ela fez uma viagem de mais de doze horas. 

- Ok. Então deixe a gente entrar pra ver se ela está dormindo. 

- Não vou deixar nada. 

- Só porque a Lexi dorme de lingerie. 

- Como diabos você sabe disso? – meu namorado ciumento de novo. 

- Verdade, Ashton. Como você sabe disso? – Mike riu, virando-se para ele. 

- Será que dá pros imbecis calarem a boca? – resmunguei quando finalmente alcancei o corredor onde eles estavam, a voz esquisita graças a minha garganta seca. 

Todos eles imediatamente pararam de falar e se viraram. Por entre a mão que usava para coçar meus olhos, pude ver o completo choque espalhar por seus rostos. Não surpresa como a de ontem, não. Esse não era o tipo de expressão que se usava quando você se surpreende, mas sim ao dar de frente com algo que nunca pensou que presenciaria na vida. Suas bocas estavam abertas e seus olhos, arregalados. Meus amigos estavam abobados, enquanto meu namorado era difícil de ler. Primeiro ele ficou absolutamente pálido para logo depois ter o vermelho da raiva subindo por suas bochechas.
O silêncio ali durou por alguns segundos, então, satisfeita por que tinha conseguido o que queria, girei em meus calcanhares, pronta para voltar ao meu soninho. Assim que dei o primeiro passo, ouvi sons de engasgo simultâneos e algumas tosses desesperadas antes do meu namorado gritar: 

- PELO AMOR DE DEUS, ALEXIS. 

Virei a cabeça bem a tempo de vê-lo arrancar a própria camiseta com raiva e jogar em minha direção enquanto rosnava: 

- Ponha a droga da camisa. 

Suas palavras demoraram a fazer sentido enquanto revezava minha atenção entre o pano preto embolado em minhas mãos e o rosto de Hemmings. 

- Alexis, você está pelada! Cubra-se de uma vez! 

- Para ser bem justo, ela está de lingerie. – Calum se intrometeu. 

- PORRA! – Luke urrou e se virou para trás a fim de dar um soco no estômago do amigo. 

Mike e Ashton caíram em risadinhas infantis.