02 - Jet Leg (parte I)

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Sentia-me um clichê ambulante vestida com aquela camiseta de Luke. Ela ficava enorme em mim, chegando até a metade das minhas coxas e cobrindo minha roupa íntima. Minha vestimenta era totalmente previsível depois de finalmente ter convencido Luke a me levar para o quarto para uma transa descente e de um cochilo rápido. Havia programado meu celular para despertar depois de uma hora e, quando me levantei, procurei a roupa jogada no chão, mas decidi que assim ficaria mais confortável. 

Pelo menos não era um clichê completo já que estava de sandálias baixas e não descalça. 

Precisava de um banho, mas queria bater a massa do bolo novo e colocá-lo naquele forno idiota antes de fazer isso. Não sabia quando minhas crianças apareceriam em busca da sobremesa favorita. E eles conseguiam ser bem irritantes quando estavam com fome. 

Fechei a tampa do forno e deixei os ingredientes para a cobertura sobre a ilha antes de correr de volta para o quarto. Peguei outro short e uma camiseta — minha dessa vez — nova antes de ir para o chuveiro. Luke, ainda esparramado pela cama, nem se mexeu quando deixei o banheiro. Dormindo como uma pedra. 

Franzi o cenho. Teria que acordá-lo assim que terminasse de preparar a calda de chocolate para o bolo. Meu namorado precisava voltar ao fuso horário australiano e isso seria impossível se trocasse o dia pela noite. Sacudi a cabeça e fui para a cozinha. 

Estava em frente ao fogão, olhando para panela e mexendo a colher quando ouvi o barulho de passos atrás de mim. Virei a cabeça e me deparei com a cena fofíssima de Luke, descalço e só de calças jeans, caminhando vagarosamente enquanto coçava os olhos para expulsar o sono. 

- Amor, por que você se levantou? — resmungou. - É cedo ainda. 

Olhei para o relógio na parede. Cinco horas da tarde. 

- Não é cedo, amor. Já estamos no final da tarde. 

- Estou me sentindo no meio da madrugada — sentou-se na bancada ao lado da ilha e apoiou o cotovelo sobre ela e o queixo na mão. 

Fiquei meio de lado do fogão, dividindo minha atenção entre o que estava cozinhando e meu namorado quase cochilando no meio da cozinha. Cada vez que suas pálpebras pesavam, eu chamava seu nome. 

- Que saco, Lexi! Pare com isso! Eu tô cansando. 

E lá estava sua versão rabugenta. Era só ficar com sono e começavam os resmungos. 

- Por que levantou da cama, então? Iria te deixar dormir enquanto terminava isso aqui — usei a colher para apontar em direção à panela. 

- Por que estava frio! Você não estava lá. 

Rabugento, mas adorável. Um paradoxo. 

Mordi um sorrisinho. 

- Levantei para fazer o bolo, lembra? Luke, Luke! 

- Oi! — abriu os olhos em um estalo. — Que foi? Me acordou de novo, Lexi? — juntou os lábios em um biquinho. 

Certifiquei-me de que a calda estava pronta e desliguei o fogo. Ainda com a colher na mão, dei os passos necessários para ficar ao seu lado. 

- Não adianta ficar bravo comigo, amor — usei a mão livre para jogar seu topete para cima. - Você sabe que não pode ficar dormindo agora senão vai passar a noite em claro. 

- Mas eu quero dormir. 

- Eu sei, Luke. Já que nós vamos dormir. Você sabe que assim é melhor. Sua mãe vem amanhã e você quer estar bem disposto para conversar com ela, não é mesmo? Não quer ficar parecendo um zumbi. 

See the same sunriseOnde histórias criam vida. Descubra agora