Capítulo 7 - Mila

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Oh vida confusa!
Não fazia parte dos meus planos me envolver com ninguém tão cedo, mas aconteceu, mesmo não sendo nada muito sério.

Ou assistir o dia amanhecer ao lado de alguém significa algo mais sério?
Sentir falta dele quando estamos longes, quer dizer alguma coisa?

São tantas perguntas sem respostas!

No domingo a noite o Lucca veio com a Lívia jantar conosco, e tivemos que manter as aparências.

Não gosto de ficar omitindo para o meu irmão que estou dando uns amassos no cunhado dele, se bem que o Lipe e a Lív já desconfiam, mas também é complicado explicar para eles o que nem eu sei se existe entre nós.

Lipe cozinhou para nós, ou melhor dizendo ele tentou cozinhar para nós, desistiu quando o arroz ficou empapado e saiu para comprar comida em um restaurante.

Jantamos num clima muito agradável, Lipe até tentou arrancar algo sobre o nosso envolvimento, respondi que aprendi a conviver com a chatice do Lucca e por isso nos tornamos amigos.

O que não é de tudo mentira, pois somos amigos.

Na quarta-feira a noite o Lipe ainda não tinha retornado do hotel e o Michel chegou para fazer o trabalho da faculdade comigo, ele é um moreno bonito e muito simpático.

Estávamos decidindo por onde começar a nossa pesquisa quando a campainha tocou. Pedi licença ao Michel e fui atender a porta.

- Lucca, o que você veio fazer aqui? Perguntei surpresa ao vê-lo, não marcamos nada para hoje, pois ele sabia que eu estaria ocupada.

- Primeiro me dê boa noite, cadê a sua educação?

- Nem vou te responder, por acaso combinamos algo?

- Não, mas eu quis vir te ver.

- Lucca estou fazendo o trabalho da faculdade com meu colega. Eu te avisei, esqueceu?

- Nossa é verdade, esqueci desse detalhe. Ele respondeu tentando ficar sério.
Esse babaca não me engana, tenho certeza que ele veio me vigiar.

- Já que você apareceu, entre e fica quietinho sentado no sofá, vai me esperar terminar sem dar um pio. Ciumento!

Não o deixei responder, voltei para dentro de casa e ele veio logo atrás, cumprimentou o Michel e se sentou no sofá, ligou a TV num volume baixo, e ficou prestando atenção em algo que passava

Eu mereço!

Continuei a pesquisa junto com o Michel e óbvio que aproveitei para provocar o Lucca. Puxei minha cadeira para perto da cadeira do Michel e sorri para ele várias vezes de propósito enquanto conversávamos.

- Lucca, me faz um favor? Vai na cozinha e traz uma jarra de suco que está na geladeira e dois copos.

Já que o meu sei lá o que se deu ao trabalho de vir me vigiar, não posso deixá-lo sem ter serviço, não é?

Ele me olhou de cara feia e foi para a cozinha pisando duro, voltou com o suco e os copos e os colocou em cima da mesa.

- Obrigada lindinho. Agradeci para provocá-lo.

Ele voltou a se sentar sem responder. Dois minutos depois meu celular vibrou, abri o whatsapp e li a mensagem.

Lucca- Você me paga, sua abusada!

Eu ri discretamente e respondi.

Mila- Quem faz o que quer, vê e ouve o que não quer.

Guardei o celular e voltei a me concentrar no trabalho.
Depois de duas horas e meia de pesquisas, Michel guardou os livros, e se despediu de nós dizendo que precisava ir embora, sai com ele para o acompanhar até o elevador.

- Esse seu namorado é bastante ciumento. Michel falou rindo quando fechei a porta.

- O Lucca não é meu namorado, ele é irmão da namorada do meu irmão.

- Se ele ainda não é seu namorado, logo será. Ele te olha diferente, deveria ficar mais atenta.

- Digamos que é muito complicado e te peço desculpas pela cara de bravo do Lucca, não era nada contigo, ele só queria me pirraçar.

- Tranquilo eu o entendo, ele só estava demarcando o território, vou indo Mila, qualquer coisa me ligue, te enviarei a minha parte do trabalho por email.

- Okay, obrigada!

Michel entrou no elevador e voltei para casa. É hora de tirar satisfações com o 'meu amigo'.

- Pela demora achei que você ia levá-lo em casa. Lucca resmungou do sofá.

Minha santa paciência aparecei nesse momento, por favor, senão eu vou deixar a dona Sofia sem um dos seus filhos gêmeos. Apenas pensei, mas tive vontade de gritar para ele.

- Lucca qual é o seu problema? E aquela história de "eu confio em você Mila"?

- Continua igual, eu confio em você, só não confio no seu colega.
- E por esse motivo você teve a brilhante ideia de vir cuidar de mim?

- Claro, você estava sozinha com ele, cheguei na hora certa.

- Lucca eu não ia ficar sozinha, já era para o Lipe ter chegado, não tenho culpa se justamente hoje ele atrasou.

- O Felipe está em minha casa, foi jantar com a Lív e meus pais e eu vim para cá.

- Ele sabe que você está aqui?

- Não!

- Estou profundamente comovida com a sua preocupação comigo. Falei com ironia.

- Que bom!

- Desse jeito não vou conseguir fazer amizades

- Vai sim, com as garotas.

- Tudo bem, não vou continuar com esse assunto. Mas que foi desnecessária sua presença aqui, ah isso foi.

- Percebi, tanto que você me provocou o tempo todo sorrindo para o cara, ele estuda comunicação social e não odontologia, não precisava ter mostrado tanto os dentes para ele.

- Lucca eu fui apenas simpática, você que está viajando na maionese.

- Eu não vou discutir, você errou e sabe disso.

- Chato, sem noção!

- Gostosa, sem educação! Vou calar a sua boca do jeito que sei que você adora.

Lucca falou e andou na minha direção, me segurou pela cintura, encostou a boca na minha e me beijou com intensidade.

- Por que você me provoca tanto? Perguntei enquanto ele beijava meu pescoço.

- Porque você ainda não entendeu que não vou te dividir, e só o fato de saber que você estava sozinha aqui com um homem me deixou louco.

- Isso é ciúmes, sabia?

- Eu não sinto ciúmes Camila, porém não significa que não ficarei de olho em você.

A resposta dele foi como receber um balde de água gelada na cabeça, mas também o que eu queria? Que ele se declarasse dizendo que me ama e morre de ciúmes de mim? É... Era exatamente isto que eu queria ter ouvido, mas não foi dessa vez e talvez nunca será.

Estou ficando melodramática demais!

Tirei as mãos dele da minha cintura e andei até a porta do apartamento.

- Seu expediente de segurança terminou, já pode sumir da minha frente.

- Está me mandando embora?

- Estou, daqui a pouco o Lipe chega e não quero que ele te veja aqui.

- Okay esquentadinha, te vejo amanhã na faculdade.

Abri a porta e dei espaço para ele passar, mas ele não ligou para o meu gesto. Empurrou a porta e a fechou, me agarrou e me beijou com urgência por longos minutos.

Depois simplesmente me soltou e deu um beijo casto na minha testa e saiu me deixando sozinha.
Fiquei com cara de tonta olhando para o corredor sem entender o que se passa na cabeça do Lucca, só tenho certeza de uma coisa, ele gosta de mim, mais do que admiti.
Babaca!

*****

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