E então eu digo a mim mesma que eu serei forte
E sonharem quando elas se forem
Porque elas estão chamando, chamando
Chamando-me para casa
Ellie Goulding - Lights
Catherine P.O.V:
Depois de ter secado e amarrado o cabelo num rabo-de-cavalo, fomos para o carro e seguimos em direção ao restaurante. Nenhuma de nós disse nada e, por vezes, a minha mãe direcionada o seu olhar para mim. Em poucos minutos tínhamos chegado ao destino. Eu ia a sair do carro, quando senti uma mão a segurar o meu braço, impedindo-me de sair. Eu olhei para a minha mãe e ela disse que tínhamos de falar. Sentei-me novamente no banco e fechei a porta, à espera que ela começasse a falar.
"Catherine..." disse ela, olhando-me com preocupação "O que se anda a passar?"
"Nada, mãe." disse simplesmente.
"Então, porque é que o Austin te fez isso? Sabes que eu apenas quero-te ajudar e para isso tens de te abrir comigo."
A minha mãe tem estado sempre ao meu lado, no bons e maus momentos e às vezes até me pergunto como é que ela consegue. Ela tem- me ajudado e dado dicas, que, admito, nenhuma amiga poderia dar. Sempre agradeci por ter uma mãe como ela. Digamos que, quando eu queria fazer algo, ela deixava-me fazer tal coisa, mesmo se não fosse tão positiva. E então, deixava-me cair com o meu próprio erro e eu arrependia-me, não voltando a repeti-lo. O que eu não sabia era como é que ela sabia que eu me iria arrepender...
"Eu sei..."
"Vocês realmente não se dão bem?" perguntou e eu apenas abanei a cabeça, . Depois de deixar um suspiro escapar, continuou "Porquê?"
Porquê? Acho que é porque... não, a verdadeira razão é...para ser sincera nem eu sei porque somos assim.
"Eu só não gosto dele." Ou será que gosto? Não, eu não gosto "E ele está sempre a meter-se comigo."
"Bem, queres uma dica? Quando ele voltar a fazer-te algo, não ligues. Finge que não ouviste. Sabes porquê? Porque em determinadas situações, o silêncio é a melhor resposta. Nunca te esqueças disso. E vais ver que mais tarde ele vai-te deixar em paz por ver que não te importas com ele." Ela tem razão... "E se tu não tivesses ligado aos atos que ele te fez, que eu não sei quais foram, nada do que aconteceu hoje teria acontecido."
"Obrigada, mãe." sorri-lhe.
"Pois, obrigada eu também, porque agora vamos ter de comprar um telemóvel ao rapaz. E já agora, o que aconteceu, exatamente?"
"Eu apenas assustei-me e deixei o telemóvel cair pela janela a baixo." Ela não precisa de saber os pormenores, não é? "E não te preocupes que eu, com o meu dinheiro, irei-lhe comprar um telemóvel novo."
"Pois... não sei o que estavas a fazer com o telemóvel dele na mão, mas só quero que saibas que não é um telemóvel barato e agora, pelo o que aconteceu com o teu cabelo, podes ser despedida." O QUÊ?!? Despedida?!
"Como assim?!" perguntei.
"Bem, como viste isto é um restaurante extremamente exigente, e isso implica-se também aos empregados, pois não podem ter piercings, tatuagens ou coisas do tipo. E acho que o cabelo colorido está incluído nessa lista." Fiquei sem reação. Eu trabalhei só por uns dias e já ia ser despedida... e o pior é que a culpa não era minha. "Mas não vamos pensar nisso. Talvez não se importem com cabelo roxo." disse, assim que viu preocupação na minha cara.
Saímos do carro e fomos em direção ao restaurante. Assim que chegámos, algumas pessoas direcionaram o seu olhar para o meu cabelo, mas eu fingi não perceber isso. Assim que chegámos à cozinha, a minha mãe pediu para falar com o chefe, que era dono do restaurante e também nosso patrão. Eles se cumprimentaram e a minha mãe falou do problema do meu cabelo. Pela cara dele, sabia que ia ser despedida.
"Pois... isso é um problema." disse, encarando o meu cabelo. "Este restaurante é um dos melhores de região e é por isso que temos de causar boa impressão. Temos de mostrar que somos simpáticos... é por isso que os empregados podem trabalhar aqui, com a condição não tiverem tatuagens, piercings ou cabelos coloridos e coisas assim. Eu não tenho nada contra as pessoas que fazem isso, mas, para a maioria das pessoas, isso faz-lhes parecer que a pessoa não é amigável, que não é pura."
Então, é isso. Vou ser despedida. O chefe ainda me sugeriu pintar o cabelo de loiro, mas isso só iria danificar o cabelo. Primeiro, porque nem sequer tinham passado vinte e quatro horas da minha coloração e, segundo, porque poderia queimar o meu cabelo.
Tive de voltar para casa a pé, o que me incomodou muito, pois as pessoas me olhavam com um ar de que não era bem-vinda naquele sítio. Agora entendo o que meu ex-patrão disse... Assim que cheguei, fui direto para o meu quarto e tranquei-me. O Ian até tentou falar comigo, mas eu ignorei-o. Assim que o meu corpo tocou na colcha, derramei todas as lágrimas e mágoas que estava a segurar desde que aqui cheguei. Eu odeio este sítio.
Abracei a minha almofada e comecei a lembrar-me de como a minha vida era feliz antes de chegar aqui. De que tenho familiares e amigos ainda à minha espera em Portugal. E que aqui não tenho ninguém... Desde que aqui cheguei, só falei com eles umas duas vezes.
Levantei-me ao lembrar-me que ainda tenho o peluche que o Brian me tinha dado, na feira, antes da minha partida. Depois de o ter tirado de cima do armário, deitei-me com ele na cama, abraçando-o. Afastei-me dele e fiquei a olhar para ele e a perguntar-me o que é que Ellie, Anna, John e Brian estariam a fazer neste momento. De certeza, não estariam a ter uma crise de choro como eu.
Talvez, Anna e John estariam a namorar... a Ellie tinha-me dito que eles finalmente ficaram juntos. Eles conheceram-se no nono ano e nós sempre vimos que o que eles tinham era mais que amizade, mas eles nunca o tinham admitido, até um dia. Estou feliz por eles...
Imagino que Ellie agora esteja a andar de skate. Como ela adora isso. Lembrei-me da primeira vez que eu tentei subir num skate... correu mal. Apesar da Ellie ter insistido várias vezes para eu voltar a tentar, eu não quis. E Brian... eu nem imagino o que esteja a fazer agora, talvez esteja numa festa...
Olhei para as horas e lembrei-me que a diferença de horas entre Miami e Portugal era de cinco horas, o que significava que era quase uma da manhã em Portugal. Então, eles provavelmente estivessem a dormir. Ou não. Como eu tenho saudades deles...
Assim que me consegui acalmar, fui à casa-de-banho para ver o cabelo. Tirei o elástico do meu cabelo e ajeitei-o. Fiquei a encarar-me por alguns momentos. Deveria pintar o cabelo por cima do roxo? Lavei o meu rosto para não se verem vestígios de choro e, assim que a água tocou o meu rosto, ouviu-se a porta da entrada a abrir-se e depois a fechar-se,e em seguida várias vozes. Não consegui reconhecer de quem eram as vozes, mas sabia que eram todas de rapazes...
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Love...?
Fiksi PenggemarA vida de Catherine muda quando, aos 16 anos, teve que mudar de país. Mais exato, de continente. Mas será que ela se vai adaptar facilmente à nova vida? Especialmente agora, que tem dividir a casa com Austin Mahone, um rapaz arrogante, egoísta e, a...