Capítulo 17

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Olho para o meu reflexo no espelho

Porque estou fazendo isso comigo?

Perdendo a cabeça por um pequeno erro

Quase esqueci quem eu realmente era 

Jessie J - Who you are

Catherine P.O.V:

Ouviam-se risos altos do andar de baixo. Eu sabia que o Austin tinha chegado e, pelo o que parece, ele estava acompanhado. Tentei fingir que não ouvia nada.

Depois de secar o meu rosto fiquei com melhor aparência, apesar de ainda estar com os olhos um pouco inchados e o nariz avermelhado. Suspirei, penteei o cabelo e, de seguida, sentei-me na cama a olhar para o nada. As vozes que há bocado invadiam o meu quarto, calaram-se. Achei estranho calarem-se todos de uma vez, por isso, não resisti e abri a minha porta, o suficiente para meter a cabeça para fora do quarto. 

Eles estavam a falar baixinho.  Não consegui perceber muito do que diziam, mas percebi que o Austin estava a falar com Ian e, de vez em quando, umas vozes que eu não reconhecera, falavam. Fechei a porta, achando absurdo estar a espiá-los, e sentei-me no lugar que estava à pouco. 

O que é que será que o Austin vai dizer quando ver o meu cabelo roxo? Essa pergunta veio-me à cabeça de repente. De certeza que vai rir na minha cara. Vai ver ganhou este 'jogo'  e vai ficar ainda mais convencido do que já é. É isso, eu desisti, eu perdi. Lágrimas se começaram a acumular nos meus olhos e fechei os olhos para mandá-las de volta. O melhor é mesmo evitá-lo.

Levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro, apenas para conseguir ultrapassar a vontade de ir lá e ouvir a conversa deles. Passado uns minutos, não resisti e saí do quarto, fechando a porta, devagar, atrás de mim. Uma espiadela não faz mal a ninguém, não é? Andei devagar até ao fim do corredor e comecei a ouvir a conversa deles. Percebi, naquele momento, que eles estavam a falar de mim. Mas o Louis não me tinha dito que a cena de eu viver aqui era segredo?

"Eu acho que lhe devias pedir desculpas." ouvi alguém, cujo não conheço, dizer.

"Estás parvo? Não vou pedir desculpas nenhumas a ninguém. Foi bem feito ter-lhe acontecido isso." Eu fechei os olhos ao ouvir. Ele estava a falar em relação de eu ter sido despedida...

"Austin, eu acho que estás a exagerar." ouvi uma outra pessoa falar.

"Mas o que é que ela te fez para ser bem feito ter acontecido isto?!" perguntou Ian com a voz elevada.

"Ter nascido! Eu nunca tinha de a conhecer!" De repente, parei de respirar. Um nó formou-se na minha garganta. Encostei as costas na parede e a primeira lágrima escorregou pela minha bochecha. Ele odeia-me assim tanto?

"Eh, calma aí! Estás a falar com cabeça quente, Austin." ouvi um dos amigos dizer.

"Retira o que disseste." Disse Ian rude. Austin deu uma risada, como sempre fazia. Eu sabia que isto ia dar mau resultado.

"Por favor, não és ninguém para me dizeres o que fazer." provocou. Sem me aperceber, as minhas lágrimas caíam sem parar e tive de pôr a mão à frente da boca para não ouvirem os meus suspiros. "O quê? Vais dar-me um soco?" perguntou.

"Acho que já chega." ouvi o Harry dizer.

"Sabes, agora percebo a Cath. Tu és mesmo um bastardo." falou o Ian e ouvi os seus passos a subir a escadas. Corri o mais rápido e silenciosamente que conseguia até ao meu quarto e fechei a porta, trancando-a. Assim que a tranquei, escorreguei até ao chão e deixei as lágrimas caírem todas. E o pior é que o meu coração doía. Eu não queria admitir, eu tentei tantas vezes evitar isto, mas agora não consigo... Eu sinto algo pelo Austin...

Ainda conseguia ouvir as vozes do andar de baixo a gritarem e a porta do quarto do meu irmão a ser aberta e depois fechada, com força. Passado pouco tempo, alguém tinha feito a mesma coisa, mas com a porta da entrada. Eu sabia de quem se tratava.

Fiquei assim, no chão, a chorar até que os meus olhos começaram a arder. Já tinham batido à minha porta, umas três vezes, sendo que eram os rapazes, que pelo o que me pareceu, eram três, entre eles, o Harry. Mas ao fim de algum tempo desistiram e disseram que talvez eu estivesse a dormir e foram-se embora. Quando começou a doer-me as costas, levantei-me e deitei-me na cama, abraçando o peluche. 

Não sei quanto tempo se passou, mas já tinha anoitecido. Os meus olhos estavam a doer-me tanto que pensei que iria ficar cega. Que é se isso for possível... O meu estômago já estava a roncar, pois não tinha comido mais nada desde o meio-dia. Mas estava sem apetite. Deixei uma última lágrima cair e finalmente adormeci. 

                                                                                      ***

Acordei ao ouvir alguém a bater à minha porta. Reparei que já era de manhã. E estava a chover lá fora.

"Mas porque é que estão todos fechados nos quartos?" ouvi Michelle perguntar do outro lado da porta.

Ao lembrar-me do que aconteceu ontem, fiquei frustada. Eu só queria ficar aqui para todo o sempre.

"Acorda, Catherine!" ouvi o meu pai gritar à minha porta e a seguir fez o mesmo para o quarto do Ian e do... vocês sabem. Depois gritou para nós sair-mos dentro de cinco minutos, se não, ia arrombar as nossas portas. Como não queria que isso acontecesse, dei um sinal de vida.

"Eu já saiu, vou-me vestir!" menti. Tentei ao máximo aguentar a minha voz firme.

"Despacha-te!" gritou e depois, pelo o que pareceu, conseguiu convencer os outros dois a descerem.

Dirigi-me à casa-de-banho, tipo zombie. Não me apetecia fazer nada. Direcionei o meu olhar para o espelho e vi a minha imagem. Os meus olhos estavam vermelhos e inchados. À volta deles também tinha um vermelhão e tinha umas grandes olheiras . O meu nariz ainda estava rosado. O meu cabelo estava todo despenteado e a meu macacão estava amarrotado. Eu estava horrível... Eu não podia descer, eles iam perceber que eu chorei, quer dizer, até um cego consegue ver isso.

"Então, filha?! Estamos à tua espera!" ouvi a minha mãe chamar.

"Eu preciso de tomar um duche!" gritei. Eu precisava mesmo.

"Rápido, precisamos de resolver as coisas de que falámos ontem!" Oh, não. Vou ter de ficar frente a frente com o meu inimigo... 

Tomei um duche e, mesmo que quisesse que durasse muito tempo, tive de sair, passado cinco minutos. Vesti apenas umas leggings pretas, uma camisa e, como estava o tempo estava mau hoje (e queria esconder ao máximo a minha cara), vesti um casaco cinzento, fechei-o e coloquei o capuz na cabeça. 

Respirei fundo e destranquei a porta. Já conseguia ouvir as vozes dos nossos pais a falarem sobre tudo o que se estava a passar, assim que saí do meu quarto. Caminhei devagar pelo corredor e assim que cheguei ao fim, escondi a minha cara atrás do cabelo e do capuz o máximo que conseguia. É agora, pensei assim que desci o primeiro degrau.

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