CAPÍTULO X

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- Então, é isso. - eu disse. Eu estava no aeroporto. Já estavam pedindo que os passageiros embarcassem e eu estava com as pessoas que eu mais amo nesse mundo chorando por eu estar indo embora... Bem, pelo menos duas das pessoas que eu mais amo no mundo. - Eu amo vocês.

- Nós também te amamos. - Virgínia disse. Ela e Sandra me abraçaram.

- Amamos muito! - Sandra disse. - Não vai se dislumbrar com Nova York e nos deixar abandonadas aqui.

- Nunca. - eu sorri. - E vocês duas tentem não se matar enquanto eu estiver fora. - novamente, chamaram os passageiros para embarcar. - Eu já vou. Mantenham os celulares ligados, ok?

Então eu fui para o avião. Sentiria muita falta dessas duas. São a minha única família, elas o tio José e a tia Vanessa, os pais da Virgínia. Os meus pais morreram em um acidente de trânsito quando eu tinha dezesseis anos e, desde então, eles haviam cuidado de mim.

E havia o Sam.

Pare, Aurora. Não há mais Sam. Ele não lembra de você.

Eu queria poder esquecê-lo. Queria poder seguir a minha vida sem passar um segundo dela pensando nele. Por mais que eu me esforçasse, meus pensamentos sempre voltavam para ele. Peguei o meu celular. Mensagens e mais mensagens de amigos da universidade. Não estava com vontade de lê-las, mas calculei que seria uma das poucas coisas que eu teria a fazer durante o vôo além de dormir. Antes que eu clicasse na primeira mensagem, a comissária de bordo disse para desligarmos os aparelhos celulares e colocássemos o cinto de segurança, que já íamos decolar. Então passei uma hora pensando e lembrando de muitas coisas realmente deprimentes para quem está tentando esquecer alguém. A minha caixa de lembranças estava na mala. Eu não poderia deixá-la no meu apartamento. Uma das garotas poderia encontrar e, pensando em fazer o melhor para mim, daria um fim nela.

O uso de celular foi permitido novamente. Ainda bem. Meus pensamentos estavam me deixando louca. Mandei uma mensagem para Virgínia.

Vocês ainda não tentaram matar uma a outra, certo?

Enviei. Em um instante recebi uma mensagem dela.

O que você pensa que somos? Selvagens?

Eu tive que rir.

Você quer mesmo que eu responda?

Ela respondeu.

NÃO. NÃO PRECISA RESPONDER. EU JÁ SEI A RESPOSTA.

Oh-oh. Ela usou todas as letras em maiúscula. Não está nada satisfeita.

Você está com raiva, por acaso?

Talvez. Só um pouquinho. Não. Já estou com saudades. :(

Você me viu há duas horas.

Isso não impede que eu sinta saudades. Ainda mais quando a Sandra não tem um pingo de paciência comigo.

Risos. O que ela está fazendo de tão horrível assim?

Ela está mandando eu parar de importuná-la durante o vôo. Disse que você foi passar seis meses e não uma vida. CHATA DE GALOCHAS. Depois nos falamos. Ela está me olhando ameaçadoramente. SOS.

Resolvi ler as mensagens, que variavam de felicidades e parabêns, como se fosse o meu aniversário. Algumas citavam lugares em Nova York que eu tinha que visitar. Peguei um pedaço de papel e anotei. Com sorte eu iria. Uma mensagem era da sra. Regina.

Querida Aurora, hoje você começa essa etapa da sua vida de conhecer lugares novos. Eu sempre soube que esse era o seu ânseio. A vontade inesgotável de conhecer o mundo. Você é esse tipo de pessoa que tem sede de conhecimentos gerais. Não se limita a saber somente ao que está ligado à sua carreira. Eu sei disso porque você é como o Sam. Não foi à toa que vocês se apaixonaram... Desculpe. Eu sei que não deveria mencioná-lo. E sei o quanto você está sofrendo com a situação em que vocês se encontram, mas eu ainda acredito que vocês vão voltar a ficar juntos. Ainda acredito em tudo o que vocês viveram. Espero que você aproveite ao máximo essa chance, querida. Você merece.
Regina Arantes, sua ex futura sogra.

Depois disso, eu caí no sono.

☆☆☆

Apenas quando o avião pousou que eu percebi que havia dormido durante todo o vôo. Acho que a mensagem da sra. Regina me lembrou o quanto a minha mente estava cansada. Desembarquei do avião, peguei as minhas malas e peguei um táxi direto para a universidade. A minha nova casa durante seis meses. Entrei no quarto que agora seria meu e me joguei na cama. Então percebi que não estava sozinha.

- Bom dia. - disse uma garota loira com um inglês impecável. Ela estava sentada em outra cama. - Seja bem-vinda. Como você se chama? De onde você é?

- Oi. - eu disse em inglês. - Eu sou a Aurora e sou do Brasil.

- Uma brasileira! Graças a Deus. - ela disse, agora em português. - Pensei que eu ficaria falando só inglês durante seis meses. Do jeito que eu sou eu esquceria como falar português. Ah, nem me apresentei. O meu nome é Pan.

- De Pandora? - eu perguntei.

- Não. Apenas Pan. - ela revirou os olhos como se escultasse essa pergunta toda vez que dizia o seu nome. - Meus pais são fãs de Dragon Ball, então eles me deram o nome de uma das personagens.

- Pais e os nomes que escolhem para os filhos. - eu disse.

- Os seus pais nomearam você em homenagem àquela princesa da Disney, certo? - ela perguntou.

- Na verdade, não. Eles me nomearam por causa da deusa grega. Eles eram historiadores que gostavam particularmente de mitologia. - eu expliquei.

- Bem, eu acho que seremos ótimas amigas. Ainda mais com os outros alunos tirando sarro dos nossos nomes. - ela riu.

- Com certeza. - eu sorri. Peguei o meu celular para dizer para a Virgínia que havia chegado e que já tinha uma nova amiga. Ela, obviamente, disse para a Sandra, que mandou uma mensagem dizendo que se ela soubesse que eu fiquei muito amiga da Pan, era melhor eu ficar por aqui mesmo se eu não quisesse uma dolorosa morte. Eu sorri. - Eu já estou morrendo de saudade de casa.

- Eu também. - Pan murmurou.

Passamos o resto do dia falando sobre nossas vidas. Então eu percebi que a distância me faria um enorme bem. Afinal, não é o que dizem? Que a distância e o tempo resolvem as coisas?

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Aurora foi embora pros USA! Gente, não me matem por favor! O próximo capítulo será narrado por Sam e, talvez seja um pouco enfadonho, pois vai ter uma repetição da história. Mas não me abandonem, sim? Obrigada pelas leituras! Beijinhos no ❤

A Garota Que Você EsqueceuOnde histórias criam vida. Descubra agora