CAPÍTULO XIV

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Voltei para o meu apartamento um pouco mais feliz. Afinal, Aurora, a minha Aurora, não estava me desprezando. Acontece que também não demonstrava nenhuma intenção de voltar comigo. Não que ela não queira. Eu sei que ela me quer de volta tanto quanto eu a quero. Sei que ela ainda me ama. Acontece que ela ainda estava magoada. Essa manhã serviu para provar isso.

O dia seguinte era o meu primeiro dia na universidade. Eu estava empolgado e ansioso, mas me obriguei a funcionar. Eu chegaria cedo para resolver algumas coisas como horários de aulas e pegar as matérias atrasadas, pois eu estava uma semana atrasado nas aulas. Tomei um banho, tomei café da manhã e voei para a universidade.

Quando eu cheguei lá, vi que Aurora e Virgínia estavam conversando. Virgínia me viu e, acho, disse para Aurora, que virou bem quando eu estava prestes a cutucar o seu ombro.

- Bom dia, garotas! - eu cumprimentei. - Como vocês estão?

- Bom dia! - Aurora disse com um sorriso tão encantador que eu quase esqueci em que lugar estava.

- Bom dia e até mais tarde! - Virgínia disse, se despedindo da prima.

- Espera, onde você vai? Ainda falta uma hora para a sua aula começar. - Aurora perguntou.

- Eu lembrei que tenho que falar com o pessoal do meu grupo para organizar como vamos fazer o trabalho. - Virgínia respondeu. Passei a gostar um pouco mais dela. Era óbvio que estava querendo nos deixar a sós. - Até mais tarde!

Então ela foi embora e nós ficamos em silêncio, com cara de tacho.

- A sua aula não começa agora? - perguntei, para quebrar o gelo.

- Não. Só mais tarde. - ela respondeu e começamos a caminhar.

- Então você tem tempo livre agora. - eu disse, pensando que poderíamos conversar um pouco e, sei lá, nos entender. Estava iludido.

- Na verdade, não. - ela respondeu, massacrando o meu resquício de esperança. - Tenho que resolver algumas coisas.

- E suponho que você não vai me dizer o que são exatamente essas coisas, certo? - eu perguntei, já sabendo a resposta.

- Depois que eu resolver eu conto, está bem? - ela sorriu.

- Está bem. - eu não tinha escolha mesmo.

- Ei, não faz assim. Eu não disse nada para ninguém, nem para a Sandra ou para a Virgínia. - ela tentou me animar. Deu certo.

- Ok. Vou parar com o drama. - eu sorri.

- Ainda bem. Eu já vou. - ela disse e, antes que eu desejasse, ela beijou minha bochecha. - Tchau.

Então ela me deixou lá, sorrindo como um babaca, por causa de um beijo que nem mesmo foi nos lábios, assim como um pirralho de doze anos.

Eu fui para a aula. No começo fiquei um pouco perdido, mas depois comecei a me sentir mais confortável ao perceber que não era o único que não estava entendendo nada.

Depois da aula, fui para casa. Eu me joguei no sofá e, subitamente, lembrei que precisava pagar as minhas contas. Eu precisava de um emprego. Eu tive que me demitir do emprego que tinha antes de ir para os Estados Unidos. Peguei o notebook e digitei um currículo. Imprimi algumas cópias, deixei sobre a mesa e fui almoçar. Esta tarde eu distribuiria os meus currículos.

Cheguei em casa moído. Eu só queria tomar um banho e ficar jogado no sofá assistindo filmes. Mas a vida tinha outros planos. Aurora mandou mensagem me convidando para jantar com ela e Virgínia. É claro que eu iria. Tomei o meu banho, peguei o meu carro e fui até o apartamento da Aurora. Quando cheguei, bati na porta e fiquei esperando alguns segundos, com o coração acelerado.

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