CAPÍTULO XVIII

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Dois meses se passaram desde que eu saí da terapia intensiva. Eu voltei para casa e voltei para a universidade. Para que eu não fosse prejudicado, pude fazer as cadeiras do período que havia perdido com as do período atual. A vida não estava ruim. Eu estava conseguindo conciliar os dois períodos e me formaria no tempo que havia previsto. Apenas uma coisa estava me incomodando: não ter notícias de Aurora. Eu ainda não lembrava dela e me sentia extremamente culpado por isso. Eu ficava me perguntando o que ela estaria fazendo agora. Talvez assistindo algum filme com a Virgínia ou trabalhando em algum projeto da universidade com a Sandra.

A verdade é que eu estava tentando adivinhar. Eu não sabia nada sobre ela ultimamente. Ela não postava mais nada nas redes sociais e, quando eu perguntava para a Virgínia ou para Sandra, elas tentavam mudar de assunto.

- Por que você não quer me falar? - eu perguntei para Virgínia certa vez. - Eu posso ter perdido a memória, mas eu me importo com ela.

- Olha só, tudo o que você precisa saber é que ela está bem. - Virgínia respondeu. - Ela está ocupando a cabeça. Ela está sobrevivendo.

Ela disse somente isso, o que não me convenceu muito. Eu tentei com a Sandra. Ela me disse a mesma coisa. Eu estava frustrado e confuso. Por que ninguém queria me dizer nada sobre ela? Por que todas as pessoas que nos conheciam evitavam tocar no nome dela perto de mim, como se fosse algo realmente perigoso ou indecente?

Respirei fundo.

Não era justo. Não era justo que eu não lembrasse dela. Não era justo que ela sofresse por mim.

Eu fui para casa. Minha mãe chegou logo depois que eu.

- Ei, filho. Como você está? - ela perguntou.

- Bem. - respondi.

- E a universidade? - ela perguntou. - Você vai se formar mesmo no fim do ano?

- Pode ficar tranquila, dona Regina. - eu disse, brincando. - Eu vou me formar no tempo certo.

- Nem acredito que o meu bebê vai se formar daqui a três meses!

- Acredite, dona Regina. - eu sorri. - O seu filho é muito esforçado.

- Sim, ele é. - ela disse, com um orgulho visivelmente estampado no rosto.

- Obrigado, mamãe. - agradeci. Então ela me abraçou. Me ocorreu que a minha mãe poderia saber de algo.

- Então... mãe, o que você sabe sobre a Aurora? - perguntei sem rodeios.

- Eu não sei nada. - ela respondeu.

- Mãe... - eu adverti. - Sem mentiras, ok?

Ela respirou fundo e disse:

- Tudo bem. - ela respondeu, por fim. - Como já dissemos antes, vocês já foram namorados e eu gostava muito dela. Vocês eram um casal lindo, estavam juntos sempre. Faziam muitas outras coisas que namorados fazem e tudo isso. Vocês terminaram por um motivo bobo e só.

- Hum, tudo bem. - murmurei. - Obrigado.

- Mas por que você quer saber? - minha mãe perguntou.

- Curiosidade, apenas. - respondi.

- Tudo bem, filho. - ela disse. - Agora, descanse!

- Tudo bem, mãe. - eu disse. Fui para o meu quarto. Eu não conseguiria dormir. A minha mente estava à mil, tentando encontrar uma maneira de saber notícias sobre a Aurora e talvez até falar com ela.

O que eu estou pensando? Eu só vou fazer com que ela sofra mais ainda.

Mas acontece que eu também estava sofrendo com essa história. Eu não poderia me enganar mais. Não era apenas culpa que estava me levando à insistir nisso tudo. Também não era pena. Era um sentimento que eu suspeito estar carregando há um tempo. Eu estava, além de obssecado com essa história, apaixonado pela Aurora. Loucura, eu sei. Eu me apaixonei pela mesma garota novamente. Mas eu não sentia que era esse amor que todos que me conheciam diziam que eu sentia por ela. Era apenas uma paixão.

Respirei fundo.

A minha vida estava virada de cabeça para baixo. Deitei na cama e dormi.

☆☆☆

Eu estava tendo um pesadelo. Se tratava das poucas lembranças que eu tinha em relação ao acidente: eu perdendo o controle do carro; um poste bem à frente; os segundos anteriores à colisão passando muito lentamente.

Acordei. Estava suado e um pouco em choque. Fiquei um pouco sentado na cama enquanto tentava lembrar como respirar. Então levantei e fui até a cozinha tomar um copo de água. Fiquei um tempo sentado no sofá, então fui até a varanda. Sentia que era um lugar especial, mas não sabia o motivo. Eu simplesmente me sentia bem ali. A cidade ainda estava acordada. Ainda estava viva. De repente isso virou um insulto direcionado à mim. Eu me sentia tão adormecido e desligado que eu não me sentia parte do ambiente. Era como se alguém tivesse encontrado o botão de pausar a minha vida e o apertado.

Olhei para o céu. Ele estava especialmente estrelado hoje e a lua estava cheia. Eu vi uma estrela cadente e pensei em fazer um pedido, mas hesitei.

É besteira. Uma estrela cadente não vai resolver os seus problemas.

Respirei fundo, leventei e voltei para o meu quarto.

☆☆☆

Eu acordei com a sensação de que um elefante adulto havia dançado sapateado em cima de mim. Estava com uma dor de cabeça terrível e eu me sentia lerdo. Fui para a universidade para ver se me distrairia. Pelo menos estaria pensando em outras coisas, como me concentrar nas aulas. Quando finalmente acabou, uma das garotas da minha sala me convidou para tomar um café.

- Então, Sam, como está a sua história com a Aurora? - ela perguntou.

- Bem, eu não lembro dela ainda. - respondi, derrotado. - E eu não soube mais nada dela desde o hospital.

- Ah, que pena. - Monique disse.

- Hum, você não sabe nada, certo? - eu perguntei. - Quero dizer, sobre em qual lugar encontrá-la?

- Não. - Monique respondeu desconfortavelmente. - Eu só a via de vez em quando pelo campus da universidade. Não era como se nós fossemos íntimas.

- Ah, certo. - eu disse, um pouco envergonhado.

- Então, mesmo sem lembrar, você ainda gosta dela, certo? - ela perguntou.

- Não sei. Eu apenas sinto algo diferente em relação a ela. - respondi. - Mas, como eu vou ter algum tipo de perspectiva sobre qualquer pessoa que eu não lembro que faz parte da minha vida e que agora está inacessível?

- Verdade. - Monique concordou. Ela ficou um pouco pensativa.

- O que foi? - eu perguntei.

- Nada. - ela respondeu. - Eu só estava me perguntando se você sairia comigo.

Isso realmente me pegou de surpresa. Eu ainda estava com a cabeça na Aurora, mas é difícil ignorar uma proposta dessas. A Monique é realmente bonita, com seus cabelos ruivos e ondulados e os seus olhos verdes amendoados. Será que seria errado eu dizer que eu sairia com ela, mesmo pensando tanto em outra garota? Será que isso é justo com ela?

- Olha só, eu realmente não sei. Eu tenho pensado muito em Aurora ultimamente. - decidi ser sincero. - Você pode me dar alguns dias?

- Claro. - ela respondeu. - Eu sou paciente.

- Obrigado. - agradeci. - Agora, eu tenho que ir. Tchau.

Quando cheguei em casa, fiquei pensando em Aurora, depois na proposta de Monique. Sentia o peso da decisão. Eu tinha esse apego inexplicável por Aurora, agora uma desconhecida para mim. Enquanto eu lembrava de Monique. Lembrava de todas as situações pelas quais passamos juntos na universidade. E a Aurora estava tão inalcançável agora.

Eu já sabia o que iria acontecer. Eu não teria a Aurora novamente. Eu saíria com Monique e esqueceria Aurora novamente.

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Olá, pessoas de meu agrado! Tudo bem com vocês?
Okay, eu sei que demorei para postar e eu espero que me perdoem. Por favorzinho!

Ah, digam-me se gostaram do capítulo ou não. E quem sabe, estrelinhas? *-*

Beijos de luz! :*

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