Capítulo 28

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Enquanto Polly desce a colina até o lago segurando seu vestido de seda branca, ela tem um

terrível pressentimento. As palavras de Scarlet ainda permanecem com ela, e Polly está surpresa que

uma criança tão jovem pudesse falar com tanta autoridade. Ela tem um sentimento aterrorizante e

sinistro que ela tem dificuldade em ignorar; ela olha por cima do ombro para o castelo, se

perguntando por um instante se ela deveria voltar atrás.

Mas ela percebe que está sendo ridícula. Legiões dos guerreiros de Aiden, e dos guerreiros do

rei, montam guarda em todas as direções. Ela olha para o lago e não vê nada, exceto o céu azul e as

águas calmas. Eles estão em um lugar remoto, fortificado, a centenas de quilômetros de qualquer

possível perigo. E Sam estaria de volta em apenas algumas horas. Tudo parece absolutamente

normal, e não há nenhum sinal de perigo em qualquer lugar à vista. Além disso, seu vestido precisa

ser lavado, e ela não pretendia demorar muito tempo.

Polly continua descendo a colina, ligeiramente inclinada, em direção ao lago. Assim que retoma a

caminhada, o céu escurece com nuvens pesadas, e um vento frio começa a soprar, roçando seu rosto.

Ela respira fundo e, finalmente, se esforça para deixar de lado as palavras de Scarlet, que

provavelmente estava apenas transtornada por estar separada de seus pais. Naturalmente, crianças

imaginam as coisas, e Scarlet não seria uma exceção. Polly conclui que a coisa toda é ridícula, e se

concentra em lavar seu vestido e retornar, para se preparar para a chegada de Sam.

Polly anima com a ideia assim que chega ao lago. Ajoelhando-se, ela começa a esfregar seu

vestido na água gelada. Novamente, outro vento frio assopra, desta vez mais forte antes, ondulando a

água do lago e forçando Polly a fazer uma pausa e olhar para o céu.

Polly fica surpreso. Aparentemente do nada, surge uma pequena canoa na água, flutuando na

direção dela rapidamente. Polly olha para a embarcação intrigada. De onde ela vinha? Como ela

tinha chegado tão perto e tão rápido?

Ela fica ainda mais surpresa ao ver uma cabeça levantar da canoa. É a cabeça de um homem

ferido, com o rosto coberto de sangue, e ele olha diretamente para Polly, estendendo a mão para

pedir ajuda.

Polly fica com o coração acelerado. É um rosto que ela reconheceria em qualquer lugar do

mundo.

O homem na canoa era Sam.

Polly corre para a água, sem sentir a dor que sobe pelas suas pernas ao entrar na água gelada até

a altura das coxas. Ela se aproxima e puxa a canoa para perto dela.

Ela não estava enganada: é mesmo Sam, deitado de costas, coberto de sangue. Como aquilo era

possível?

"Ajude-me, Polly," ele pede, com voz fraca.

É a coisa mais estranha que ela já tinha experimentado. Aquele é definitivamente Sam, até o

último detalhe. É o seu cabelo, suas roupas e corpo e voz. É definitivamente ele.

Mas, ao mesmo tempo, há algo que Polly sente, em algum lugar dentro dela, que insiste em lhe

dizer que aquele não é Sam. Ela não consegue entender.

"O que aconteceu?" Polly grita para ele, preocupada com seus ferimentos.

"Por favor, me ajude," ele pede, estendendo a mão.

Ela segura na mão dele. Ela está gelada, e deixa uma marca de sangue em seu pulso. Ela o puxa

para perto dela, e sente vontade de chorar. Mas ela se esforça para ser forte na frente dele. Ela não

pode imaginar o que poderia ter acontecido com ele.

"O que aconteceu com você?" Ela pergunta. "Como posso ajudar? O que posso fazer?"

"Posso entrar na ilha?" Ele pergunta, com voz fraca.

"Que tipo de pergunta é essa?" Ela pergunta confusa. "Claro que você pode," ela responde, ao se

aproximar mais para pegá-lo em seus braços.

Mas ele resiste, olhando ferozmente para ela.

"Então você está me convidando?" Ele pressiona. "Você me convida para desembarcar na ilha?"

Polly olha para ele, estreitando os olhos, sem entender o que ele está falando. Ele estaria

delirando? E se ele tivesse levado alguma pancada na cabeça? Ele estaria com dificuldades para

pensar com clareza?

"O que quer dizer com isso?" ela pergunta. "Por que você precisa de um convite?"

"Responda-me", ele pede, agarrando-lhe o pulso. "Por favor," acrescenta Sam, de maneira um

pouco mais suave. "Eu preciso de sua ajuda. Você vai me convidar?"

"É claro que eu convido. Você está convidado. Pronto. Satisfeito? Agora pare de falar como um

louco, e deixe-me ajudá-lo," ela fala, descendo e pegando Sam no colo. Ela se vira e o leva até a

margem.

Desta vez, ele não resiste. Polly não consegue deixar de pensar que há algo estranho em sua

insistência em ser convidado. Ela consegue sequer compreender o que ele queria dizer com aquilo.

Ele devia estar delirando.

Ela tenta não pensar sobre isso, ao carregá-lo até a margem do lago. Ela do deita na areia e se

ajoelha ao lado dele, pronta para cuidar de seus ferimentos.

Mais do que tudo, ela está louca para lhe dar a notícia. Sobre o seu filho. Mas ela sabe que

aquele não era a melhor hora. Então, ao invés disso, ela verifica o corpo dele, tentando encontrar a

origem de tanto sangue.

Mas estranhamente, ela não consegue encontrar nada. Enquanto ela o examina, ele parece estar

perfeitamente bem.

De repente, ele se senta e coloca a mão na calça. Polly inicialmente se pergunta o que ele estaria

procurando, mas em seguida ela vê algo brilhante contra a luz do sol. Uma arma.

Uma faca.

Antes que Polly possa abrir a boca para perguntar o que ele estava fazendo, de repente Sam ergue

a faca, perfurando o coração dela.

Polly vê que se trata de uma faca de prata, logo antes de ser atacada. Ela sente a faca mergulhar

em seu peito, diretamente em seu coração.

Polly fica chocada demais para gritar. Em vez disso, ela prende a respiração, com falta de ar,

olhando para Sam com mais surpresa e horror do que jamais imaginou ser possível.

Ela sente a vida deixando o seu corpo, e o do seu filho ainda por nascer. Ela olha nos olhos de

Sam e vê que ele olha para ela sem remorso - e seu último pensamento, antes de seu mundo

desaparecer, foi da intensidade de seu amor por ele.

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