Blake não consegue compreender a cena que se desenrola diante de seus olhos. Uma coisa era
ver um exército de vampiros que se aproxima - o que já tinha sido um choque e tanto. Mas outra bem
diferente é ver homens de McCleod - os guerreiros humanos que haviam aprendido a amar e confiar -
traí-los e atacá-los. Não há qualquer dúvida quanto a isso: Blake vê pelas carrancas em seus rostos,
pela forma como eles estão avançando, que aquilo é uma emboscada.
Blake está no telhado do castelo, com os homens de Aiden e outros vampiros que ele conhece e
admira - Taylor e Tyler e Cain e Barbara, e dezenas de outros, além de dezenas de outros vampiros
que haviam comparecido ao casamento, sabendo que aquela era uma causa perdida. Eles estão em
bem menor número, e seus inimigos têm a vantagem da surpresa, velocidade e armamento superior.
Blake olha em volta, e deseja que Polly ou Sam estivessem ali em algum lugar, deseja que Caitlin e
Caleb estivessem de volta. Mas nenhum deles está ali. Eles tinham sido deixados por conta própria,
para se defenderem sozinhos. Alguns deles que ainda estavam no telhado do castelo contra os
milhares de guerreiros partindo para cima deles por terra e pelo ar. Blake não costuma ser
pessimista, mas ele reconhece uma situação desesperadora, quando vê uma.
Ainda assim, ele se prepara para fazer a sua defesa. Ele certamente morreria lutando.
Mas, primeiro, ele tem outras prioridades. Ele olha para baixo e vê Scarlet ali de pé, ao lado
dele, e sabe que sua primeira ordem de negócio seria protegê-la, tirá-la dali. Ele tem que levá-la
longe do derramamento de sangue que se seguiria. Certamente, se ficasse ali, ela seria mais uma
vítima. Ele também gostaria de levá-la até Caitlin, fazendo com que ela lhe entregue a mensagem de
que eles estavam precisando de ajuda. Isso poderia salvar todos eles. Mas, independentemente disso,
acima de tudo, ele acha que tem a responsabilidade de salvar a única filha de dela.
Blake entra em ação. Ele estende a mão, pegando Scarlet em um braço e Ruth no outro, e levanta
vôo. Ele voa para longe do exército que se aproxima, sobre as cabeças dos guerreiros humanos, em
meio à névoa espessa, em direção ao topo das árvores, onde ele sabe que poderia perder alguns
perseguidores. Ele voa com tudo o que tem, querendo encaminhar Scarlet em segurança e, em
seguida, voltar para ajudar os outros.
"Onde você está me levando?" Scarlet grita, relutando, enquanto voam.
"Para um lugar seguro," Blake grita de volta.
"Mas eu não quero ir!" Scarlet argumenta. "Eu quero voltar para o castelo! E ajudar vocês a
defendê-lo!"
Blake fica surpreso com a coragem daquela criança. De certa forma, ela faz ele se lembrar de
Caitlin. Mas, ainda assim, ele não pode desistir. Apesar de seu espírito guerreiro, ela certamente
morreria na batalha que se seguiria.
Blake logo chega ao seu destino: uma praia do outro lado de Skye, logo abaixo dos penhascos.
Ele mergulha de um penhasco ele reconhece, diretamente até um barco que havia escondido ali, em
uma caverna. Ele aterrissa bem diante dele, e não perde tempo em colocar Scarlet e Ruth dentro do
barco.
É um barco a remo comprido e com uma pequena vela, que se parece com um navio Viking em
miniatura. Blake já o tinha usado muitas vezes, levando-o para alto mar em longas viagens. Ele gosta
de velejar sozinho, tarde da noite, quando o oceano estava completamente vazio, deixando que as
ondas batam no barco enquanto ele observava a lua. Ele gostava de ficar o mais longe de outros
quanto era possível, e de deixar seus pensamentos soltos.
Agora, ele poderia usar o barco para ajudar Scarlet e Ruth. Ele gostaria de enviá-las na direção
de Caitlin.
Ele se inclina, segurando os ombros de Scarlet, e olha nos olhos dela com firmeza, reunindo toda
a intensidade que consegue para tentar convencer a garota de temperamento forte.
"Você é uma menina corajosa," começa Blake. "Você é destemida. Eu sei disso. E não há
nenhuma outra menina no mundo a quem eu pediria para fazer isso. Mas eu sei que você é especial.
Eu sei que você pode lidar com isso. Estou certo?"
Blake já tinha percebido o seu orgulho e sua coragem, e decide apelar para isso.
Ele fica feliz ao ver que funciona. Ela levanta a cabeça com orgulho, e acena com a cabeça
solenemente.
"Muito bem," continua ele. "Estou lhe enviando em uma viagem, até sua mãe e seu pai. Você tem
um poder especial, uma ligação especial com eles. O mar levará você até eles. Se você se
concentrar. Use o seu poder. Feche os olhos enquanto você navega, e deixe o universo orientá-la para
onde você precisa ir. Você é uma criança poderosa. Você pode fazer isso acontecer. Você consegue
fazer isso por mim?"
Scarlet acena de volta, mas parece incerta.
"Mas e se ele me levar para o lugar errado?" ela pergunta. "E se eu não chegar perto de minha
mãe?"
"Você vai chegar. Não há como você ir para outro lugar. A ligação vampira é muito forte.
Concentre-se apenas nela. E não desista."
Blake está prestes a virar para partir quando, de repente, ele se lembra de algo. Ele enfia a mão
no bolso e extrai algo que ele tinha planejado entregar a Caitlin há séculos. Ele pega na mão de
Scarlet, abrindo-a, e coloca algo na palma de sua mão.
Scarlet olha para baixo, com os olhos abertos de espanto.
É um pequeno pedaço de vidro do mar. Um pedaço do vidro do mar que ele havia dado a Caitlin
séculos atrás, em Pollepel.
"Por favor, entregue isso a ela," ele pede, "e diga a ela que sempre vou amá-la."
E com isso, Blake de repente se inclina, segura o casco do barco e o empurra na direção do
oceano. Dentro de instantes, a pequena vela pega uma corrente de vento, que leva o barco para longe
da costa.
Blake vê Scarlet no barco, olhando para trás, e um olhar de medo momentaneamente atravessa os
olhos dela.
Blake ergue um punho no ar, segurando-o acima de sua cabeça. É um gesto de confiança, para
dizer a ela que ela é capaz de fazer aquilo.
Após um momento de hesitação, Scarlet ergue o punho no ar, retribuindo o gesto.
Blake lhe dá as costas, dando três passos, e salta no ar.
Agora ele tem uma guerra para travar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Prometida
VampireCaitlin e Caleb se encontram na Escócia medieval, no ano de 1350, um período de cavaleiros e armaduras, castelos e guerreiros, da busca pelo Cálice Sagrado que, acredita-se, detém o segredo da imortalidade vampira. Chegando à antiga Ilha de Skye, um...