Escritos, manuscritos e rabiscos

Paraiso de ilusão

Quando eu era um menino, sem muito conhecimento, ou algo do tipo (ainda não tenho muito conhecimento mais não é isso que importa), sem muita consciência da realidade, sem a ciência do discernimento (ainda hoje, não sei se essa minha ciência é muito calibrada), eu era um louco (e quem não era?).
Eu ainda sou louco, não estou dizendo o contrário. Mas eu esperava inutilmente pelo mundo, esperando ele mudar. Permaneci esperando, inocente e estupidamente, calmo, louco, imbecil, como se fosse um condenado ignorando as traições de sua esposa. Eu vi que o mundo não me queria, que ele corria de mim, desaparecendo, me ignorando, tornando-me invisível a seus olhos. Ele não se importava comigo, para ele, eu era apenas uma alma perdida, causando caos no seu sistema. Eu cresci, e me tornei num homem, e deixei meus pensamentos de criança para trás. Eu sou um louco, isso permanece em mim, no entanto, tudo o resto se foi. Ele fugiu de mim na sua realidade, então eu fugirei dele na minha realidade. Eu apenas fecho os meus olhos, e eu sonho com um paraíso, o mundo pelo qual eu esperei durante tanto tempo, estava lá com seus braços abertos para me receber. Eu me agarrei com força nele, porque ele fugiu de mim tantas vezes, minha vida se tornou muito dura, muito difícil para mim. Era demasiado sofrimento, abandono, discriminação, desilusão, traição, morte, roubos, enganos, imoralidades, que eu vi e experimentei, e vivenciei. Eu perdi minha confiança no mundo. E dai eu me lembro, que é tudo um sonho. E eu sorri e o abracei, o toquei, o beijei e muitos outros "ei's". Dai em diante, toda a manhã eu acordava feliz, e ainda hoje acordo. Esperando a noite ansiosamente, para que eu possa uma vez mais ir ao meu paraíso, distante deste mundo real, demasiado real para o meu gosto. Eu sou um louco neste mundo. Mas prefiro ser um louco sonhador, do que ser uma máquina sã.