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C A P Í T U L O Q U A T R O

// Í R I S //

Não Entendera na alhada em que me metera. Não antes de estar uma tarde inteira trancada no quarto com o navegador da internet aberto na página inicial do Facebook de Chelsea Wayne a investigar a sua vida pessoal; desde gostos e interesses até às fotos que postava com as suas roupas microscópicas e provocativas, atraindo bastantes likes.

Isto era uma enorme loucura e tinha a plena noção de que acabaria por dar para o torto e que a verdade seria descoberta, todavia, era a única forma de ligação mais próxima que alguma vez já estabelecera com Luke e temia que nunca fosse passar disso.

Para ele, eu era apenas mais uma rapariga no meio de todo o aglomerado de estudantes que lotavam os corredores nas horas mais preenchidas, contudo, ele para mim era o único, o tal.

A maneira que reparara nele não foi como uma cena perfeita de um filme cliché em que a rapariga frágil e tímida esbarra num rapaz e deixa os seus livros cair no chão e este ajuda-lhe a apanhá-los, desculpando-se pela sua falta de atenção e depois o momento acontece, a troca de olhares e o amor nasce.

A minha história com ele não envolveu drama ou trocas de olhares intensos. Apenas uma bolinha de papel acertou-me na cabeça numa das aulas de história e no fundo da sala estava ele a rir-se com o seu colega que me haviam atirado, acidentalmente, o papel.

Tudo me atraíra nele. Desde as pequenas rugas que se formavam no canto dos seus olhos, com uma cor perfeita, quando se ria até à simples palavra «Desculpa» ao abandonar, delicada e suavemente, os seus lábios rosados decorados por um cativante lipring negro.

Coloquei os cotovelos sobre o tampo da secretária e pousei exausta a cabeça sobre as mãos, massageando bruscamente as têmporas com os polegares.

- Para de pensar nele. - ordenei a mim própria e voltei a concentrar-me na tela do computador.

Uma vontade súbita de me rir apareceu e não pude evitar soltar uma risada com a quantidade de parvoíces que ela escrevia e isso só me fazia pensar como é que era possível Luke gostar de alguém tão egocêntrico como ela.

Não tínhamos nada em comum, absolutamente o oposto uma da outra, e isso só me dificultava a parte em que fingia que era ela. Simplesmente não iria resultar.

Ela gostava de rosa e cá eu tinha uma paixão secreta por cores escuras; o cheiro a fritos faziam-lhe vômitos e essa era a minha refeição de todos os dias; era alérgica a amendoins e a frutos secos e apenas a mim me incomodava o pó; detestava video games, eu era apenas viciada neles; o seu passatempo era compras, já eu preferia ficar a ler um livro; não suporta o fumo do tabaco e eu escondia cigarros dentro do meu calçado.

Uma batia leve na porta soou e fechei, rapidamente, a página da rapariga ruiva, girando a cadeira na direção da entrada do meu quarto para encontrar Calum encostado à ombreira da porta com um sorriso maroto na cara.

- Precisas de algo? - inquiri com algum receio de que ele tivesse visto alguma coisa.

- Hum... apenas te queria perguntar se querias... - falou desinteressado, encolhendo os ombros.

- Se queria?

- Jogar comigo ao GTA 6. - gritou eufórico e saltei imediatamente da cadeira, saltando para os seus braços enquanto soltava gritinhos de alegria.

- Já te disse que és o melhor irmão de todo o universo? - perguntei exageradamente, apertando as suas bochechas rechonchudas.

- Pois claro... - disse, revirando os olhos. - Apenas dizes isso, porque comprei o jogo após me teres chateado durante o mês interior.

Ri-me, intencionalmente, da sua cara de entediado e agarrei na sua mão, arrastando-o para o seu quarto para que utilizássemos o seu portátil, já que o seu era muito melhor que o meu , o que não era uma coisa muito impossível, visto que o meu era uma socata podre de duas séculos passados.

Fake Messages » hemmings.Onde histórias criam vida. Descubra agora