Calum
Acordei com a luz do sol na cara, e sentei-me, vendo o Luke, no outro sofá, ainda a dormir. Não se ouvia nada, por isso deduzi que todos ainda estavam a dormir. Olhei para o meu telemóvel, que estava a dar sinal de bateria fraca, e vi as horas. Pouco faltavam para as dez da manhã.
"Luke!" Bocejei, esfregando a cara, e dando o jeito ao meu cabelo. "Luke, acorda!" Precisava de voltar ao meu carro, e ver se tinha sobrado alguma coisa dele, pois era certo que aqueles idiotas lhe tinham feito alguma coisa, para impedir que o voltássemos a usar. "Vá lá, Lucas, preciso que venhas comigo!" Ele logo murmurou algo incompreensível, abrindo os olhos e bocejando. "O quê?"
"Onde?"
"Preciso de ir ver o carro, ver se há algo que se possa aproveitar." Expliquei. Ele voltou a fechar os olhos durante uns segundos, mas logo os abriu, levantando-se e espreguiçando-se.
Saímos do apartamento, sendo o mais rápido e silenciosos que podíamos ser, e num instante chegámos ao rés-do-chão. Eu e o Luke tínhamos mais experiência que os outros nestas situações. O meu pai era o chefe do exército de Dovesia, era ele quem treinava e tratava de todas as coisas que tinham a ver com o exército. Já o pai do Luke era o diretor da Agência de Serviços Especiais. Sim, porque Dovesia era um planeta evoluído, não muito diferente da Terra, e também havia esse tipo de agências. Mas, continuando... Devido aos nossos pais estarem envolvidos naquelas áreas, quando não estávamos no palácio a brincar com os outros, estávamos a fazer exercícios e treinos, que mesmo não sendo tão pesados, pois eramos crianças, e os nossos pais tinham noção disso, desenvolveram-nos o suficientes para tomar as decisões mais acertadas, para proteger e manter em segurança, e para lutar, se necessário.
Antes de sairmos do edifício, examinámos todos os cantos no exterior, que nos eram visíveis do sítio onde estávamos, mas não se via ou ouvia nada, por isso saímos, sempre atentos ao que se passava à nossa volta.
Fizemos o caminho que tínhamos feito a correr, no dia anterior, até chegarmos à esquina de uma casa. "Espera." O Luke pôs-me a mão no peito, fazendo-me parar. Eu olhei para ele, e ele apontou para rua que cruzava a rua onde estávamos escondidos. Eu espreitei, e vi um homem de preto, com uma arma, de costas para nós. Logo voltei a olhar para o Luke, encostando-me à parede da casa, onde o homem não nos conseguia ver.
"Ainda aqui andam..." Suspirei, falando o mais baixo que pude, mas alto o suficiente para o Luke ouvir. "Achas que estão a guardar o carro...?"
"Provavelmente estão à espera que voltemos lá, para nos apanhar..." Olhou para mim. "Calum, há algo naquele carro que valha a pena o risco?"
"Suplementos que arranjei em Portland, quando vos fomos procurar." Sussurrei. "Mas podemos arranjar mais."
Voltámos ao apartamento, esquecendo o carro, que tanto me custou a ganhar. Nas escadas do último andar já se ouviam vozes. Eles já tinham acordado. Ao chegarmos perto do corredor do apartamento, começou-nos a cheirar a queimado, e mais à frente, perto da porta, havia fumo. Eu e o Luke trocámos olhares e corremos até ao apartamento, abrindo a porta bruscamente.
"O que se passa?!" Entrámos, vendo o Ashton na sala, com as janelas todas abertas, libertando o fumo.
"O Michael quase que queimou a casa!" Explicou, cobrindo a boca e o nariz com a mão, para poder respirar, enquanto acabava de abrir a última janela.
"Já voltaram, onde fo-" Apareceu a Alexa.
"Temos de sair daqui, rápido!" Avisei, inquieto, enquanto o Michael e a Tyler saiam do quarto.
