Capítulo 19 - Two steps far from you

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Dê play e desfrute dessa música linda enquanto lê.
--X--

"How many nights does it take to count the stars?
That's the time it would take to fix my heart
(...)
And now I'm one step closer to being
Two steps far from you"

(Quantas noites levam pra contar as estrelas?
Esse é o tempo que demoraria para consertar meu coração
(...)
E agora eu estou um passo mais perto de estar a dois passos de você)

Infinity - One Direction

***

2009

Estrelas. Porque porra eu tenho essa obsessão por estrelas? Já faz mais de 20 minutos que meu despertador tocou e eu continuo rolando na cama e vendo essas merdas no teto acima de mim, tirando sarro da minha cara porque eu estou acordando e elas continuam com esse brilhinho fluorescente, o que significa que o dia nem amanheceu ainda.

Ou elas podem estar rindo de mim por ter 18 anos e nunca tê-las tirado dali, como um aviso brilhante de quão sem sentido é minha vida.

Acho que eu só não quero ter que levantar, me arrumar e olhar pra cara da minha mãe extremamente empolgada dizendo: "Vamos filho, hoje vamos para Londres te matricular em Oxford, bla bla bla, 10 melhores universidades do mundo, bla bla bla, eles te escolheram a dedo, bla bla bla" e todo aquele discurso que já sei de cor e salteado, e repleto de coisas que na verdade eu estou pouco me fodendo.

Na carta que me mandaram disseram algo sobre estarem certos de que eu era um dos "prodígios da arte moderna" e que seria um orgulho me ter por lá. Eles mandaram até a porra de um cara engravatado vir entregar a carta pessoalmente.

E essa palavra... "Prodígio".

Eu realmente a odeio. Porque diabos eu seria um prodígio se eu me sinto um saco de papel vazio? A única coisa que eu faço é transformar todo esse sentimento lixo, esse vazio indescritível em palavras, usando alguns traços de tinta em algo que costumava ser uma tela em branco. E então as pessoas ficam encantadas, admirando tudo como se fosse a coisa mais linda que existe.

Idiotas. Eles gostam de ver minha dor estampada em tela.

Quem sabe eu corte os pulsos e faça algo com meu sangue pra ver se eles achariam uma "maravilha da arte moderna" mesmo.

Eles provavelmente achariam.

Bufando um pouco mais que o necessário, eu levantei em meio a lençóis, mau humor e talvez - só talvez- um pouco de drama. Pouquinho.

Ok, eu tenho que admitir que é legal. Eu reclamo, mas arte é mesmo minha vida, e estudar em um lugar assim, com outros alunos que provavelmente visitam galerias pra admirar as minhas pinturas provavelmente será... Interessante?

A quem eu estou enganando? Provavelmente será uma merda, já que duvido que eles tenham mesmo algo a me ensinar. E eu nem estou sendo prepotente.

Depois de uma luta com a escova de dentes, com meu cabelo e com as roupas, peguei a mala que minha mãe havia preparado - sim, porque eu nem sequer quis mexer um músculo em prol disso - e fui encontrar minha família sorridente/comercial de margarina/melhor dia da vida para o café da manhã. Com Niall. Que achava - ele tinha certeza - que era parte da família.

Talvez em algum lugar de sua descendência Irlandesa esteja toda essa auto-confiança, e esse brilho desgraçado que o fazia parecer o ser humano mais feliz que já havia pisado na face da Terra, saído diretamente de algum conto de fadas. Ele provavelmente seria um desses bichinhos falantes que conversam com as princesas, todo animado e fofo. E eu não seria a princesa, só pra constar.

Linked Across Time | L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora