Capítulo 26 - Synchronicity

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Aquele esquema de dar play na mídia quando eu avisar, okay? Boa leitura!

--X--


"'Cause all of me
Loves all of you
Love your curves and all your edges
All your perfect imperfections
Give your all to me
I'll give my all to you
You're my end and my beginning"

"Porque tudo de mim
Ama tudo de você
Ama as suas curvas e seus limites
Todas as suas imperfeições perfeitas
Me dê tudo de você
Eu darei tudo de mim para você
Você é o meu fim e o meu começo"

All of me - John Legend


*

Confesso que quando eu aceitei "fazer uma loucura", eu não pensei nem por um segundo que os muros do Victória Park seriam tão altos, e nem que depois de pulá-los eu sentiria uma carga de adrenalina tão grande a ponto de achar que engasgaria com meu próprio coração, mas talvez todas aquelas cervejas tenham me servido de alguma coisa, afinal.

Agora eu e Harry ríamos baixo e andávamos de mãos dadas, enquanto ele me guiava pra onde dizia ser seu lugar preferido no parque inteiro.

– Eu não pensava que você, o pianista de casamentos, seria um jovenzinho tão rebelde, Harold – disse o parando na caminhada e plantando um beijo em seus lábios.

– E eu não pensava que você, o cara escandaloso com um labrador chamado Mr. Fluffy, teria a alma de um velho resmungão – respondeu, me puxando para outro beijo.

– Pois sinto te informar que essa é minha característica mais marcante – me afastei e entrelacei nossas mãos para que voltássemos a andar.

–E eu sinto por quebrar sua ilusão, porque sua característica mais marcante é, sem dúvidas, essa bunda enorme – o filho da mãe falou enquanto inclinava o rosto para minhas costas, olhando minha bunda descaradamente antes de cair na gargalhada, e eu não pude fazer nada que não fosse corar e rir de volta, balançando minha cabeça em descrença.

– Sai! Para de olhar minha bunda e de usar minhas frases contra mim! Cruzes, que desagradável...

Ele continuou rindo, e eu estava completamente perdido em admirar seu rosto e controlar todas as borboletas que desde que conheci Harry começaram a usar minha barriga de casa, quando ele de repente parou e disse:

– É aqui. Esse é meu lugar.

Relutantemente desviei meu olhar dele, levando alguns segundos pra me situar no ambiente. Nós estávamos embaixo de uma árvore, exatamente de frente para o lago, e...

–Puta merda – foi a única coisa que eu consegui dizer.

Eu estava em choque, porque como caralhos o lugar dele era o meu lugar? Essa era a mesma árvore que Meg tinha me feito sentar sob a sombra alguns anos atrás, o mesmo que eu havia pintado, e na minha mente "puta merda" era provavelmente a única frase coerente que eu conseguiria pronunciar agora.

– O que? Você não gostou?

Eu estava com a mão sobre a boca, tentando controlar toda a minha expressão de incredulidade, mas meu corpo inteiro tremia e acho que talvez eu esteja muito perto – muito perto mesmo – de desmaiar novamente.

O meu lugar preferido, e único no mundo que me causava as mesmas sensações que Harry causava, acaba sendo, por acaso, o lugar preferido dele também. Aquele que me causa a sensação de "casa vazia", e que aparentemente também causa a mesma sensação nele. Não é como se fosse só o mesmo parque, ou só o mesmo lago. É, entre milhares de árvores de um lugar, até a mesma porra de árvore. E eu não posso fazer nada que não seja me perguntar "por quê?".

Linked Across Time | L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora