Capítulo 04

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A fumaça ainda subia, mas já conseguíamos sentir a diferença de temperatura. O som das hélices girando ao expulsar os gases tóxicos. E estava em uma maca, ganhado um belo de um tratamento intensivo de primeiros socorros. Estava bastante machucada, possivelmente com a perna torcida e o pulso quebrado, porque não conseguia move-los sem quase morrer de dor. Passada toda a adrenalina de entrar num prédio em chamas até pular do terceiro ou quarto andar dele, percebi que respirar se tornou uma tarefa incrivelmente complicada. Não conseguia puxar o ar sem conseguir uma crise de tosse que quase cortava minha garganta, então uma máscara de oxigênio me ajudava com isso. Lana, a médica dava mais uma olhada em mim quando Nickolas e Cal se aproximaram.

— Você é louca! — Nickolas me cumprimentou gritando.

Fui responder, mas outro acesso de tosse me interrompeu antes de começar. Então coloquei a máscara de volta no rosto e deixei que ele surtasse.

— Como você faz isso? Poderia ter morrido! E pular do sei lá qual andar junto com aqueles outros dois? Você colocou meus colegas em risco! Nunca mais faça, isso ouviu bem?!

— Ah, eu achei bem maneiro. — Cal comentou.

— Nick, ela foi salvar eles dois. — Lana comentou. —Considerando que eles conseguiram sair de lá vivos, acho que obteve sucesso.

Fiz um sinal positivo com a mão para Lana em agradecimento.

— Não defendam ela! — Nickolas vociferou. Eu não tinha levado a sério até então, mas agora percebia que ele estava realmente irritado. Aquele olhar assassino, com as sobrancelhas contraídas e olhos de cores diferentes, um branco, outro castanho comum, de repente me deixaram assustada. Ele já ia continuar o sermão quando Karl, o chefe da cidade, apareceu.

—É verdade o que estão dizendo? Essa garota salvou a todos nós?

—Karl? — Nick havia quebrado sua postura estressada e assumido uma bem mais calma. Lana abaixara a cabeça e até Cal desviou o olhar. O comportamento de mudança súbita deles me deixou tentada a não encarar Karl diretamente também, mas acabei encarando o prefeito diretamente.

—Susanna, você mal chegou e já está ajudando nosso povo. Fico feliz que esteja se ajustando aqui tão bem. — O homem observou. — Como estão os outros dois que estavam no prédio?

— Vão ficar bem, assim como ela. Apenas precisam de descansar um pouco. — Lana comentou.

— Karl! Nickolas! — Elisa gritava ao se aproximar de nós em uma bem compreendida crise de tosse. Ela estava estressada e vinha de sua maca, que não estava muito longe de onde estávamos. — Eu avisei vocês! Eu disse que precisava ir na usina elétrica meses atrás. Vocês não me escutam! Virão o que aconteceu? Culpa sua! — Ela empurrou o peito de Nickolas com o indicador. — E sua! — Fez a mesma coisa em Karl.

Alguns segundos de silencio se seguiram. Lana e Cal pareciam assustados com a declaração. Nickolas estava tenso e Karl encarava a mecânica com muita seriedade. Alguma coisa estava acontecendo ali que eu não entendia muito bem. Tudo que podia dizer era que Elisa havia feito alguma coisa que não devia. Karl olhou outra vez para mim, depois para Elisa e terminou em Nickolas.

— Vocês estão precisando de um membro novo na equipe, não é?

— Sim — Nickolas respondeu. —Mas...

— Então fique feliz. Parece que sua equipe está completa de novo. Susana é uma de vocês agora e sua próxima missão vai ser levar Elisa até a usina de energia.

—Mas senhor. A usina é fora das nossas rotas e as duas praticamente nunca estiveram lá fora. Seria muito perigoso...

— Então trate de fazer um bom trabalho e proteger a chefe de maquinas bem. Tenho certeza que também pode ensinar Susanna para te ajudar. Essa conversa terminou por aqui.

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