Capítulo 11

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Senti dificuldade de respirar por um momento quando ouvi aquilo. O que? Como? Aquelas palavras ecoaram na minha cabeça. "Eu sou a noiva dele". Então eu era a outra, sua amante. Aquele...Não acredito que ele fez isso comigo. Pensei que ele havia mudado, mas não. Continuava sendo aquele garoto irresponsável e pegador. Encarei aquela garota que sentia a mesma coisa que eu. Eu não sentia raiva dela, apenas pena. Ela parecia ser tão legal, porque Jeremy fez aquilo com ela? E comigo?
Saí correndo daquela casa o mais rápido que pude. Meu corpo instantaneamente sabia para onde ir. Eu apenas corria como se meu corpo estivesse me comandando. As lágrimas desceram e eu decidi chorar um pouco, eu precisava. Fiquei confusa para onde estava indo, mas com o tempo vi que aquele lugar não me era estranho. Era o castelo. Parei quando fui proibida de entrar pelo portão principal. Como eles sabiam que eu não trabalhava mais ali não me permitiram entrar. Eu comecei a gritar e eles ficaram nervosos pedindo para que eu me acalmasse.
- Por favor, me deixe entrar, é urgente! - falei em meio aos soluços.
- Senhorita, desculpe, mas...
- Deixe a moça entrar. - era uma voz familiar e que eu sentia muita falta.
- Tudo bem. - o guarda cedeu me dando espaço para eu passar.
Não pensei em nada. Só corri em direção do príncipe lhe envolvendo em um abraço forte. Pude perceber que ele se assustou com minha atitude, mas aliviou a tensão e retribuiu o abraço. Senti seu cheiro bastante forte e percebi a loucura que estava fazendo.
- Desculpe. - falei me soltando dos seus braços e enxugando as lágrimas.
- Não tem nada com o que se desculpar, senhorita Holt. - ele falou engolindo um seco e ajeitando sua roupa que eu acabei amassando. - Entre por favor. Vou pedir para lhe trazerem um copo de água e quero que me conte o que está acontecendo.
Assenti e entrei naquele lugar que prometi nunca mais sequer olhar.
Fomos para a sala e nos sentamos em um sofá enorme e bastante confortável. Assim que tomei a água ele me pediu que lhe contasse tudo.
- Não sei nem porque estou aqui. - falei lhe encarando.
- Por favor, me diga... - ele colocou sua mão em cima da minha de forma carinhosa.
- É que... - comecei ainda com minha mão ali perto da sua. Eu queria ficar ali. - meu namorado...Aquele que você conheceu outro dia...- falei gesticulando - ele...Está me traindo. - falei e abaixei os olhos de forma constrangedora.
- Sinto muito. - ele falou tirando uma mecha de cabelo dos meus olhos. Não percebi que meu cabelo ainda estava num coque. Eu acho que fiquei vermelha porque ele deu um sorriso que só ele sabia fazer. Um sorriso que me deixava arrepiada. Aquela boca com lindos dentes brancos...Ai, ai. Tentei não pensar nisso mais era impossível. Eu queria beijá-lo novamente. - A única coisa que posso dizer é que ele é um idiota de te trair.
- Na verdade...Eu era a outra nessa conversa toda. Ele tinha uma noiva francesa.
Ele arregalou os olhos confuso.
- Eu o conheço desde pequena - expliquei ainda com sua mão quente em cima da minha - e sempre fui apaixonada por ele mais nunca fui correspondida. Então ele foi embora e eu fiquei bastante triste, tanto que jurei nunca me apaixonar novamente. Mas depois de todos esses anos ele voltou e eu acabei despertando aquele amor que antes estava escondido. Ele nunca quis me apresentar aos seus pais, mas eu nunca ligava, achava que realmente ele tinha coisas importantes para fazer antes de me apresentar, mas não. Ele não queria me apresentar porque já era comprometido. - ele apertou minha mão e a acariciou. Me senti confortada com aquele gesto e tive vontade de beijá-lo, mas não quis deixar aquele momento mais constrangedor.
- Alice...Quer dizer senhorita Holt, saiba que sempre estarei aqui para o que precisar. Sou seu amigo também. - ele abriu um enorme sorriso branco que mostrava lindas covinhas. Eu era apaixonada por covinhas e também por bochechas, mas esta ele não tinha, então me contentei com as covinhas. Seus cabelos castanho claro estava bem arrumado e seus olhos cor-de-mel brilhavam mais que o normal. Como ele era lindo. Eu acho que já estava babando porque de repente ele estava me chamando de volta à Terra.
- Senhorita?
- Oi? - peguntei tentando juntar as palavras certas. - É que...desculpe, sou apaixonada por covinhas e não pude deixar de perceber que você... - não quis continuar porque estava muito constrangida, apenas apontei para seu rosto. Ele riu do meu constrangimento.
- Para. - dei uma batidinha no seu braço e acabei tirando minha mão da sua. - Saiba que eu nunca fui mulher de ficar constrangida. Na verdade eu nunca fiquei constrangida na vida. Sou do tipo de pessoa que diz tudo na cara sem vergonha, mas...Acho que eu mudei. - dei de ombros. Ele apenas me encarava.
- Alice... - antes dele terminar fui atraída à ele e sua boca tocou a minha de forma carinhosa. Sua boca era quente e macia do mesmo jeito que eu me lembrava. Nos beijamos durante um bom tempo até eu parar para buscar um pouco de ar. Não queria parar, não podia. Ele se aproximou de mim e envolveu sua mão na minha cintura. Corri minhas mãos pelo seu cabelo. Eu não conseguia ficar longe dele. Sabia que precisava daquele beijo. Era um tipo de carinho, amizade...paixão que eu nunca havia sentido antes. Nem mesmo com Jeremy. Ao me soltar de seus braços tentei pensar no que eu acabara de fazer.
- Desculpe Alice...senhorita Holt. Eu não quis me aproveitar da sua fraqueza. Não mesmo. Eu prometo que não farei isso novamente. - Não! Eu queria que ele fizesse novamente, queria muito - Me perdoe, mas...eu...preciso...- ele apontou para algum lugar e entendi o que ele queria dizer. Levantei instantaneamente e parei na sua frente.
- Não precisa se desculpar. Obrigada. - falei segurando suas mãos. - Você é muito especial. - comecei a andar pelo corredor principal e encontrei a porta da entrada que estava aberta como sempre. Olhei para trás e pude perceber que ele continuava ali me encarando com suas mãos no bolso da calça. Sorri e acenei com a cabeça. Depois fiz uma reverência e saí. Dei graças à Deus por não ter encontrado o rei ou a rainha.
- Querida! - me virei e vi a duquesa Katherine Lace acenando com o braço na minha direção. Parei onde estava. Ela como sempre deslumbrante em seus lindos vestidos longos fez com que eu me sentisse horrível.
- Katherine. É um prazer revê-la. - falei fazendo uma reverência.
- Senhorita. Sinto muito pelo que houve. Eu soube que se demitiu. Gostaria muito de ser sua amiga. - ela falou de um jeito carinhoso. Ela usava um vestido azul claro e seu cabelo estava preso num rabo de cavalo deixando leves cachos caírem em seu rosto. Em sua mão carregava um leque com o qual se abanava por causa do calor.
- Obrigada por sua preocupação, mas foi melhor assim. - sorri pedindo que ela não percebesse meu nervosismo. Eu acabara de beijar o príncipe. Nem o que Jeremy fez podia diminuir a alegria e paz que eu sentia naquele momento.
- Tudo bem. Até mais, senhorita Alice. - ela falou acenando com a cabeça e entrando no castelo.
- Até mais. - sussurrei mais para mim que para ela.
Na volta decidi pegar o metrô já que eu não aguentava mais andar. Pensei a viagem toda o que iria fazer quando voltasse para casa. Procuraria Jeremy? Deixaria do jeito que está? Ou decidisse nunca mais ver seu rosto na vida? Não sabia. Decidi deixar o tempo resolver. Dez minutos depois eu já estava em casa. Uma parte de mim queria falar com Jeremy e falar tudo o que estava preso na minha garganta. Mas outra parte queria nunca mais vê-lo. Quando abri a porta de casa me deparei com Jeremy sentado no sofá me esperando. Ao me ver, ele se levantou e ficou me encarando.
- O que faz aqui? - perguntei num tom sarcástico.
- Alice, eu queria ter te contado a um tempo...- ele falou se aproximando de mim.
- O que? Que eu era a outra? - perguntei dando um passo para trás.
- Sente-se por favor. Eu quero conversar...- ele me encarou percebendo que eu não me sentaria - civilizadamente.
Cedi e me sentei o mais longe possível dele. Eu sabia que o que ele me dissesse não mudaria a raiva que eu sentia dele.
- Bem, vamos começar. - ele suspirou - Na noite que eu te conheci foi o mesmo dia que eu havia chegado de viagem. Eu estava na França fazia uns...dois anos. Como você sabe eu estudava em um colégio interno. Há um ano, mais ou menos, eu decidi escolher arquitetura, mas meus pais queriam que eu fizesse engenharia. Eu neguei a proposta deles de escolher o que eu teria que fazer então eles pararam de pagar minhas despesas fora. Eu fiquei bastante chateado com o novo rumo que minha vida havia levado. Eu não trabalhava e nem tinha começado a faculdade. Então, fui obrigado a voltar para aqui e morar com meus pais até eu ter um bom dinheiro que possa me sustentar na França e que eu consiga fazer a minha faculdade de arquitetura. - ele parou por um momento e me observou - Mas eu sei que não é nisso que você está interessada. Quando eu estudava na França eu conheci a Stella. Ela estudava artes plásticas e sempre passava seu tempo de folga estudando na biblioteca da minha escola. Eu também passava um tempo na biblioteca e foi lá que nos conhecemos. Nos apaixonamos e depois de um ano namorando eu a pedi em noivado. Mas quando eu estava de viagem marcada tivemos uma briga e eu decidi terminar com ela. Porém, não tive oportunidade de falar com ela depois da briga e eu acabei vindo para aqui sem terminar com ela. Meus pais a conheceram mas férias quando eles foram me visitar. Eu juro, Alice que ia terminar com ela e tive mais certeza quando te conheci. - ele se aproximou de mim e segurou meu rosto com as duas mãos - Eu juro que ia terminar com ela, mas não tive oportunidade. Eu te amo,Alice. Eu nunca havia sentido isso por ninguém e também sabia que se te contasse eu iria te perder. E agora sei que não te contando eu te perdi do mesmo jeito. Eu entendo se nunca mais quiser me ver. Stella e eu terminamos oficialmente como eu gostaria que tivesse acontecido a um bom tempo e agora eu estou aqui tentando recomeçar com você pedindo perdão. - ele segurou a minha mão - Alice, você me perdoa?
Eu o encarei e percebi que ainda usava o colar que ele havia me dado no dia em que começamos a namorar.
- A única coisa que te peço é que leve esse colar idiota daqui. - puxei o colar do meu pescoço e coloquei na sua mão. Eu estava com tanta raiva dele que nem tive coragem de tocá-lo - E também peço que suma da minha vida. Pra sempre. Não me procure mais, por favor. - eu me levantei e fui até a porta. - Pode ir agora. - falei abrindo a porta.
Ele se levantou e parou na minha frente.
- Só espero que um dia você me perdoe. - e foi embora.
No momento em que ele saiu eu não consegui fazer outra coisa a não ser chorar.

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