ℂ𝕒𝕡𝕚́𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟝

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𝙼𝚊𝚑𝚒𝚗𝚊 𝚂𝚞𝚕𝚕𝚒𝚟𝚊𝚗 𝙵𝚎𝚛𝚛𝚊𝚛𝚒

"Não entre na floresta garota! Jamais entre nessa maldita floresta!" Eu podia escutar a voz instável da senhora Margot dizer em minha cabeça, alta e clara. Queria poder ver a cara dela se eu contasse onde morava e que inevitavelmente eu estava mais perto da floresta do que todas as pessoas daquela cidade.

Eu havia saído da padaria e chegado na escola a menos de trinta minutos, e felizmente não encontrei aquela dupla estranha na rua. Assim que eles saíram repentinamente pela porta, o jovem atendente nem sequer olhou em minha direção novamente. Aquilo havia me incomodado bastante.

– Aconteceu alguma coisa? Mah?

Parece que havia tido bem mais que apenas um corpo encontrado na floresta, este já era o terceiro dentro de 3 meses. De acordo com outra senhora, que eu descobri se chamar Teresa, todos eles eram de jovens que estavam desaparecidos a alguns meses. E o caso mais recente, do jovem universitário Kade, visto pela última vez há apenas algumas semanas atrás. 

– Mahina!

Eu conseguia entender a tristeza que eles sentiam. A cidade é pequena e inevitavelmente todos se conhecem, sabem onde moram e quem são suas famílias. Eu poderia imaginar como esses acontecimentos devem ter chocado tanto todo mundo. Mas esses ataques de lobos, seguidos, em tão pouco tempo eram muito estranhos. Mais estranho ainda por que todos os atacados eram jovens da mesma faixa etária e que estavam relacionados a uma tal festa na floresta. Mas se todos os lobos foram mortos nos ultimos 2 anos então de onde estes novos surgiram?

Isso me parecia mais como um dos casos dos livros que Savana lia e não apenas acidentes com animais selvagens. Me parecia que pôr a culpa nos lobos era a conveniência perfeita para tudo. Mas o pensamento de ter um assassino a solta na cidade soava mais assustadora do que tudo.

Talvez a população preferisse acreditar que eram animais que estavam fazendo esses ataques do que a possível resposta do monstro ser, na realidade, um deles.

– Ei! Mahina! - o tapa forte na mesa me assustou e encarei Savana surpresa derramando sem querer meu copo de café em minha roupa.

– O que foi?! - grito em resposta passando a mão sobre o tecido sujo da blusa – vou ficar fedendo a café durante toda a eternidade...e vai ficar manchado agora. 

– A culpa é sua! Estou te chamando já faz um tempo - respondeu Savana mal humorada – A Susy já terminou de resolver tudo, parece que vamos voltar às aulas quando as férias escolares acabaram. Ou seja, na próxima semana.

– Que bom. Pelo menos não entraremos no meio das aulas. 

- Considerando tudo, sim. É bem melhor. Mas ainda não é nem um pouco confortável entrar no meio do ano – disse ela, deixando com que uma carranca se espalhasse pelo rosto – Vamos, parece que Susan quer dar uma ida ao mercado para comprar algumas coisas. Não podemos viver de macarrão instantâneo. 

– Eu viveria super bem com macarrão instantâneo.

– Considerando que você só sabe fazer isso de comida eu imagino que sim. Mas não aguento mais. Carne, quero carne. Saudades de uma boa proteína. Quase sinto o cheiro de um bife bem passado com cebolas em rodelas – diz ela com uma expressão sonhadora no rosto enquanto guardava suas coisas espalhadas sobre a mesa.

– Já terminou a resenha? – pergunto jogando o copo de café e as embalagens no lixo ao nosso lado antes de me levantar.

– Sim, felizmente. Não vejo a hora de instalarem a internet no casarão. Carne e Internet, o básico para a sobrevivência. – ela levanta o polegar em um joinha e sorri.

A Sombra da Lua - O Segredo Da Marca LunarOnde histórias criam vida. Descubra agora