"- Ei, Melanie aqui é o Bobby. Ouvi dizer que você está na área e estou me perguntando por que você não veio falar comigo... hã certo, estou sabendo do caso que você anda investigando, um Edward do mal está atacando mocinhas aqui em Dakota... sinceramente, não acho bom sair por aí caçando sozinha... fiquei sabendo o que aconteceu com Robbie, então... sinto muito. Passa aqui no ferro velho para se quiser podemos trabalhar nisso juntos... Você pode acabar caindo em um ninho, então é melhor se cuidar. Tenho uns amigos aqui em casa e caso você queira companhia para encher a cara, bom, estamos por aqui.
Me liga assim que ouvir, estou te esperando.
Tchau."AGORA.
Encaro pela milésima vez o porta retrato da família feliz em cima de um móvel e fico tentando me lembrar como eu vim parar em Dakota do Sul depois de uma longa e estressante caçada a um demônio da encruzilhada em que estava comprindo seus contratos em uma cidade de Washington.
Ok, me recordo de abrir o jornal e ler sobre desaparecimentos e corpos sem uma gota de sangue, meu alerta de sanguessugas agindo foi acionado.
Estou exausta, meu corpo ainda sente os reflexos de uma surra demoníaca, sangue na garganta, pulmões massacrados e ser jogada de um lado para o outro como um fantoche imprestável me deixaram lesões pelo corpo e uma dor de cabeça absurda.
Eu devia parar, ter um tempo para repor as energias e dormir para cacete que é uma coisa que eu não faço a três dias, mas algo me impede ter impor meus limites ultimamente, eu só preciso trabalhar para as coisas se manter no lugar certo por que eu tenho a frequente sensação de quando eu parar alguma coisa vai acontecer, e essa coisa não vai ser nada boa.
Assim que vejo os vultos me ponho em pé rapidamente, alisando o casaco para parecer respeitável suficiente para uma "agente do fbi" assumindo uma postura séria.
Estou na casa da última jovem desaparecida, o lugar é acolhedor e familiar o que me traz lembranças indesejáveis.
As silhuetas criam faces e me deparo com uma senhora acompanhada de uma menina que devia ter no máximo dez anos.
- Sou a agente Milles. FBI - mostro-lhe o distintivo falso.
Ela me estende a mão em um cumprimento cordial e eu a aperto.
- A senhora é Margareth Jones?
Ela assente silenciosa e estende o braço me convidando a sentar no sofá, acato aquele gesto e nos sentamos ambas nos encarando com a garota à tira colo.
- Sei que é um momento difícil, mas preciso de respostas sinceras.. - começo a encarando fixamente para não deixar escapar nada. Seus olhos abatidos são tão depressivos que me desagrada olhar no fundo deles.
- Mais perguntas? - sua voz exausta é tocante, dava para ver o sofrimento que ela carregava.
Mas eu já estava acostumada e em alguns casos eu já tinha perdido a sensibilidade de sentir pena das famílias das vítimas, a cada semana vários olhares chorosos, dores diferentes, casos diferentes e pessoas diferentes, na vida de um caçador no final acaba se tornando parte da paisagem.
Isso não é motivo de orgulho, mas um bom caçador acaba se acostumando com isso.
- Precisamos encontrar sua filha. - digo firme. - acredito que a senhora sendo mãe não hesitaria em nos ajudar na investigação...
A senhora franze o cenho engolindo em seco, ela suspira assentindo.
- Certo, - começo cruzando as pernas puxando o meu bloco falso de anotações. - A senhora sabe me informar, se a Maggie tinha algum namorado? ou se conversava com alguém..?
Vampiros.
Essa era a maior aposta, sei que eles são muito metódico em suas ações, eles atacam aleatoriamente apenas para se alimentarem ou aumentar seus ninhos, mas ultimamente com essa febre de vampiros bonitinho e amáveis as garotas estão se tornando os alvos preferidos desses monstros, eles não lidavam mais com a relutância delas quando se assumiam vampiros agora elas deixavam ser transmutadas com a ideologia do amor eterno.
- Não que eu saiba. - sussurra engolindo em seco me encarando brevemente. - Maggie era responsável, trabalhava e estudava e ultimamente não tinha tempo para nada já que ela estava se preparando pra a semana de provas.
Assinto analisando a situação, era quase óbvio que aquela senhora não sabia de muita coisa, eu já havia lido os depoimentos de testemunhas e amigos próximos e nada era revelador já que ninguém percebeu nada de estranho com a jovem, talvez esse caso não esteja relacionado com os outros sendo apenas mais um sequestro.
Porém, algo me prendia ali e toda vez que olhava para os olhos grandes daquela garotinha era como se eu devesse ficar por perto para descobrir o que havia acontecido com a sua irmã, mesmo esse caso não tendo nada de sobrenatural.
- Ok, sra Jones. - Digo ficando em pé pronta para abandonar esse caso e dormir uma semana inteira. - suponho que esteja cansada de tanta pergunta, então, por hoje chega. Já temos informações para as buscas. Qualquer novidade entramos em contato.
Ela se levanta e nos despedimos com um aperto de mão e me guia até a porta.
Quando passo pela soleira sinto necessidade de insistir no assunto.
- A senhora tem certeza que não havia nada de estranho com Maggie? - solto esganiçada. - Ou nada de estranho acontecendo na casa, vultos, sussurros... alguma sensação estranha?
Seu rosto de franze de forma descrente, Margareth me fita incrédula como se eu tivesse falado alguma loucura.
- A agente está sugerindo que minha filha fugiu ou algo do tipo!? - diz afetada levantando a voz a uma oitava. - Maggie é uma boa garota, nunca fugiria e abandonaria a gente desse jeito! a srta deveria investigar o caso antes de sair por aí suponho coisas.
Aquela reação não me surpreende, eu apenas ergo uma sobrancelha digerindo aquilo de forma natural, enquanto a mulher está vermelha segurando o choro com uma menina segurando a barra do seu vestido.
- Certo. - falo suavemente. - a senhora me desculpa por está fazendo meu papel de policial e por querer ajuda - lá.
Minhas palavras a atinge em cheio, ela desloca seu peso de um pé para outro e seu rosto se contorce confuso.
- Como já disse qualquer novidade entro em contato.
E saio deixando as duas para trás sem me importar com os olhares lançados sobre mim.
Solto o ar pela boca pronta para esquecer que estive ali. Puxo a chave do jeep do bolso interno do terninho e a pressiono contra meus dedos com força, depois de alguns passos chego em meu carro de cor escura e me apoio nele encostando a cabeça no teto fechando os olhos contando até dez.
Senti o peso do cansaço, e como os meus músculos doíam quando estavam frios e como a ânsia de vomito crescia em minha garganta. Eu precisa descansar para aquietar as dores e parar por um tempo; meu cérebro estava agitado por dias a fio sem uma pausa sequer, coordenando meus movimentos e dúvidas constantes.
Abro os olhos lentamente e sinto que estou sendo observada, meu coração acelera enquando minuciosamente passo a mão fingindo um gesto casual no cós da minha calça para puxar um punhal que eu carregava sempre comigo.
- Agente Milles? - a voz fina e infantil me faz recuar automaticamente da faca.
Me viro abaixando o olhar me deparo com a garota da casa que estava a pouco. A menina me fita apreensiva.
- Pois não? - a fito querendo afastar a confusão que cresceu em meu peito.
Seus olhos grandes e hesitantes me encaram, eram de um azul sáfira encantador o que me faz ficar presa neles por alguns segundos, suas mãos estão entrelaçadas em forma de nervosismo aparente.
- Sua a irmã da Maggie. - diz parecendo deslocada.
Tento parecer gentil e me abaixo para poder olhar melhor para ela, não sou chegada em crianças por isso essa situação é desconfortável para mim.
- Qual é seu nome? - me esforço para deixar minha voz mais macia possível.
Essa situação me leva a um passado distante.
- Samantha. - responde tímida. - ouvi sua conversa com minha mãe...
Me contenho para não tocar em seu rosto delicado em forma de afago, não sei o que está acontecendo comigo então certo as mãos em punho para não agir deliberadamente.
-Era conversa de adulto, Samantha. - forço um sorrisinho acolhedor. - não precisa se preocupar sua irmã jaja vai estar com você.
De repente ela segura meu braço com força me puxando para perto dela, me desequilíbro e bato is joelhos no chão, mas logo me ajeito xingando mentalmente aquela atitude insensata da pobre menina.
Respiro profundamente frustrada.
- Maggie está em perigo. - sussurra próxima ao meu ouvido. - ela precisa de ajuda.
Sua voz é firme o que me deixa chocada. A encaro procurando alguma incerteza infantil para justificar aquela atitude, mas Samantha tem convicção no que diz e parece um pouco mais velha diante daquela situação.
- Me diz o que você sabe.
Peço inclinando toda a minha atenção para ela.
A menina franze o cenho como se forçasse a memória e num murmuro suas palavras começam a ganhar sentido.
- Sei que vai parecer loucura, mas eu consigo ouvir minha irmã.
Loucura.
Eu lidava com isso todo dia.
- Ok, eu acredito em você me conta o que ela diz.
Ela suspira parecendo cansada.
- Ela pede ajuda, a voz dela é cansada, sabe, abatida. Ela chama pela minha mãe e do nada eu começo a ouvir gritos abafados...
A menina parece abalada ao lembrar, seu peito infla e seus olhos estão cheios de água. Eu a Abraço desengonçado querendo aliviar o sofrimento da garota. Sei que esse caso é meu, que Samantha e Maggie estão ligada por alguma coisa que faz Samantha ouvir a irmã sequestrada. Isso era até bom, pois eu sabia que a garota estava viva e precisando de minha ajuda.
- Samantha sei que está sendo difícil pra você, mas isso é coisa da sua cabeça que está impressionada demais...- digo acariciando suas costas e logo a afasto fitando seu rosto choroso.
Aquele gesto me lembra Sarah.
Ela hesita se afastando com os olhos cheios de lágrimas.
-Não. Eu sei o que eu ouvi... - sua voz míngua tentando convencer a si mesma.
- Eu te prometo que foi trazer sua irmã de volta, garota. - digo a fitando com um sorrisinho encorajador. - aí tudo vai terminar bem.
Samantha suspira profundamente, percebo que ela queria insistir no assunto, mas desiste cerrando os lábios com certa força.
Puxo um cartão e coloco na palma da sua mão.
- Se precisar de mim pode me ligar. - Completo. - agora vá pra casa porque está frio demais aqui fora.
Ela ajeita sua postura e antes de se virar a garota me lança um olhar intrigado. Sei que ela está confusa e que não acredita que serei capaz de trazer a irmã de volta, já estive no lugar dela e sei exatamente como se sente em relação a mim, mas eu não posso envolver uma criança nosso não posso dizer que as vozes são reais e que ela não está ficando louca, Samantha merece uma vida tranquila e não essa coisa maluca em que eu me enfiei depois da morte dos meus pais.
Ela merece dormir em paz.
Observo ela caminhando indo até sua casa que ainda estava um pouco distante, a luz do poste falha e continuo olhando, ela caminha lenta com os braços cruzados sobre o peito, algo passa por meus olhos e sou arrastada aos trancos para perto da menina, corro veloz enquanto vejo algo se aproximando dela, puxo a faca escutando o grito fino de Samantha sendo surpreendida e já próxima consigo ver a fisionomia de um homem na penumbra ele agarra a garota à erguendo em seus braços, pegando mais velocidade me lanço sobre ele com a faca de prata deslizando de raspão pelo seu pescoço, imediatamente ele solta Samantha que cai no chão aos berros assustada, ele se vira em minha direção e e eu o vejo e não consegui consigo saber o que ele é, aparentemente é só um homem coberto de tatuagens estranhas.
Me jogo contra ele acertando um soco em seu maxilar, ele hesita parecendo zonzo por alguns segundos mas logo ele vem para perto com fúria, desvio de seus golpes até que ele me acerta em cheio o nariz, fico deslocada perdendo o senso de direção logo recebo outro golpe que me leva ao chão, caio atordoada sentindo a fita de sangue escorrendo pela minha boca, entre borrões vejo a garota encolhida no chão e percebo os pés do homem indo em direção dela.
Ergo o tranco vendo ele se aproximando dela.
- Não! - falo entre dentes.
Ele para e se vira olhando para mim, de repente um sorriso molda seus lábios e a passos lentos ele vem até mim.
Olho em seus olhos enquanto ele segura meu queixo com força e de repente sou sugada por uma luz azul forte que me cega no mesmo instante que ela me toca.
E a única coisa que se passa pela minha cabeça era a menina amedrontada que estava a mercê daquele monstro.
Apago.
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Supernatural - Swan Song
FanfictionMisteriosos desaparecimentos estão atraindo os mais diversos olhares para Dakota do Sul. Corpos subnutridos e sem nenhuma gota de sangue levam a crer que vampiros estão agindo.. Guiada pela coragem e destemor, Melanie Collins agora com seus 25 anos...