neverland

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O vidro se estilhaça no chão.
Assustada com o quem vejo, me sinto mole e ao mesmo tempo apavorada, não esboço nenhuma reação pois perdi todo o controle sobre o meu corpo, sei que preciso reagir já que posso está lidando com algum metamorfo ou qualquer monstro que possa está usando sua aparência; mas não consigo me mexer, era como se algo prendesse minhas articulações.
Seus olhos azuis me fitam surpresos e há um toque de confusão em sua expressão, era exatamente como eu me lembrava, as sobrancelhas unidas, a boca levemente franzida e os olhos arregalados.
- Mel, o que foi? - a voz macia demonstrava preocupação, ela se aproxima de mim largando uma sacola em cima do sofá e vem ao meu encontro.
Meu coração dispara.
Perdi o total controle sobre mim,quero recuar do seu toque mas não consigo me mexer, suas mãos macias pousam em minha bochecha que parece queimar sob os seus dedos que acariciam de leve minha pele.
Não consigo reagir.
- Melanie! - insiste dando leve tapas no meu rosto.
Fito aqueles olhos azuis estupefata.
- Sarah... - murmuro com um nó na garganta.
Ela segura meu braço e me puxa com dificuldade, me sinto patética meu estado é deplorável, quero me defender desse monstro, mas como? Quero ficar encarando Sarah com todos os seus traços perfeitos, anos contemplando aquele rosto paralisado pelas fotos e agora eu estou aqui o vendo com vida novamente.
- Está se sentindo bem? - ela me senta no sofá parando na minha frente me fitando preocupada.
Como eu vou matar ela?
Ao que tudo indica ela não é um fantasma, não havia sinais de frio, luzes piscando ou coisa do gênero.
Eu tinha que manter a calma e agir com cuidado.
- Estou. - falo afastando a bola que havia crescido em minha garganta. - Onde eu estou?
Pergunto disfarçadamente como se não tivesse interesse algum no assunto.
Seu rosto se contorce e um sorriso confuso molda seus lábios, ajeito minha postura enquanto espero sua resposta.
- Na sua casa... - diz estranha mantendo seus olhos fixos nos meus. - O que você tem, Mel?
Olho ao meu redor e não acredito no que ela diz, não tenho casa muito menos uma tão luxuosa como essa, mas meu olhar pousa por um instante nas fotografias espalhadas pela sala e é como se eu estivesse presa em um sonho muito louco.
Franzo o cenho confusa.
- Eu não tenho casa... - sussurro para mim mesma.
Aquilo que se transformou em Sarah não escuta o que digo, seus olhos azuis me fitam expressando uma preocupação digna de uma interpretação de uma estrela de Hollywood, engulo em seco quando percebo o quanto patético deve está minha expressão e de repente estampo uma máscara sombria afastando aquele ar deprimente do meu rosto.
Eu já enfrentei monstros, de vários tipos, tamanhos e forças diferentes já passei por situações de quase morte mais do que uma pessoa normal e agora eu estava aqui tentando lidar com o pior monstro que tenho que enfrentar desde a morte dos meus pais e minha irmã.
Suspiro pausadamente tomando ar para começar a uma caçada.
Me recomponho pronta para entrar nesse jogo.
- O que aconteceu? - pergunto fingindo sair da defensiva, passo a mão no rosto respirando profunda.
Escuto passos e no mesmo instante Dean aparece com uma ruga entre as sobrancelhas e fazendo menção abre oa braços parecendo confuso, fico parada observando qualquer movimento suspeito já pronta para contra atacar.
- Ela não está bem, Sarah. - Dean fala me fitando estranho. - Acho melhor a gente chamar o doutor Travis.
- Eu estou ótima!- rebato automaticamente cerrando os punhos. Meus olhos saltam de Dean para Sarah. - Eu só quero saber o que aconteceu porque eu não me lembro de nada! Tudo isso aqui não tá fazendo o menor sentido pra mim.
Suspiro frustrada, me jogo no sofá pouco me importando se eles eram monstros ou não, me curvo abaixando a cabeça e fecho os olhos com força agarrando meus cabelos. Conto até dez para ver se tudo aquilo passa,mas ainda sinto a presença deles ali.
- Ela só está confusa, Dean - escuto Sarah dizer por perto. - essa reação é normal, vindo de uma pessoa que foi golpeada do jeito que ela foi.
Escuto Dean suspirar alto como se estivesse cansado.
- Ok, só que ela está me assustando... Será que ela ficou com alguma sequela? - diz e quando eu menos espero sinto seus olhos em cima de mim, ele se abaixa e segura minha mão. - Ela está muito estranha.
Recuo ao seu toque, puxando minha mão para longe dele e logo fico em pé me afastando de sua presença.
- Eu só preciso de um tempo para mim. - Digo tentando achar espaço para poder pensar melhor. Faço a minha melhor feição de cansada e confusa a fim de engana-los. - Minha cabeça tá doendo e algumas coisas estão começando a fazer sentido só agora. Me desculpem.. eu vou dormir.
Antes que eu saia de vez, aquilo que se parece com Sarah me abraça afável, sinto sua pele contra a minha e sua respiração quente roçar meu pescoço e o perfume era o mesmo que nas minhas lembranças.
Fecho os olhos com força querendo afastar a imagem da minha irmã morta, eu sabia que algo estava errado só não sabia mais no que acreditar.
- Descansa, certo? Jaja tudo vai voltar a ser como antes. - Diz.
Eu prendo a respiração quando fito aqueles olhos azuis tão vividos e brilhantes que me causam dor, era o mesmo olhar, a pureza e a leveza que carregava desde de sempre ainda mais quando estava sendo carinhosa.
Mal consigo processar o que estava se passando, mas algo dentro de mim acreditava que aquela era realmente minha irmã mais velha.
Sem dizer nada, pego o rumo da escada com meus pensamentos fervilhando, mas logo sinto algo tocar meu braço me puxando levemente, me viro e vejo Dean com o olhar abatido franzindo os lábios.
- Mel, me desculpa.
Olhar para ele era uma mistura de raiva e carinho, o que quer que ele fosse ainda me deixava confusa em relação a ele. As coisas que se passavam em minha mente não faziam sentido nesse novo universo, minha irmã está viva, Dean Winchester era meu marido e aparentemente nós tínhamos uma filha... Não existe monstros por aqui e muito menos caçadores, pelo que pude conclui até agora eu tinha uma vida normal, com o cara que me mostrou uma vida perigosa mas que agora vivia em uma casa luxuosa com uma vida pacata e sem perigos. Tudo o que estava fixado nas paredes do meu cérebro durante anos aqui e agora não faziam sentido, como se eu tivesse ficado presa em uma história que não era à minha e agora eu havia acordado do pesadelo.
Mas não estava certo, conheci Dean através da morte da minha família e agora ele estava ali me encarando assustado com medo do que eu estava me tornando.
- Porque você está me pedindo desculpas? - pergunto me virando pra ele assumindo minha postura de caçadora em um novo caso, eu precisava de respostas e eu iria atrás delas nem que para isso eu me colocasse em ponto de mira.
Aquele não parecia o Dean que eu conheci.
- Eu devia ter cuidado melhor de você. - sussurra parecendo envergonhado mas ao mesmo tempo com raiva.
Seus dedos pressionam minha pele se deixando levar pelas emoções.
Engulo em seco diante daquilo.
- Eu estou bem.
Assumo as rédeas das minha emoções, ele não havia me matado ainda é isso era um bom sinal,pois me dava tempo para descobrir o estava acontecendo e que tipo de ser sobrenatural eu estava enfrentando.
Mas tinha a questão que fazia meu estômago revirar,  seria possível que todas as minhas lembranças sobre tudo o que aconteceu fossem falsas? Que na verdade essa era a minha vida, de casada e com Sarah viva e que todas aquelas mortes em que vivenciei durante esse tempo nunca aconteceram?
Essas possibilidades me assustam.
- Eu só preciso preencher algumas lacunas - completo dando início a minha investigação. - Sabe, tem umas coisas que não se encaixam que simplesmente somem quando tento lembrar...
Deslizo o corpo para baixo trazendo Dean comigo e nos sentamos no degrau de mármore da escada elegante.
Dean solta meu braço e passa a segurar minha mão de forma protetora, aquilo me leva de volta ao passado enquanto enfrentávamos Azoel a forma como ele me protegia. Não recuo, quero que aquilo confie em mim e deixe espaço para eu poder entrar e descobrir como acabar com tudo isso.
- Certo, o que você quer saber?
Pressiono os lábios não sabendo por onde começar.
- Hãã.. - penso formulando qualquer pergunta. - Ok, como a gente se conheceu?
Seu rosto se franze e um sorriso torto que estreita seus olhos me deixa surpresa. Ele continuava do mesmo jeito com os mesmos trejeitos que me lembrava.
Dean morde os lábios pronto para começar.
- Você e Sam estudaram juntos... - ele sorri parecendo se recordar de algo. - Como vocês eram melhores amigos,você sempre estava lá em casa para fazer trabalhos da universidade acabou rolando.
Nada de demônios.
- Alguma coisa incomum a aconteceu durante nosso primeiro encontro?
Pergunto querendo demonstrar indiferença.
- Além do fora que você me deu? - ele sorri torto e me fita intenso.
Sou levada para algum lugar naquele breve instante me perdendo na beleza infinita daquele olhar atraente, de repente sem que eu perceba Dean se inclina e quando me dou conta estou sendo beijada de forma carinhosa, permaneço com os olhos abertos confusa, e depois sou envolvida por seus braços me aproximando do seu peito de forma acolhedora.
Sabonete e suor.
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Encaro as paredes sóbrias dentro daquele que seria meu quarto, olho ao meu redor e não me lembro de como é ter uma vida envolta daquelas paredes grossas e isso me faz acreditar que eu não pertenço a esse lugar. Vou até a janela e encaro a vista o que me leva a anos atrás quando eu tinha uma vida rodeada de luxo e conforto; vejo os arbustos bem alinhados e um jardim bem aparado e o sol tímido na linha do horizonte sendo levemente apagado por uma neblina fina, semicerro os olhos e um pouco mais distante percebo ele, encostado debaixo de uma árvore o Jeep parece tímido escondendo toda a sua postura robusta e nele eu vi possíveis respostas.
Sem pensar duas vezes atravessei o quarto em segundos abrindo a porta com cuidado para ninguém me ouvi e saio sorrateira pelos corredores imensos fico atenta a qualquer barulho ou movimento suspeito e meus passos são controlados para não me denunciar e saio abrindo a porta principal que dava para fora da casa.
Atravesso o jardim as cegas usando os arbustos bonitos como localização, caminho alguns segundos a procura da árvore ou da lataria escura do jeep e encontro ele estacionado um pouco distante, corro até ele sentindo a adrenalina se espalhando por meu corpo e um bater forte da minha pulsação faz minha veia saltar na testa, abro a porta e me enfio dentro do carro e me tranco, fecho os olhos apoiando a cabeça no volante por finalmente ver alguma coisa familiar, aspiro o cheiro que seria do meu perfume que o Jeep carregava consigo já empreguinado em seus cantos e fico ali por alguns minutos sem reação.
Depois, sem muito pensar começo a revirar cada canto do carro, encontro recibos, canetas, livros e brinquedos onde deveriam estar minhas arma e meus livros de pesquisas, meu jeep parece uma van infantil que para onde quer que eu olho tem algum tipo de boneca e mordedores.
Solto um suspiro frustrada, desço rapidamente e dou a volta até o porta-malas e o abro esperando encontrar meu arsenal de armas e meus segredos do mundo sobrenatural mas o que vejo é apenas um carrinho de bebê dobrado e encaixado lá dentro.
Escuto gritos.
Meu coração acelera e saio ao som dos gritos e me guio até eles, por extinto coloco a mão na parte de trás da calça procurando a arma que sempre carregava presa ao meu cós, mas não a encontro mesmo assim corro em direção aos gritos e quando viro prendo a respiração.
A primeira coisa que vejo é a linda área verde, lá há um balanço e alguns brinquedos infantil uma espécie de parquinho particular, os gritos cessaram dando lugar há risos e falas alegres e meu coração desacelera ao decorrer em que a cena ficava mais clara.
Sarah está abaixada e com ela há duas garotinhas, uma de cabelos negros e escorrido e outra com cabelos castanhos escuro meio ondulado ambas tinham a pele clara mas uma se destacava pelo tom dourado de sua pele que reluzia quando os tímidos raios do sol a tocava e essa sorria alegre com vontade enquanto se jogava nos braços de Sarah em uma brincadeira animada, a outra menininha fazia o mesmo só que era mais contida só que a felicidade parecia a mesma só que de forma mais retraída.
Me aproximo mais um pouco me escondendo atrás de uma árvore e observo aquilo sem saber o que pensar; de repente aqueles pequenos rostos se tornam conhecidos e me lembro deles das fotografias que vi antes sobre a lareira, a menina de cabelos negros aparenta ter entre três a quatro anos por isso o seu jeito é mais sério, já a pequena tem no máximo um ano e meio e era essa que eu carregava em uma das fotos.
Elena.
Seus olhos são verdes,  grandes e cativantes iguais o de Dean assim como sua pele solar, seu cabelo é curto o tão familiar castanho que carreguei durante anos até tingi-lo quando tive minha foto estampada nos jornais por ser acusada de assassinato por causa de um demônio que matei e acabei sendo pega pela polícia que me acusou de psicopatia jogando as mortes causadas pelo demônio nas minhas costas.
E agora eu estava ruiva depois de ser morena, loura e a aquarela inteira.
A menininha era linda, e tinha a risada mais gostosa que eu já ouvi em vida me perco por um tempo enquanto observo a garota se diverti com Sarah e a outra menininha.
- Ok, meninas acho que por hoje chega..  - Sarah diz pegando aquela que eu julgo ser minha filha no colo.
Ela se alinha perfeitamente em seus braços.
- Ah, mamãe vamos brincar mais um pouco...
A menina de cabelos negros chama Sarah de mãe e isso me sobressalta, que lugar era esse? O que estava acontecendo? Parecia que depois de anos eu estava sonhando com minha família perfeita coisa que eu nem sequer gostava de pensar por que a dor só aumentava...
- Liz, a mamãe tá cansada. - Sarah se abaixa e toca o rosto delicado da garota afável. - Mas tarde a gente brinca mais, certo? 
A garota parece profundamente chateada mas assenti segurando a mão de Sarah, que carrega a outra menininha nos braços, mas mesmo assim da uma rodopiada com Liz lhe arrancando uma risada antes de começarem a caminhar rumo casa a dentro.
Eu não sabia o que pensar.
Deslizo até o chão abraçando meus joelhos, pensando no que estava acontecendo, nesse universo eu tinha minha família e aparentemente com novos membros, eu não queria está ali não queria ver essa vida que aparentemente era a minha.
Levanto a cabeça e percebo que tem alguém me observando bem distante, estreito os olhos a fim de enxergar melhor e o vejo me encarando.
Fico em pé e o encaro de volta, ele percebe e se vira rapidamente e sai quase correndo;sem pensar duas vezes pego impulso e o sigo a passos largos,o cara de aparência estranha corre e o faço o mesmo o seguindo.
- Ei! -grito, mas ele me ignora.
Corro o mais rápido que consigo e quando estou o mais próxima possível me lanço contra ele agarrando seu pescoço. Ele se desequilibra e cai me levando consigo, ele se debate mas eu o agarro com força, girando o corpo vejo os seus olhos pela primeira vez, ele segura meu rosto o empurrando para trás.
- Q-quem é você? - digo entre pausas enquanto sinto meu pescoço doer.
Ele me domina e girando meu corpo ele fica sobre mim, é como se eu estivesse tendo um d'javi o que me deixa sem reação, seus olhos são frios e seus lábios estão crispados em uma linha reta e por alguns segundos percebo algo de estranho em sua expressão... Como se estivesse confuso.
Vejo esse mesmo homem agarrando uma garotinha eu tento a proteger mas sou nocauteada com essa mesma luz azul me sugando.
Atordoada pelas lembranças sem saber distingui o que estava acontecendo de verdade, encaro o monstro perplexa.
- O que você fez comigo? -sussurro entendo um pouco a situação.
Seus olhar se torna azul, arregalo os olhos já prevendo o que ia acontecer. Me debato para tentar me livrar daquele ser, mas o azul dos seus olhos toma uma proporção gigantesca me deixando cega, tudo se torna azul vivaz e meu corpo esmorece de repente.
Não resisto.

Supernatural - Swan SongOnde histórias criam vida. Descubra agora