When The Levee Breaks.

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Me permito descansar enquanto tomo uma chá em meu quarto.
Já era noite, e a única coisa que visto é um roupão que tinha meu nome bordado, achei ridículo isso, pra ser sincera, eu nunca bordaria meu nome em algo nem mesmo a Melanie criança faria isso.
Vou até o computador e pesquiso por horas atrás de possíveis criaturas que possa está fazendo isso... mas nenhuma se encaixa.
Metarmofos não ressuscitavam gente morta e um não seria capaz de se transformar em duas pessoas ao mesmo tempo.
Fantasmas esses já estavam fora de questão, já que o ambiente estava normal e até onde eu sei Dean Winchester não está morto.
Só se fosse obra de algum bruxo me jogar nesse novo universo, mas eu não conseguia achar motivo pra isso e nem mesmo bruxos, afinal, todos os que eu enfrentei estavam mortos.
Se isso fosse obra de algum ser sobrenatural, eu estava enfrentando algo totalmente desconhecido.
Ouço um batidas leves vindo da porta.
Rapidamente, pego a faca que roubei da cozinha e a escondo nas costas.

- Pode entrar. - falo alerta.
A porta se abre revelando Dean com Elena nos braços.
- Termos uma surpresa pra você. -diz com um sorriso idiota, enquanto brinca com Elena a balançando.
Aperto a mão ao redor da faca.
- Que surpresa? -digo com um sorriso trêmulo.
Dean se aproxima me roubando um beijo.
- Se vista que estaremos te esperando na sala.
E sai me deixando sozinha com a suas palavras se embaralhando em minha cabeça. Jogo a faca em cima da cama e desabo no chão agarrando meus cabelos aflita, e se for uma armadilha? Eu estou desarmada e além do mais eu não sei o que posso está enfrentando.
Abaixo a cabeça no chão tentando pensar no que fazer, eu devia fugir e acabar com tudo isso e voltar para a minha vida normal de caçadora; eu precisava colocar o pé na estrada e dirigir até um próximo caso como eu sempre fazia e ficar bêbada depois de enfrentar pela milésima vez alguma criatura bizarra para acabar com a sensação de vazio que me possuía toda vez que eu ia descansar em algum motel barato.
Eu não pertencia a essa vida, mesmo tendo Dean e Elena era como se algo estivesse errado, eu não me encaixava... mas ao mesmo tempo, toda vez que eu olhava para os portas retratos espalhados pela casa eu ficava inquieta, imaginado como minha vida tinha sido ali com as pessoas que me rodeavam nas fotos, e por alguns segundos me vi feliz e cheia de esperanças um sentimento que a muito tempo eu desconhecia, e pensar em Dean como meu marido, naquele breve instante, me deu um certo preenchimento ainda mais acompanhado com uma linda garotinha de olhos verdes.
Minha família.
Em um salto troco de roupa e vou até a sala.
Não me arrumo, coloco uma calça jeans e uma camisa simples, a faca está segura pelo cós da calça apoiada em meu coccix, desço devagar as escadas esperando algum ataque contra mim, ouço risos vindos da sala me deixando mais alerta, me sinto tão exposta sem nenhuma arma que possa me defender de longo alcance, mas mesmo assim continuo até encontrar Dean saindo da sala vindo em minha direção.
- Ah, meu amor. - diz passando a mão em volta da minha cintura. - Eu estava tentando fazer isso a muito tempo, mas só agora conseguir juntar todos.
Não entendo o que ele diz, apenas sou guiada por ele até a sala maior.
- Do que você está falando? -pergunto olhandoe seus olhos enquanto ele abre a porta para mim.
- Surpresa!
Sou guiada pelas vozes que eclodem dentro da sala com minhas pernas dando um leve vacilo quando encaro os rostos risonhos e os braços vindos em minha direção em forma de abraços.
Sou cegada por cabelos louros, castanhos, músculos e roupas caras, não consigo escutar direito já que o único som que consigo ouvir é do meu sangue bombeando velozes o meu coração.
Ela me abraça por último e já não sei se sou capaz de falar, o nó que se expandiu por minha garganta me sufoca.
- Como você está, querida?
A voz era a mesma que me deu seu último boa noite naquele dia, não consigo me mexer apenas a encaro inebriada.
- Acho que ela está em choque.
A voz de Sam soa risonha.
- Mel, tudo bem com você, querida?
Não sei mais como respirar.
É como se eu pesasse uma tonelada, fico grudada no chão como se o mundo estivesse em minhas costas descendo para o meu peito, não consigo falar apenas admiro a paisagem que se criou em minha frente, era tão surreal que meus olhos se encheram de lágrimas ao decorrer que os segundos iam passando e os pontos se encaixando.
Dean ao lado de Sarah que estava ao lado do homem que à abraçava na fotografia e ele carregava a menina que vi mais cedo em seus braços, Sam segurava Elena e agarrada em sua cintura estava uma mulher que sorria para mim alegre, ela era bonita e elegante e seus cabelos castanho claro estava preso em um coque elegante, e a minha frente estavam as pessoas que perguntavam se estavam tudo bem e que tocavam meu rosto para saber o que tinha de errado comigo, naquele momento me senti fraca a ponto de querer me jogar no chão e contar até o infinito para aquilo ser verdade. Tinha que ser verdade.
Thiago e Elisabeth Collins estavam vivos e bem na minha frente, com sorrisos trêmulos e preocupados.
Meus pais estavam vivos!
- Eu falei que ela não ia acreditar vendo todos juntos aqui. -ouço Dean exultante sussurrando a alguém.
Me esforço pra achar minha voz.
- papai... mamãe...
Sussurro débil.
Os dois me abraçam juntos.
Fecho os olhos não contendo o soluço que escapou entre os meus lábios e os Abraço com força.
Os perfumes ainda são os mesmo.
Choro em silêncio.
Mamãe toca meu rosto levando em seus dedos minhas lágrimas.
- O que foi, meu bem? -pergunta mamãe me afastando para me encarar melhor.
Papai me solta me fitando intenso.
Estou chorando descontrolada, os sorrisos que inundavam a sala se transformam em murmuros preocupados, Dean já está em cima de mim fazendo um milhão de perguntas.
Sam avança afastando todos os corpos da minha frente, eu jogo meus braços ao redor da sua cintura apoiando as mãos em suas costas malhadas, sob o olhar de todos.
- O que fizeram com você, Mel? - sussurra em um sorriso trêmulo. -Cadê a Melanie durona que eu conheci, será que o sobrenome Winchester deixou você mais sentimental?
Minha boca produz mais saliva que o normal, penso em responder mas engulo em seco.
- O que está acontecendo, Sam? - sibilo em seu ouvido e ele me encara confuso.
Dean está segurando minha cintura e seus dedos pressionam com certa força minha pele, ainda estou nos braços de Sam quando sinto ele me afastando e papai pigarreia chamando minha atenção, olho ao meu redor e vejo os olhos curiosos de todos, mas os olhos da esposa de Sam e Dean parecem pedras de gelo focados em mim.
Percebo a encrenca em que me meti.
- Da última vez que Melanie ficou desse jeito, não demorou muito pra Elena nascer.
Diz Sarah naturalmente com sorriso no rosto, ela me afasta rapidamente de Sam para aliviar a situação.
Arrelo os olhos do antes das palavras de Sarah.
- Eu não estou grávida! -falo me colocando no eixo novamente.
Dean me puxa para os seus braços, mas não me demoro muito para ir até meus pais e ficar apreciando a visão que eu tenho da minha família junta novamente.
- Você parece bem mais magra. - mamãe me avalia minuciosa. - Está se alimentando direito, filha?
Fico fascinada por ver como nada mudou, papai revira os olhos entediado e eu não contenho o esticar de lábios por vê-los agindo do mesmo modo.
-Estou ótima, mãe. - falo contendo as lágrimas.
Papai toca meu ombro acariciando de leve.
- Sua mãe acha que você continua sendo aquela garotinha.. Acho que para ele você e a sua irmã não cresceram.
Sarah se intromete entre nós.
- Ah mas a gente gosta de ser mimada pela mamãe. - diz beijando o rosto de nossa mãe. - Ela é nossa rainha.
Abraço meu pai me aconchegando em seu peito.
- E o senhor é o nosso rei. - digo feliz.
Nos abraçamos, e durante anos nunca me sentir tão completa como me sinto agora. Fecho os olhos deliciando aquele momento.
- Dean tem ciúmes de você com o Sam, então, contenha-se, Melanie. Sarah solta isso num sussurro que quase não ouço. Me sinto tensa de repente.
Me afasto e vou até a esposa de Sam da qual não sei o nome, a cumprimento e falo algumas coisas sem sentido enquanto todos me observam de canto de olhos.
Me sinto bem, mas o meu cérebro não para de e gritar que há algo de errado em tudo ali.
Conversamos, conversamos muito e descobri que aquela noite nunca existiu por aqui e que Sarah estava casada e tinha uma filha, que papai ainda trabalhava em sua empresa que faturava mais do que nunca e que Dean depois de Rob era a pessoa que ele mais confiava e por isso tinha um cargo executivo de destaque, pelo visto a reunião de família não acontecia a tempos, minha mãe estava presa em mim e não me largava nem por um instante e falava sobre a saudade que sentia do tempo em que eu morava com ela.
A cada palavra, risada e recordações que eu não lembrava e até mesmo memórias de infância um nó se expandia em minha garganta enquanto eu relutava para não me entregar as lágrimas.
- Eu também sinto sua falta, mamãe. Muito. - falo afundando dentro de seu abraço quente.
Escuto seu riso baixinho me partindo o coração.
Acaricio seu rosto macio enquanto contenho o tremular dos lábios nervosos, olho para o meu pai que nesse instante segura Elena no colo fazendo careta enquanto ela se diverte rindo alto, era tudo tão perfeito o estilo família feliz que eu a muito tempo não desejava, aliás, uma memória distante surge me levando de volta ao dia que conheci Dean e Sam no que eu me lembrava, lembro de ouvir Dean falando que não se via fazendo parte de uma família, com era apenas ele eu Sam e que a estrada era a sua verdadeira casa. Depois que tudo foi tirado de mim, de forma tão abrupta e inesperada me espelhei em Dean, eu não queria mais nada que me prendesse em alguém, todos os meus laços haviam sido rompidos quando deixei para trás a minha casa, quando me juntei a Robbie para caçar me permiti a criar um laço de companheirismo, mas logo foi desfeito quando aquele anjo o matou e até então continuo sozinha evitando mais perdas irreparáveis.
- Você anda muito pensativa.
Ouço e sinto uma mão em minha cintura me apertando, Dean me encara pensativo seu olhar fixa meu rosto como se quisesse achar algo.
Suspiro alto ignorando todas as dúvidas que esmagavam meu cérebro.
- Eu sei. - digo sentindo minha cintura queimar mediante seu toque. - boa parte das coisas que eu estou sendo exposta não fazem sentido, só estou tentando me lembrar como eu cheguei até aqui.
Ele dá um meio sorriso como se tentasse me entender, sua mão me aperta me levando para mais perto dele, sua outra mão toca minha nuca me obrigando a fita-lo.
- Só quero que saiba que todos aqui te amam. - diz com a voz aveludada.
Um frio esmurra minha barriga.
- Aqui você é feliz, tem tudo o que sonhou. Não tenta ficar achando motivos para querer se livrar de nós.
Ele fala, me deixando intrigada com essas palavras como se quisesse me convencer que aqui era o recanto feliz.
Assinto para fugir o mais rápido possível dali, eu estava ficando a mercê daqueles sentimentos confusos.
Na primeira oportunidade que encontro, saio para fora da casa e caminho com os braços cruzados sobre o peito sentindo a brisa tocar minha pele, vou até o balanço e me sento segurando com firmeza as correntes e dou um leve impulso para a frente e deixo meu corpo ser levado. Sinto o vento frio no rosto e me recordo que a muito tempo eu não tinha essa sensação de retornar à infância.
"Mais forte, papai!" Me ouço quando tinha dez anos, com a voz fina e entusiasmada para chegar o mais alto possível do balanço.
E ele me balançava, ainda consigo senti a adrenalina que me percorria quando já estava alto demais, o vento forte fazia meus cabelos voarem contra meu rosto e o frio na barriga me lembrando do medo; mas eu sempre queria mais o medo não era capaz de me tirar a vontade que tinha de sentir a emoção de está lá em cima.
- O que está acontecendo, Melanie?
Fecho os olhos sentindo o cheiro suave da noite.
Sinto ele passar por mim e ouço o barulho dele sentando no outro balanço.
- Eu não sei. - digo.
Ouço o seu riso baixinho.
- Claro que você sabe, você sempre sabe das coisas. - diz com deboche. - Pelo menos a Melanie Collins que eu conheci era a senhorita sabixona. Ela sempre sabia o que estava acontecendo a sua volta.
Sorrio, eu sempre cheia de certezas sobre tudo e agora eu estava mais perdida que cego em tiroteio.
- Ah, você sabe agora passei a ser uma Winchester. - não consigo conter um sorriso irônico. - E os Winchester nunca sabem de nada.
Ele bate no meu braço fazendo um barulho de repreensão.
- Talvez seja porque você tenha escolhido o irmão errado. Cérebro é melhor que músculos, sabia?
- Sam... - falo assustada sendo transportada para a vez que ele me beijou.
- Calma, Mel você sabe que sempre gostei de você... mas um tô tranquilo, certo? Somos amigos e eu não vou estragar isso, afinal eu sei como você se sente. - ele faz uma pausa. - mas sinceramente, eu não sei o que você viu no Dean.
Sorrimos.
- O Dean é legal.. - digo.
Sam sorri achando graça.
- Sério? - diz parecendo incrédulo. - você se casou com o cara por que acha ele "legal"? Não sei se fico surpreendido por isso ou pelo fato de alguém achar o meu irmão legal.
Bato de levo no seu ombro sorrindo.
- Na verdade eu só estava querendo de poupar. - arqueio uma sobrancelha maldosa. - sabe, não queria falar que acho ele gostoso, tipo, muito gostoso mesmo e aquele homem trans...
- Chega, Mel! - me interrompe balançando a cabeça e estapeando minha mão. - sua imoral - ele sorri. - Não sabe nem brincar.
Gargalho pela primeira vez, o som sai alto e estranho e percebo que parecia que a anos não sorria assim.
- Esse legal engloba muitas coisas, Sam. É o meu resumo para a pessoa que eu amo... - solto e percebo que digo que amo Dean mesmo não sabendo o que eu sinto por ele, então decido falar sobre o Dean de anos atrás. - Dean parece gostar muito de mim, me sinto segura com ele do meu lado, e raramente as pessoas me causam essa sensação de segurança... mas o Dean... ele cuida de mim. Desde sempre.

Supernatural - Swan SongOnde histórias criam vida. Descubra agora