Coming Back To Life.

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Me sinto pesada.
Remexo ainda com os olhos fechados sem saber ao certo o que pensar, me sinto leve e bem disposta como não me sentia a dias a ponto de me permiti ficar com os olhos fechados por mais algum tempo, tento me lembrar dos últimos momentos que me levaram até aquela cama só que tudo o que me vem à cabeça são as excessivas caçadas que vim enfrentando nos últimos dias e de como eu estava esgotada.
Me reviro afundando meu rosto no travesseiro macio, sinto a leveza de seus fios quando esmago meu rosto contra ele e percebo como devia ser caro me fazendo lembrar-me dos tempos de infância rica e o cheiro de flores do campo que exalava dele das essências que minha mãe perfumava nossas roupas.
Abro os olhos surpresa com meus pensamentos e me sinto estranha de repente, apoio minhas mãos no colchão macio - que a muito tempo eu sequer imaginei deitar de novo - e ergo meu troco encarando a cabeceira branca elegante, e franzo o cenho sem entender o que havia acontecido enquanto eu estava apagada.
Sou caçadora, abdiquei de minha vida de luxos para caçar coisas como a que matou meus pais, fico em hotéis baratos na maioria dos meus dias por praticidade mesmo sendo a herdeira de uma fortuna e de empresas que meu pai me deixou, usufluo muito bem dos dinheiros que Robert Lawrence deposita em minha conta bancária mesmo que eu nunca mais tenha dado notícias.
Estranho o ambiente a minha frente, era pessoal demais para ser um simples quarto de hotel, por mais luxuoso que fosse, passo a mão pelo rosto me sentindo aflita, me sento na beirada da cama com os dedos presos nos meus cabelos emaranhados e me esforço para me lembrar o que aconteceu.
Minutos se passam comigo afundada naquela questão e sinto um latejar incessante em minha testa, quero me lembrar e me esforço puxando os mínimos detalhes que consigo das minhas últimas lembranças mas tudo o que vejo sou eu entrando no carro e indo para algum lugar que não consigo me lembrar.
Escuto um barulho baixo, estou tão focada em querer descobrir o que aconteceu que fico de guarda baixa que só olho na direção do som oco e vejo um homem forte entrando cantarolando algum rock pesado, fico em pé rapidamente pronta para ser golpeada e quando o homem se vira e me encara sou acertada em cheio por uma surpresa surreal.
- Dean! - sussurro estupefata e caminho a passos firmes me atirando em seus braços o envolvendo em um abraço forte.
Ele corresponde o meu afeto me abraçando com força, fecho os olhos inspirando o seu perfume, sabonete e suor, como nas minha lembranças de adolescente e sou atirada nas minhas piores recordações mas não me afasto de Dean, contínuo agarrada a ele sabendo que estava protegida.
Ele se afasta um pouco tocando meu rosto, olho nos seus olhos e sorrio alegre por ve-lo novamente depois de anos.
- Eu não acredito que...
Começo, mas sou surpreendida por seus lábios esmagando os meus com carinho, arregalo os olhos sem reação e sinto sua língua invadir minha boca em um ritmo sensual, não consigo corresponder meus braços se afrouxam de seu corpo caindo para cada lado do meu, mas ele continua pressionando mesmo percebendo minha falta de reação, agora de forma mais branda sua boca continua colada a minha e seus olhos permanecem fechados.
Estou em choque, fico olhando para o seu rosto paralisada.
Ele para me encarando franzindo o cenho, com as mãos em cada lado do meu rosto ele me afasta e me fita confuso, e e eu estou tão débil que não esboço reação nenhuma diante daquela investida.
Dean Winchester me beijou.
- Sabia que é estranho ver a pessoa te beijando de olho aberto? - diz com a voz rouca enquanto passa os dedos pelos meus lábios.
O nó que está preso em minha garganta se expande pisco várias vezes confusa.
- Algum problema, Melanie?
Seus olhos me examinam rapidamente procurando algo de errado.
Sinto meus lábios tremerem formulando uma frase.
- Que porra foi essa, Dean?! - pergunto exasperada, afastando as mãos dele de mim um pouco trêmulas.
Me afasto fechando os olhos imaginando que eu estava presa em mais um dos vários sonhos loucos que costumo ter, e quando os abro novamente percebo que continuo no mesmo quarto de cores sóbrias.
Suspiro frustrada com o coração acelerando.
- Acho que a pancada que você levou te tirou do eixo. - diz taciturno e ao mesmo tempo com humor negro.
Automaticamente levo as pontas dos dedos até um ponto que latejava sem parar em minha testa e o simples ato de tocar me deixa dolorida e com a dorzinha mais intensa, me encolho mentalmente afastando a dor e o fito mordendo os lábios.
- O que aconteceu comigo... - sussurro pensativa tentando lembrar de algo útil. - e porque estamos aqui?
Cruzo os braços sobre o peito pensando a respeito.
- Você foi assaltada ontem a noite - começa com uma ruga se formando entre suas sobrancelhas e apertando os lábios com força. - Não se lembra?
- Eu, assaltada? - não contenho o riso debochado e o encaro arqueando uma sobrancelha. - fala sério, Dean... Você está brincando comigo - olho ao meu redor procurando por alguém. - Sam, pode aparecer! Eu não caio nessa.
Sorrio esperando Sam aparecer, varro o cômodo com os olhos esperando algum sinal de Sam e tudo o vejo são os móveis bem planejados.
- Você ainda está em estado de choque... - Dean suspira se aproximando de mim. - Calma, amor o médico disso que é provisório.
Balanço a cabeça incrédula.
- EU ESTOU CALMA! - grito com ele. - Sério, cara o que está acontecendo aqui?! Que lugar é esse é porque você está aqui comigo e onde está o Sam, porra?! - falo o emaranhado de coisas confusas que se passam em minha cabeça. - Tem alguma coisa errada, muito errada! Só que eu não estou conseguindo ver... Dean, cacete você está fazendo aqui?!
Estou descontrolada, falo rápido demais e sinto vontade de quebrar alguma coisa e até em bater em Dean, cerro os punhos diante desse pensamento com os batimentos acelerados e arfando alto.
De repente ele me agarra me imobilizando com seus braços fortes e eu não resisto apenas fico parada ali com os olhos fechados e fervilhando por dentro.
Dean acaricia minhas costas e meus cabelos pedindo calma chiando algumas vezes.
- O Sam está na casa dele, amor. - escuto baixinho. - Não tem nada de errado, certo? Você só está confusa por causa do trauma que sofreu, agora respira fundo. - ele beija meu ombro e percebo que estou com uma blusa de alças finas, coisa que eu nunca usei. - Eu moro aqui, Melanie junto com você e nossa filha Elena.
Não consigo processar aquela informação de imediato fico ali com os olhos arregalados sem acreditar no que ouvi.
Eu e Dean casados e com uma filha isso era impossivel.
Me afasto dele sem saber no que pensar, eu era caçadora e Dean também era, não fazia sentido nós dois largar a caçada e se dedicar a uma família eu nunca imaginei isso.
Depois que perdi minha família meu único objetivo era matar coisas como a que matou meus pais e minha irmã, fugi uma semana depois do encontro que tive com Dean na qual conversamos sobre o futuro, liguei para Robbie que até então era um desconhecido e pedi pra ele me ensinar tudo o que sabia, porque eu queria me tornar igual a ele, sem relutar Robbie abandonou seus pais e se juntou a mim me levando a conhecer os lugares mais sombrios que possa existir, ele era amigo, conselheiro, protetor e a pessoa que eu aprendi a amar depois de muito tempo em que vaguei vazia matando monstros. Robbie foi capaz de segurar a barra por mim e por ele e eu serei eternamente grata por ele ter achado minha lucidez até mesmo quando eu havia a perdido.
Queria que Robbie estivesse aqui para me colocar no eixo novamente, para explicar toda a loucura quando eu tivesse me perdido no meio da história, assim como estou agora; confusa. Mas ele está morto, em algum lugar terrível onde há guerras e irmãos mimados lutando por alguma coisa, quando aquele anjo o matou de forma rápida e inexplicável não consegui de imediato lidar com o fato de anjos serem maus e cruéis, mas agora eu sabia que o mal não habita apenas nas sombras mas ele também pode vim acompanhado de um par de asas celestiais e se dizendo "guerreiros do Senhor"
Eu era a pólvora que se alastrava na vida das pessoas que eu tocava, em contato comigo todas se queimavam assim como os minha família, como Robbie e outras pessoas que eu toquei nessa minha vida todas morreram tentando me proteger. Eu era uma granada sem o pino destruindo tudo o que tocava.
Solto um riso cínico e me vira sobre os calcanhares e saio a caminho da porta a batendo com força e fito o corredor sem graça e não sei pra que lado seguir me deixo seguir pela instinto e vou para a direita, o lugar era bonito e muito elegante me lembrando a casa que vivi na minha infância, podia ser um hotel que só um grande caso envolvendo pessoas ricas pedia. Desço um lance de escada e vejo um bar, o lugar era impecável mesa de sinuca, prateleiras com bebidas finas, um balcão impecável onde eu conseguia ver o meu reflexo enquanto observava os detalhes e poucas meses espalhadas pelo ambiente que era aconchegante demais, nada com que eu estava acostumada ultimamente, bares sujos com uma neblina tão densa das fumaças dos cigarros que respirar era uma missão complicada.
Vou até a prateleira de bebidas e pego um whisky puxando um copo, entorno o líquido que desce queimando por minha garganta e para com uma tonelada em meu estômago vazio, preciso raciocinar analisar o que estava acontecendo.
Minutos ali parada e não consigo pensar e nem me lembrar onde eu estava, finco os pés no chão e saio caminhando sem rumo, sigo sem rumo pelos corredores desbravando os cômodos admirada com os detalhes rapidamente de canto de olhos, não encontro ninguém no caminho até que chego na sala, ando depressa pronta para sair porta a fora, quero pegar meu jeep e cair na estrada como fazia sempre quando precisa pensar. Passo pelo meio da sala veloz sentindo o frio do chão sob meus pés quando algo me rouba minha atenção; desacelero automaticamente e cerro os olhos para enxergar melhor mudo o percurso e vou na direção da lareira que fica em um canto afastado, não resisto e encaro as peças com os meus se entre abrindo perplexa com o que os meus olhos viram, pego o porta retrato e meus olhos se arregalam quando fito os rostos atrás do vidro; Dean segurando uma garotinha nos braços e eu estava ao lado dele os encarando com um sorriso enorme no rosto e meus olhos pousam nas fitas douradas que eu e Dean carregava no dedo anelar o que no mesmo instante me faz erguer a mão esquerda próxima ao meu nariz e vejo o círculo ao redor do meu dedo.
Meu corpo treme e e eu já não consigo ter controle sobre mim, mas eu ainda consigo ver o outro porta retrato que estampava rostos felizes, rostos tão familiares que me quebrou a alma em pedacinhos quando os vi ali na minha frente.
Minha família, papai, mamãe e Sarah junto com os irmãos Winchester e mais um rapaz e duas crianças uma delas é a garotinha que Dean segurava na outra foto, só que nessa era eu que a alinhava em meus braços.
Ouço um barulho e me viro rápida pronta para revidar a qualquer ameaça, mas quando nossos olhos se encontram me sinto mole como se minhas pernas virassem gelatinas.
Me vejo em um flash back agoniante, escuto risos e gritos vejo sorrisos e lágrimas, percebo alegria e medo.
Está tudo ficando escuro.
- Melanie!!
Grita enquanto sou levada para lugar nenhum.

Supernatural - Swan SongOnde histórias criam vida. Descubra agora