Imagine uma mão que circunde
a Terra e possa se fechar.
E que essa mão tão grande, imagine só,
é o mar.
Agora veja o que acontece:
quem se aventura a navegar
está na mão do oceano
e pode nunca mais voltar.
Mas acredite em mistérios
(um aqui você verá).
Mesmo com tanta incerteza,
há quem não tenha em si tristeza
de entregar a vida ao mar.
Então fique - se é destino -
sempre em terra a rezar
por aqueles viajantes
do horizonte, águas distantes...
por assim dizer, mercantes.
Suas vidas inconstantes
jamais podem naufragar.
Pois que, entregues às vontades
do oceano - e de quem mais? -,
no mar contidos noite e dia,
em tempestade ou calmaria,
marcados pela maresia
de uma imensa nostalgia...
são nada menos que imortais.