Andei tão distante...
Nunca estive tão ausente.
Mas nada disso foi o bastante...
parece ainda mais recente
o que, ao contrário, é obstante
e obscuro em minha mente.
Atravessei de novo a ponte
que me leva ao passado.
Fui na linha do mesmo horizonte
que já tinha se apagado,
pra refazer desde a fonte
o meu trajeto inacabado.
Tantas coisas que jurei,
de olhos rasos sob a lua...
São mil promessas que eu quebrei,
em silêncio, a cada rua.
Contrariando a minha própria lei
pra obedecer, então, à sua.
Temo que poderá esta
ser uma história repetida...
o vazio depois da festa,
que eu trago de outra vida...
e de tudo o que me resta,
minha alma assim, despida.
Nos poemas que escrevi
nunca repousou o teu olhar...
verdades que eu te escondi,
mas ao mundo eu quis gritar.
E das palavras que aprendi,
a mais difícil foi "esperar".
Nada mais tenho agora
que a solidão ao teu sabor.
O coração reclama e chora
a tua ausência e a minha dor,
que alívio busca na aurora,
depois que sinto o calor
que o frio noturno leva embora
e à vida traz de volta a cor.
Pois, na incerteza e na demora,
sei que no meu peito mora
mais forte ainda esse amor
(que é só teu).
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