Minhas mãos cansadas
rabiscam no papel as últimas palavras
que ainda não se perderam no silêncio,
enquanto viajo pelas entrelinhas do tempo,
procurando algo mais a dizer...
e não tenho nada
além de uma lágrima a chorar.
O vento chega como um suspiro
de amor, ou de saudade,
trazendo mentiras de um mundo
- pouco além do horizonte -
que eu sonhava existir.
Mas não ficarei remoendo lembranças.
Elas não cabem neste momento, nesta sala.
Aqui só há desolação.
Caem as últimas folhas deste outono...
Arrastam-se as últimas horas desta vida...
Vou caminhar um pouco lá fora,
deixando marcas breves na areia da praia,
como breve também eu fui.
Talvez, no declinar dessa tarde,
eu encontre um anjo
que me leve a algum lugar
onde eu possa renascer.