Capítulo VIII

34 2 0
                                    

Tomados pela emoção, seguimos em direção à rua onde, algumas horas antes, Kevin tinha desaparecido, e lá estava a marca de óleo que nos arrastará até a pista mais próxima possível do paradeiro de Kevin. Por sorte a linha de ônibus ali de perto, seguia o mesmo rastro, mas pedi para que Fizzy e Edu seguissem o caminho de bike.

Depois de alguns quarteirões a faixa de óleo se divide e rapidamente vejo que eles já conhecem o protocolo...

"Regra XV, parágrafo 03: caso as pistas se dividam, o time se divide junto com elas"

Logo vejo eles entrando na rua adjacente a que prosseguimos, e enquanto isso, vejo o desespero misturando-se com a esperança que ele esteja bem no rosto de Melissa.

Para manter a calma dela, puxo um assunto que entra um pouco no que estamos buscando... Kevin.

- Hã... Mel?

- ... O que?

- Okay, desculpa hã... Como vocês se conheceram?

- Eu e o Kevin?

- Isso é uma curiosidade, mas o que realmente importa é que algo assim pode ajudar a descobrir onde ele pod-

- Tá já saquei a curiosidade. Bem, naquela trombada que demos no colégio, você não viu isso nas suas famosas câmeras de segurança?

Sou pego de surpresa com essa afirmação, afinal, poucos sabem das minhas câmeras, fora a diretoria e o grupo, são poucos os alunos que tem o conhecimento delas.

- Hã... C-como você sabe disso?

- Kevin...

- Céus, o Kevin burlando uma lei que ele mesmo criou, o que você fez com o meu amigo? - digo em tom irônico, para descontrair, mas como geralmente acontece, ela entendeu errado.

- O que quer dizer com isso? Não quer que ele confie em mim, Giovanni?

- Não, não foi isso que eu quis dizer, era para descontrair o clima, para você ficar menos tensa.

- Acho que não deu certo espertinho...

- Foi mal...

Com toda essa tensão eu não notei que a pista já havia desaparecido, então eu grito para avisá-la e descemos do ônibus muito depois do que realmente deveríamos, então corremos de volta mas... Perdemos a pista e não vi por onde o ônibus tinha ido, logo não sei por onde voltar; me apresso em pegar o celular e espero que o outro grupo esteja dando mais sorte.

- Fizzy... - digo ao telefone.

- Fala G, encontrou ele?

- Não, perdi a pista em uma distração desgraçada.

- Que droga, eu achei um furgão que estava vazando óleo mas era somente o veículo de uma pizzaria... Vou voltar por onde nos separamos e vocês tentem achar o caminho de volta, nos encontramos lá.

- Beleza Fizzy... Ah, outra coisa.

- Fala.

- Cuidado... Não estamos sozinhos.

- Como ass-

Mas já havia desligado o telefone nesse momento, pois desde que saímos do ônibus um homem grande encapuzado nos seguia, e pelo visto, estamos em uma fria.

***

Mais alguns passos e ainda somos seguidos, o mais estranho é o fato do homem, bem sombrio, estar de sobretudo, não parece ser afetado pelo calor de São Paulo em pleno verão. A cada esquina ele parece mais próximo, e até mesmo Melissa está aturdida, e não sabendo mais o que fazer, decido correr. Aparentemente era o mesmo plano dela, afinal, assim que aperto o passo ela continua ao meu lado acelerando também.

Entretanto, não fomos muito longe, alguns metros depois as suas mãos - se é que posso chamar assim - estão em cima da Melissa e ela se debate loucamente, o que infelizmente, não surte efeito e ela acaba sendo erguida como se fosse uma placa de restaurante. Assustado e confuso pergunto tentando evitar ao máximo a voz trêmula

- O que é você?

- Sou o que está levando vocês para casa.

- Não vou a lugar nenhum com você!!

Com esse grito Melissa puxa o chapéu largo daquele estranho homem e o que vejo Não me ajuda muito a enfrentar o problema. Olhos vermelhos como fogo, e uma aparência metálica, com fios indo do pescoço aos ombros e algumas partes do corpo ainda humanas, com a pele morena e o cabelo grisalho reconheço-o como nosso antigo zelador, e com um grito de horror e medo, Melissa é jogada na parede e com o impacto desmaia, eu corro para derrubá-lo mas não obtenho sucesso, e em um simples movimento sou nocauteado e as últimas coisas que vejo são aqueles assombrosos olhos vermelhos.

***

Acordo como de um sonho e ainda aturdido acredito que tudo tenha sido mesmo um sonho, entretanto, sou logo despertado no verdadeiro terror quando vejo Melissa desacordada do meu lado e quando ouço uma voz familiar cantando uma música melosa com a frase "Nossa... Quanto mel". Reparo que passei por um dejá-vu, mas como na hora não imaginei que algo assim poderia acontecer não dei importância... Mas agora percebo o quão bom era saber reconhecê-lo...

A porta se abre e o rosto que me aparece - esse mesmo rosto - é tão familiar, mas não me trás um resquício sequer de esperança.

- Olá Giovanni...

- Então nos encontramos de novo... Crazy Girl número um.

***

Diários de um Poeta (W.I.P)Onde histórias criam vida. Descubra agora