Diários de um Poeta (W.I.P)

Capítulo IX

- Como se tudo já não estivesse confuso o suficiente, o destino decidiu brincar mais uma vez com a minha vida... Ela deveria estar morta... Como isso é possível?!! Eu a vi morrendo.

Enquanto devaneio não noto a entrada de dois brutamontes, não sei quem são mas logo de cara percebo algo de semelhante entre eles: como os garotos mortos, eles são bombados e carecas, seus rostos foram mudados e estão totalmente iguais, e por mais estranho que pareça, sinto como se o líquido vermelho que vi nos dois pobres garotos corressem em minhas veias, o cheiro de vingança invade minhas narinas, e eu pela segunda vez na minha vida, sinto vontade de matar.

Então, o moreno que parecia um gorila disse:

- Bom dia, Kevin.

- O que querem? - digo rispidamente.

- Seus testes começam hoje.

- Não vou a lugar algum!

Visto que minha vontade não é o objetivo deles, simplesmente me agarram e começam a me arrastar novamente por mais três corredores, e em minha mente memorizo-os: esquerda 3, direita 2, em frente 1, sala.

Ao chegar lá vejo que é como um ginásio, com vários aparelhos de ginástica e muitos desses caras que me carregaram, eles estão ou colocando garotos e garotas desacordados em macas ou seguindo outros de aparelho em aparelho. Possivelmente reparando em minha surpresa o mais alto, praticamente um urso albino, me diz:

- Aqui é onde nós nascemos e fomos selecionados.

- Não podem me obrigar a ir nesses aparelhos.

- Claro que podemos cobaia 07 - disse o gorila sacando uma arma de choque, agora em tom autoritário e em uníssono eles dizem:

- Agora vá se trocar no vestiário, seus testes começam hoje.

Não me restando opção a não ser atendê-los, vou ao vestiário.

- Melissa... Pessoal... Me ajudem.

Lágrimas escorrem pela cicatriz do meu rosto e as lembranças caem em minha mente... Junto das lágrimas.

***

- O que está acontecendo aqui, garota?! - grito já sem paciência - Primeiro sequestra meu amigo Kevin e agora a mim e a Mel!!

- Isso não é obvio, caro G? Eu vim para resgatar o meu querido amor, meu príncipe, mas precisava primeiro ter um motivo para vê-lo.

Isso não fica claro na minha cabeça, evidentemente pelo fato de ela não estar muito normal; ela está mais forte, mais robusta, e até mesmo com a fisionomia diferente, e se não fosse pela voz eu até diria que não é ela.
Mel está acordando, e isso não é bom, preciso sair daqui e rápido, mas com ela ainda fraca não irei muito longe. Preciso protegê-la.

- Hum, então essa é a nova vagabundinha dele?

- Olhe bem como fala dos meus amigos criança, não quero ter de te dar uma lição, com esse físico, parece aguentar umas boas pancadas.

Não sou um lutador, mas blefo muito bem, mas apesar disso, ela não reage como se fosse entrar na defensiva; ao contrário, por mais estranho que seja, ela entra na ofensiva, posicionando-se para me atacar.

- Interessante, sempre quis saber o que o gênio da equipe consegue fazer sem estar atrás de suas câmeras.

Com um salto inesperado, ela tenta me desferir um soco; sou ágil mas não o suficiente para me esquivar completamente, então ela me acerta de raspão, mas como se ela fosse feita de aço puro, sou arremessado para o outro lado da sala e colido com a parede, sinto meu corpo significantemente mais leve e com a colisão desacordo por alguns instantes. Sem notar sua aproximação, e com a visão ainda turva, vejo um vulto preto e azul colidindo com a garota bombada, e sem muitas forças devido a colisão e a algum tempo sem lutar, não faço muito, apenas observo os dois corpos balançando de um lado para o outro.

Como esperado, Melissa é nocauteada, mas aquela figura foi danificada pois não consegue ficar em pé também; Era minha chance, vejo saindo da velha calça jeans de Mel um canivete, o mesmo de Kevin, até pode ser o dele, menina esperta, mentiu para nós para se sentir segura. Apesar de tudo isso fico um pouco bravo com Melissa, ainda assim não posso perder mais tempo, corro em sua direção e fico entre Mel e aquela coisa, saco o canivete retirado do bolso dela, e no momento que a critura se movimenta para socar-me, desvio e cravo a mão dela na parede:

- Agora você não vai sair daqui.

- Hã...? Como assim?! Estou presa!!

- Claro, parede magnética - aponto para o meu molho de chaves pesadamente presa na parede da qual bati - E como pelo visto você é revestida de aço puro, não sairá daí ao menos que arranque sua mão.

Ela berra, seu grito é metálico e rouco mas o suficiente para atrair mais guardas, porém, antes que eles cheguem tomo Melissa pelos braços; ainda desacordada e sangrando ela murmura em suas poucas forças com desespero:

- Kevin... Onde...?

- Fique calma Melissa, vamos encontrá-lo - digo tentando acalmá-la.

Deixando todo o medo naquela sala e aproveitando a porta aberta, disparo pelo corredor de espelhos, e agora é questão de tempo para encontrar Kevin... Se é que ele está aqui.

***

Fecho o zíper da minha japona de treino, não vejo mais ninguém preso aqui comigo, talvez a visita daquela traidora tenha me atrasado. Não quero sair, mas o gorila e o urso albino gritam da porta exigindo minha saída.

- NC 7 - murmuro lendo as letras amarelas e enormes em meu tórax, a japona e a calça são grandes, eles realmente querem me bombar. 

Saio porta à fora e...

- Isso é uma rebelião?

Adolescentes, adultos, todos lutando contra os seres criados aqui e ali, eles são arremessados, outros derrubam o lugar agredindo as pilastras; eles não querem luta, querem derrubar esse lugar!

O gorila corre para manter uma pilastra do ginásio em pé, o lugar está em ruínas e tudo está caindo. Sem alternativas, o urso me arremessa para dentro do vestiário e uma voz metálica inconfundível grita nos altos falantes.

- Cibmans, todos para o ginásio 5, segurança máxima!

Algo começou a explodir lá fora, e isso não trás boas lembranças, esse som familiar me recorda uma época ruim, o meu talho coça e as angústias me assolam mais uma vez, porque essas bombas eu mesmo a ensinei fazer.

Dois anos atrás...

- Kevin... O que você está fazendo?

- Resolvendo os problemas de suas lágrimas; se a polícia não acaba com um serial nós acabamos.

- Kevin, ele é meu pai!
- Não importa... Giovanna... Não importa.

***