Capítulo II

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Depois de jantar, subi para o meu quarto e tranquei a porta, pois não queria ser aborrecido nem pela minha irmã e nem por ninguém

- Bem, vamos ver o que temos nessa misteriosa carta sem nome.

Retiro do pequeno envelope uma folha branca lisa, com apenas uma frase.

"As repetições sempre tens pequenos fatos diferentes, que se juntas, formam as respostas para suas dúvidas...

Estou te esperando, sua pequena A.B."

Olho para o pequeno papel intrigado - "A.B."... Como assim? - sem alternativas, tento ligar para o G mas ele não me atende, então penso em ligar para minha fã, vulgo vizinha, mas lembro que não peguei seu número... passo o resto da noite analisando a carta...

Acabo desabando sobre a escrivaninha do quarto.

***

- Estou aqui dentro!!! - grito loucamente, de um lugar escuro e pequeno - Não consigo respirar... Maninho??? - Vamos seus malditos, já se divertiram... Agora me tiram daqui... Kevin com quem está falando??? Destranque a porta!!!

Acordo com o desespero da minha irmã na porta do meu quarto em pleno meio-dia de um sábado.

- Já vai - digo sonolento - Não posso ter um pesadelo que já acham que tem alguém me estripando aqui dentro?

- Oras seu mal agradecido, eu quase surtei com seus gritos.

- Olha, primeiro eu não estava gritando, estava falando alto; e segundo, você não conseguiria me ajudar, você tem dez anos e eu estava em uma caixa, eu acho...

- Calado! Seu mal agradecido, só vim avisar que o almoço está na mesa - diz ela enquanto se vira e começa pular pelo corredor que vai para a escada. Ao chegar na sala sou esfolado de perguntas.

- O que houve? Ouvi da cozinha seus gritos Kevin, e outra, se comporte melhor com a visita, ela esperou você acordar a manhã toda.

Olho por trás do ombro da minha mãe, afinal sou mais alto, e vejo a minha fã recém conhecida...

- Bom dia, Maria - digo esfregando os punhos nos olhos.

- Boa tarde, K - disse ela entre um sorriso mais firme e menos tímido se comparado com o de ontem - Dormiu bem?

- Poderia ter sido melhor.

- Algo incomodou seu sono?

Neste momento, noto minha mãe que está toda sorridente com aquele olhar "meu filho problemático e anti-social está flertando com alguém". Suspiro e penso - Preciso sair desta casa antes que minha mãe faça aqu-.

Não tive tempo nem de terminar meu pensamento quando minha mãe falou a única coisa que eu torcia para não ouvir hoje.

- Então, vocês são... Bem, um casal?

Maria cora na hora, minha irmã grita e começa a cantar "Maninho e a namorada vão ter filhinhos"; então eu simplesmente me apresso, agarro o pulso de Maria e a levo rapidamente para a sala.

- Espera aqui, Mary.

- C-claro, mas por quê? Onde você está indo?

- Para o meu quarto. Espere um segundo, vou me trocar, esse ambiente é "hostil" demais para um poeta e sua fã.

Ela cora de novo, eu corro para o quarto com três pensamentos:
a Carta, descobrir quem;
a Maria, me desculpar;
e a Casa, fugir por algumas horas.

***

Depois de alguns quarteirões, estamos longe o suficiente para andarmos mais devagar. Porém, quando olho para o lado vejo que ela mal consegue andar.

Diários de um Poeta (W.I.P)Onde histórias criam vida. Descubra agora