Uma coisa que aprendi sozinha, durante esses quase quatro anos de vida de Summer, foi: dar a luz é a parte mais fácil de ser mãe.
Ser mãe é extremamente gratificante, mas ao mesmo tempo é extremamente difícil. Educar é difícil. Ensinar uma pessoa desde a andar, até que não se deve puxar a toalha da mesa, ou que colocar o dedo na tomada é perigoso, também.
A gente pensa que o amor e carinho vão bastar, dar de mamar vai ser nossa única preocupação, e colocar roupas bonitas e passear no parque vão nossas atividades preferidas. Aí chega a realidade e te mostra que a paciência, cuidado, atenção e responsabilidade são muito mais importantes. Amamentar, no começo, não é uma volta no céu, é difícil e doloroso. A introdução alimentar é frustrante, afinal, o bebê não é obrigado a gostar de tudo que você faz. E ficar em casa, enrolada no edredom, brincando com seu bebê, é muito mais prazeroso.
A maternidade é uma dádiva, de verdade, mas exige dedicação e aprendizagem contínua, muitas noites de sono e ataques de pânico por não saber o que fazer quando o bebê fica doente, ou quando ele precisa tomar vacina e seu coração dói por vê-lo chorar.
Tem momentos que a gente pensa que está fazendo tudo errado, se frustra, tem vontade de sentar no chão e chorar. Perde a paciência e quer jogar tudo pra o alto, deixar a criança tomar todo sorvete do mundo, comprar o que quiser no supermercado, e ficar na banheira até ela cansar. A gente tem vontade de fazer isso? Muita. A gente faz? Não. Porque educar e amar é isso, principalmente se a outra pessoa for uma criança, afinal, é o nosso dever ensinar o que é certo e errado. E aí, a gente fecha os olhos, respira fundo, pede paciência a Deus e tenta de novo.
Mas eu também aprendi outra coisa muito importante: eu não poderia ter recebido um milagre maior. Summer foi o meu milagre, a minha salvação, e se fosse pra colocar meu amor em números, atravessaria o infinito, porque era uma função exponencial crescente. Descobri também que Summer era meu coração que batia fora do peito, uma parte de mim, e a qual eu agradecia a Deus todos os dias por estar ao meu lado.
Summer era uma pequena guerreira, e apesar de todas as nossas dificuldades, não deixava de sorrir e espalhar amor. Era amorosa, carinhosa e adorava fazer amigos. Com ela não tinha tempo ruim, e mesmo em meio a chuvas torrenciais, ela era meu arco-íris. Seu sorriso, assim como sua inteira existência, era não só meu sol, mas meu verão inteiro.
Dormíamos e acordávamos juntas, e seu rosto tranquilo e perfeito era a primeira coisa que eu via de manhã. Passava alguns minutos só a admirando, vendo seu peito subir e descer, os cabelos loiros se embaraçarem em seu rosto, sua boca, pequena e em formato de coração, entreaberta, e a mão sempre embaixo da sua bochecha. Parecia um anjo, meu anjo.
Summer ainda parecia com Jack. Muito. E tinha puxado a mesma beleza. Tinha a mesma covinha na bochecha e o mesmo sorriso, os olhos escuros, mas os dela carregavam uma pia inocência, diferentemente dos olhos do pai, que eram penetrantes e maliciosos. A pele dela, alva, era em contraste com a dele, bronzeada, e nisso ela tinha puxado a mim. Diria que, em questão de personalidade, a facilidade de encantar e fazer amigos também eram dele. No quesito ser carinhosa e não ver mal em nada era eu.
- Acorda, dorminhoca. - sussurrei em seu ouvido.
Vi ela sorrir, mas continuava de olhos fechados.
- Acorda.
Dessa vez, ela balançou a cabeça negativamente.
- Você não quer ir pra escola?
Balançou a cabeça novamente.
- Por que não?
- Eu tô cansada.
Com isso eu ri.
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4 Years of Struggle
RomanceAna nunca podia imaginar que sua vida daria um giro de 360° graus depois daquele verão. Quatro anos depois do nascimento de Summer, Ana se vê morando com sua melhor amiga e a filha em Washington D.C, com um novo emprego, fazendo faculdade e com um n...