Capítulo 8

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Assim que cheguei à segurança de casa, me escorei na porta e respirei fundo, me sentindo, subitamente, extremamente cansada e sem fôlego.

- Ana? - Erin chamou do quarto.

- Oi.

- Comprou?

- Comprei.

Escutei passos apressados e, de repente, Summer apareceu. Ainda de bailarina.

- Vamos tomar banho?

Ela sorriu sapeca e balançou a cabeça negativamente.

- Vem brincar comigo.

Pegou na minha mão e começou a me arrastar pra o quarto.

- Vamos tomar banho logo, depois eu brinco com você.

- Não, vem brincar só um pouquinho comigo. - continuou a me puxar.

Suspirei derrotada e coloquei a sacola plástica em cima da mesa da cozinha, indo em seguida pra o quarto. Assim que cheguei lá, encontrei Erin deitada na cama, mexendo no celular e um monte de boneca espalhado pelo chão.

- Sua tia adora fazer bagunça, não é?

- É!

- Ei! - Erin protestou, já rindo.

No entanto, sua risada morreu assim que me encarou. Consegui ler seus lábios fazerem a pergunta preocupada "o que foi?", mas balancei a cabeça e respondi da mesma forma "depois".

Voltei minha atenção pra criança ao meu lado e depois de brincar por alguns bons minutos de boneca com ela, a incentivei a guardar tudo nos devidos lugares e a tirar sua roupa de bailarina pra tomar banho - o que foi meio difícil. Depois que consegui fazê-la dormir, fui pra sala conversar com Erin.

- O que aconteceu?

Perguntou assim que apareci na sala.

- Encontrei o Jack lá no portão quando cheguei do mercado. - falei enquanto me sentava ao seu lado no sofá.

Ela se virou completamente no sofá pra me olhar.

- E o que ele disse pra te deixar com essa cara?

Encostei a cabeça no encosto e suspirei.

- Aquelas mesmas mentiras de sempre, que voltou pra ficar, que quer ficar perto da Summer, que não vai desistir e blá blá blá...

- Tem alguma coisa que você não tá me contando. - disse desconfiada.

- É só... - passei a mão pelo rosto. - Ele fica nessa coisa de me implorar pra ficar perto dela, me dizendo que mudou, e eu fico tão brava! Ele é egoísta, hipócrita, e ainda fica me dizendo que sou eu a imatura, que não quero conversar com ele, que não quero resolver "as pendências do passado". É, eu realmente não quero, porque depois desse tempo todo eu finalmente consegui superar tudo isso, criar a minha filha sozinha sem precisar dele, pra ele chegar agora, do nada, arrependido, e achar que tudo vai se resolver num passe de mágica? - despejei tudo o que eu estava sentindo quase num fôlego só.

- Ele pediu pra conversar com você? - foi a única coisa que ela me perguntou.

- É. Eu acho. - dei de ombros.

Erin abriu a boca pra responder, mas o toque do meu celular a interrompeu. Vi um nome brilhar na tela e imediatamente sorri, levantando o dedo indicador pra pedir um minuto a minha amiga.

- Quem é vivo sempre liga, não é? - foi a primeira coisa que falei assim que atendi o telefone.

- Digo o mesmo pra você, senhorita. Só a irmã mais velha aqui que liga pra você?

4 Years of StruggleOnde histórias criam vida. Descubra agora