Capítulo 7

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Baby, baby please believe me

Find it in your heart to reach me

Promise not to leave me behind

Fiquei afastada do escritório por três semanas, mas em nenhum momento tirei da cabeça o que aconteceu. Parecia complexo demais, ou eu que não queria acreditar em alguma verdade que parecia estar bem de baixo do meu nariz.

O problema era que eu não sabia que verdade era essa.

Ou não queria acreditar nela.

Passei a ver Adam apenas de relance no escritório. Não nos encarávamos, sequer nos falávamos. Ele não voltou a me perturbar ou a querer me agarrar quando eu estava sozinha na sala de reuniões, parecia realmente respeitar o meu relacionamento com Harry que estava ficando cada vez mais estável.

Por falar nisso, era estranho estar em um relacionamento estável com um garoto bem mais novo que eu. Na verdade, a grande estranheza é o fato de ser "estável". Sempre fui uma mulher muito focada nos deveres e isso desde a escola, então, mesmo na faculdade onde as pessoas encontravam o dobro de chances de se relacionar devido às milhares de festas de fraternidade, eu me relacionava pouco e priorizava os estudos. Além do mais, passei os últimos quatro anos tendo encontros casuais com Levine, sem me preocupar em ter outros caras porque só ele já me satisfazia e muito bem, devo dizer.

E agora eu tinha um cara que já queria deixar uma escova de dente no meu apartamento. Como as coisas foram chegar a esse ponto?

Harry era um garoto legal, bonito, prestativo, romântico e definitivamente bom de cama. Eu até gostava de estar com ele, era divertido e leve, sem pressão, porém tinha algo que não combinava muito bem. Eu não sabia exatamente o que estava sentindo de errado, então foi acontecendo... ele foi ficando... e ficando...

E eu ainda não esquecia o filho da puta do Levine. Sempre me corroendo por dentro pela razão de as coisas terem sido diferentes comigo.

Certo dia, saí do escritório mais tarde - devido ao tempo de suspenção, alguns trabalhos acumularam e eu sinceramente não queria ter que levar para casa. Já era bem de noite, mas as ruas ainda estavam movimentadas, e por ter começado a chover, resolvi pegar um caminho mais calmo mesmo que fosse mais longo. A verdade era que havia algum tempo que surgiu o boato de que um possível temporal chegaria à cidade, porém ninguém conseguia dar uma previsão mais concreta de quando seria e se caso essa chuva fraca de agora fosse essa possível tempestade, eu preferia não arriscar entre muitos carros e pedestres.

O problema foi que antes de eu chegar à metade do caminho, a chuva aumentou repentinamente e de tal forma que não consegui enxergar mais nada a minha frente. O volante começou a escorregar em minhas mãos, a estrada ficou extremamente escorregadia e um pavor subiu em mim. Parei o carro e tentei respirar e pensar da forma mais lógica já que não tinha mais como continuar. Tentei ver alguma coisa, porém estava tudo extremamente esbranquiçado, mesmo assim continuei olhando a procura de algum sinal que me ajudasse a me localizar - afinal, ou era isso, ou ficava no carro até a chuva passar. Um relâmpago cruzou o céu e iluminando o lado de fora por alguns segundos e eu, felizmente, estava olhando para o lado certo no momento.

Era só o que me faltava!

Contei até três e saí do carro, me arrependendo instantaneamente. Além da chuva fortíssima, o vento quase me carregava para trás. Mesmo assim continuei andando, era a melhor saída que eu tinha. Quando cheguei ao prédio, a porta não demorou muito a se abrir, provavelmente Harols tinha me visto na câmera de segurança e deu um jeito de me tirar daquela chuva não me fazendo esperar. Passei pelo saguão fazendo um rastro de poças, disse um "me desculpe", mas ele apenas balançou a cabeça e buscou um esfregão enquanto eu ia direto para o elevador.

Keep Me Coming Back (pt)Onde histórias criam vida. Descubra agora