23º Capitulo

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O meu corpo sem uma pinga de sonolência remexia-se sobre o colchão duro da minha cama.

A minha almofada foi revirada várias vezes enquanto tentava encontrar uma posição confortável para pelo menos tentar relaxar.

Pedia por umas horas de sono mas era simplesmente impossível quando lágrimas foram derramadas e palavras ficaram por dizer. Pela primeira vez consegui impor-me perante ele, mas não sei o que me deixa mais destruída, as frases ou as ações.

O gosto dos lábios dele ainda presente em mim, consigo sentir cada som, cada contacto. É como se ele já fizesse parte da minha vida e eu simplesmente não conseguisse evitar desejar que ele estivesse apenas perto de mim. Talvez tenha de provar um pouco da escuridão para lhe dar alguma luz.

O meu telemóvel vibrou contra a pequena mesa de cabeceira provocando algum barulho na madeira.

Estiquei o meu braço e segurei no aparelho branco tentando identificar a chamada. Número desconhecido. Pressionei o botão verde e encostei o altifalante á minha orelha, tentando ter alguma pressão de quem estaria a telefonar ás três da manhã.

"Sky..." arrastou o meu nome de forma rouca, porém trêmula.

"Harry? Estás bem?" disse ligeiramente alarmada.

"Eu não sei, porra eu não sei nada." resfolgou.

"Eu estou a ir para aí agora!" disse enquanto puxava atrapalhadamente um par de calças de treino da gaveta.

"Eu quero estar sozinho."

"Eu não te vou deixar Harry..." respirei fundo "nunca."

Escutei um barulho agudo e de seguida a chamada caiu.

"Raios Harry!" disse para mim mesma enquanto acabava de me vestir.

Desci as escadas desastradamente e sem pensar duas vezes retirei as chaves do carro de Josh. Eu não tenho outra opção senão levar o automóvel dele. Não é algo que gostasse de fazer mas neste momento eu não me podia importar menos.

Escapuli-me de casa tentando fazer o menos barulho possível e corri apressadamente até ao carro.

"Só tenho de me lembrar das aulas de condução." motivei-me.

Inserir a chave na ranhura correta e comecei a conduzir, poderia ter sido melhor mas não foi um desastre total. O carro foi a baixo algumas vezes mas o que interessa é que cheguei a rapidamente á casa de Harry.

Quando eu ouvi a maneira como ele chamou o meu nome através do telefone o meu coração caiu. Eu senti preocupação e afeto, eu senti que mais que tudo eu queria estar ali para ele. E agora aqui estou eu em plena madrugada em frente á sua casa.

Corri até á sua porta e inventei mil e uma possibilidades nada boas para a mesma estar totalmente aberta.

"Sky?" segui a melodia inconfundível da sua voz.

O seu corpo totalmente estendido no chão, garrafas partidas á sua volta e um tremendo cheiro de álcool por toda a sua entrada.

Andei até ele e colei os meus joelhos ao chão tendo em atenção os vidros espalhados.

"Dói muito, faz isto para por favor." suplicou enquanto soluçava.

Lights Out || H.S || (PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora