A respiração calma e serena sentia-se por entre os meus cabelos escuros deixando-me com uma sensação de paz tremenda, era leve e suave a maneira como o seu peito subia e descia para acompanhar as batidas do seu coração bondoso.
Paixão era o único sentimento que eu pensei nunca demonstrar para com ele. Mas agora aqui estou eu, nos seus braços quentes enquanto mil e um pensamentos e teorias para desvendar o porque de o ter escolhido a ele. O meu coração, o meu corpo, a minha alma, tudo está nas mãos dele, e nunca pensei sentir-me tão bem com isso.
A minha cabeça encaixava no pequeno espaço deixado entre o seu pescoço e a almofada branca. O seu queixo descansava sobre o topo da minha cabeça, o local era acariciado com os seus lábios e mãos, enrolando os meus cabelos numa confusão tremenda, mas não me importo minimamente. A sua mão livre contornava a minha cintura enquanto a minha deslizava continuamente pelo seu peitoral. A sua pele morena e cheirosa estava agora quente e suada, mas nem isso me impediu de beija-la carinhosamente. Deixei os meus lábios acariciarem o seu pescoço, demonstrando todo o meu apreço e afeto, e talvez o meu amor.
"Foi bom para ti?" a sua voz rouca soou mais entorpecida do que o costume quando puxei um pouco da pele do seu maxilar por entre os meus dentes.
Palavras que quero dizer mas não são permitidas. A língua puxa para si a frase que eu preciso dizer, e eu não posso fazer nada contra isso. Sempre acreditei que um só gesto pode demonstrar algo que palavras não conseguem mostrar. Ver algo para além do comum, abrir mentes e expandir pensamentos proporciona uma maior noção do espaço que nos rodeia. A bolha que me envolve é instável e eu não sei se estou preparada para o momento em que ela se irá partir.
"Em que tanto pensas Sky?" um caminho é percorrido desde a minha cintura até ao meu colar, ele enrola-o na mão cuidadosamente.
Como é suposto não sentir algo quando ele deposita toda a sua delicadeza em algo que para muitos é insignificante. A forma como os seus olhos brilham ao som da culpa e do perdão cada vez que ele toca no colar, quase como se fosse culpado não só pela terrível discussão mas também pelo seu final trágico. E dou por mim a pensar como seria o seu rosto ao olhar para o homem á minha frente, se bem que me lembro de si, ela iria sorrir para esconder as lágrimas que iria deitar por ver a sua pequena crescer, recordo-me de todas as vezes que as suas lágrimas caiam quando eu conquistava algo, talvez por saber que poderia ser a última vez.
"Eu tinha seis anos quando ela se foi..." impulsionei o meu corpo coberto pela sua camisa para cima, apoiando-me nos joelhos.
O Harry olhou-me cuidadosamente averiguando a situação antes de abrir a boca para dizer algo.
"Eu só não lamento diretamente porque sei o quão miserável é ouvir essas palavras vezes sem conta quando sabes que na verdade eles não se importam com a tua perda. Eu realmente gostava de lamentar sobre isso, mas não irei fazê-lo porque não é suposto achares que foi automático pedir desculpas pela tua perda, mas sim porque realmente me importo, e tu sabes que sim." os seus olhos não deixam os meus quando a sua mão se entrelaça na minha, e foi essa a minha força para continuar. Está na hora de deixar esta parte de mim revelar-se.
"Vou poupar os detalhes insignificantes acho eu. Ela adoeceu rapidamente, mas a sua doença desenvolveu-se tão lentamente que eu juro que podia vê-la perder a força cada dia. Eu tinha 6 anos, era suposto querer brincar com bonecas e colorir desenhos depois de vir do parque, mas ao invés disso eu estava no hospital a tentar escolher qual as flores mais bonitas para oferecer á minha mãe." fechei os olhos e comprimi os lábios tentando acalmar-me.
Sentia a minha face a ficar molhada gradualmente, os pensamentos enchiam a minha memória e imagens que não posso apagar infiltravam-se á minha frente. Era um buraco negro, recordações que doem mais que pólvora a raspar contra a pele. Existe sempre aquela altura em que pensas que já não te afeta, mas é mentira, porque apesar de não estar contigo as recordações continuam.
"Os meus pais estavam separados desde que eu me lembro. Eu vivia com a minha mãe e os meus avós, apesar de amar muito o meu pai eu não podia abandonar a minha mãe. Até que aquilo aconteceu...um dia fui visitar a minha mãe á noite, lembro-me tão bem de como ela estava, o seu cabelo rapado e a sua voz trêmula e quase imperceptível pronunciaram as palavras mais lindas que eu já ouvi na minha vida." engoli em seco e chorei miudinho enquanto mordia o meu lábio.
"Ela disse que me amava e estava orgulhosa de mim, foram as ultimas palavras que eu ousei ouvir de si, porque apenas uns dias ou semanas depois, não me lembro, acordei com a notícia de que ela tinha morrido. Foi o pior dia da minha vida, eu não acreditei que aquilo estava a acontecer comigo, sabes? E a partir daí escolher flores para colocar no quarto dela foi substituído por escolher flores para a campa dela. Eu não deveria ter vivido aquilo, sentindo aquilo! Dói tanto quando a presença de alguém simplesmente se transforma em vazio. E porra eu quero que lamentem! Quero que ao menos tentem fingir que se importam, porque pelo menos ai mostram sentimentos. Eu quero que digam que sentem muito pela minha perda mesmo que seja mentira! Raios, eu quero sentir que ela vai ser lembrada e não esquecida." a minha voz subiu alguns níveis tentando sobressair sobre as lágrimas.
O meu corpo tremia enquanto a minha garganta queimava com todos os gritos que eu sustinha. Soluços escaparam por entre os meus lábios e neste momento eu só queria mandar esta dor embora. Era cada vez pior, e eu não sabia como a parar, porque a cada segundo era mais intenso, mais escuro.
"Eu lamento bebé, lamento por ti, pela tua mãe, por mim! Lamento porque uma alma tão boa como a tua não merecia tanta dor. Lamento por não te ter encontrado á mais tempo. Vem cá." os seus olhos estavam aguados quando a sua mão puxou a minha para si.
Cai no seu colo rapidamente, apertei o seu peito contra mim e gritei. Gritei o mais alto que pude por entre a sua voz abafada. Senti um peso a sair do meu coração á medida que me pressionava mais contra ele. Sentir o seu coração a bater como uma resposta para nao deixar o meu desistir.
"Shhh não chores mais amor, usa a minha dor para te curar a ti." e por entre as suas palavras adormeci.
Obrigada pelos 16K Lighters ❤️❤️❤️ Djsjwjsjwbsna amo-vos!
Muitas meninas perguntaram como é que escrevia tão bem mas partes da perda da sky, eu nunca pensei que vos fosse contar isto mas, eu escrevo desta forma porque eu vivi isto. A minha mãe morreu de cancro quando eu tinha 6 anos e bem meninas é por isso que escrevo dessa intensidade...espero que compreendam, bjs
Anaxx
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Lights Out || H.S || (PT)
Teen FictionSky era uma rapariga doce e amável que mesmo depois de viver um passado difícil conseguia sorrir e ser feliz. Harry era um rapaz revoltado que mesmo acompanhado toda a sua vida se sentiu sozinho no escuro. Será a rapariga teimosa capaz de dar o bra...