A surpresa

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Já eram 16 horas, eu e o Ricardo estávamos prontos para sair, eu disse: A essa hora já não me apetece ir ao Veneza, devíamos ir pra um outro lugar..
Ele: Ok, pode ser. Já tens em mente algum lugar?
Eu: Por acaso, não. Estou sem ideias.
Ele: Então anda, vamos decidir isso no caminho.

Fomos até ao carro dele... Ele abriu a porta para que eu entrasse, depois deu a volta e entrou também... Fizemo-nos à estrada.. No caminho ele perguntou: Já surgiu alguma ideia?
Eu: Noop. Nenhuma.
Ele: Ok. Amanhã venho buscar-te para irmos à escola juntos.
Eu: Na boa.

Ficou um silêncio durante algum tempo, de repente ele gritou entusiasmado: Já sei aonde é que iremos!!!
Eu: Vamos aonde?
Ele: Espera e já vais ver...
Eu: Não podes dizer? Estou curiosa!
Ele: A curiosidade matou o gato. Hahaha

-Pensei em insistir em perguntar para onde iríamos, mas desisti, ele não me diria enquanto não chegássemos. Só me restou esperar e curtir a viagem, afinal, conduzir cansa e não é todos os dias que tenho um motorista particular e não remunerado.

Passado algum tempo, ele disse: Tu em tua casa não te sentes sozinha as vezes?
Eu: Bom. Sinto, sempre vivi com os meus pais e irmãos mas desde que eles mudaram-se para outra cidade eu tenho vivido sozinha e acho que já estou acostumada.
Ele: Se tivesses que ter um filho ou adotar alguém, terias paciência para cuidar desse alguém?
Tempo para te dedicares? Dar atenção? Assistência? Etc..?
Eu: Oh, mas porquê essa pergunta agora?
Ele: Responde-me apenas, é importante.
Eu: Bom. Eu não trabalho, vivo da mesada que os meus pais mandam, eu poderia até dividir a minha mesada com alguém, se esse alguém gastasse tão pouco quanto eu.
Ele: Hummm... Se nós tivéssemos um filho, tecnicamente eu teria que dividir as despesas contigo(...)
- Eu interrompi-o e disse: Tecnicamente não. Logicamente!
Ele: Como eu estava a dizer... Teríamos que sustentá-lo os dois. Então não há crise.
-Pensei comigo:"Esse dred está a "birutar" bem. Está a ficar maluco, só pode!"
Eu: Mas aonde é que queres chegar com essa conversa? Eu não estou grávida, se é isso que estás a pensar...
Ele: Não viajes tanto, relaxa, já vais perceber... Já estamos a chegar..

Passado algum tempo, ele disse: Prontos. Chegamos!

Paramos na frente de um muro com um portão enorme. Eu não percebia o que se passava, então perguntei-lhe: Aonde é que estamos? Aqui é casa de alguém? Quem mora aqui?
Ele: Um amigo meu. Vais gostar de conhecê-lo!
-Eu continuava sem perceber o porquê da ida a casa desse amigo, mas não me ralei. Ele ligou para o tal amigo, a conversa foi super curta.
Ele: Alô. Aonde é que estás, cabrito? Ahn.. Estou aqui fora. Não, estou de carro, manda abrirem o portão para eu entrar, tenho uma novidade para te contar...
-Eu nem comentei... Fingi que não achei esse paleio, mega estranho.. O portão abriu-se, entramos para o quintal da casa, e que quintal, era enorme! Todo verde, parecia uma quinta na cidade, o chão todo relvado, árvores e arbustos por todo lado, sem dúvidas um local bonito é muito acolhedor. A casa ficava bem no fundo do quintal. Pensei comigo:"Eu não venho aqui sem carro"
Chegamos na casa, o amigo do Ricardo já estava na porta. Ricardo desceu do carro, deu a volta e veio abrir a minha porta( Ele até que sabe ser um cavalheiro, quando lhe convém)
Desci do carro, demos as mãos e dirigimo-nos à porta.
Acho que o amigo não esperava que o Ricardo estivesse acompanhado, quando olhou para mim, a sua expressão facial demonstrou muita surpresa.
Cumprimentaram-se logo. Apertos de mãos, palmadas nas costas, dizeres masculinos, típico entre amigos.. Depois, Ricardo virou-se para mim, segurou-me na mão e disse: Nerine, este é o meu amigo Sérgio. Uma das melhores pessoas que conheço.
- Depois olhou para ele e disse: Sérgio, esta é a Nera, minha "namorada."

- Opá!!! Naquela hora eu se não tive um enfarte, Deus é que sabe. Parecia que o meu coração ia saltar pela boca, senti um arrepio no estômago e as minhas mão começaram a tremer. Foi uma reação difícil de disfarçar. Só me restava sorrir e cumprimentar o amigo, que também parecia bem surpreso com "a novidade".

Cumprimentarmo-nos então, um beijinho em cada bochecha e eu disse: Nera Marine, muito prazer.
Ele: Sérgio Mendes, o prazer é todo meu, andem daí, entrem..

-Entramos... O interior da casa condizia totalmente com o exterior. Super simples, móveis de madeira, o chão era madeira, vasos de flores nas mesas, enfim, tudo ligado à natureza.
Sérgio disse à mim: Fica à vontade, a casa é tua. Tem muitos insectos por aqui mas são inofensivos (risos)
Eu sorri, e disse: Obrigada. Já me sinto muito à vontade, tens aqui um lugar muito acolhedor.
Sérgio: Obrigada, na verdade a casa é da minha mãe mas ela quase que já não para aqui, então disponibilizou-me o espaço para alguns negócios que eu faço, assim a casa não fica sem ninguém.
-Soou tão estranho que eu nem perguntei que tipo de "negócios" ele fazia...
Ricardo disse: Sérgio, lembras daquilo que eu tinha pedido para trazeres e depois disse que não queria mais ?!
Sérgio: Ya, wi. Lembro sim, porquê que desististe da ideia?
Ricardo: Ah, tinha ficado desmotivado e tal, mas agora quero outra vez.. Ainda tens ou já despachaste tudo?

-Eu estava no banzelo, não percebia nada, não tinha a mínima ideia de que assunto é que se tratava.. Então meti-me na conversa e disse: Desculpem-me, vocês estão a falar de quê?

Os dois puseram-se a rir da minha cara e o Sérgio disse: Bro, tiveste sorte que não levaram tudo, e tem novidades, acho que vais curtir.
Ricardo: Ainda bem, vou levar hoje, quero oferecer à uma pessoa muito especial. (Disse isso enquanto olhava para mim com uma cara de quem não apronta nada)
Aquele momento estava cada vez mais irritante, duas pessoas que se conhecem, a conversar sobre algo que eu não sabia o que era, e ainda por cima EM CÓDIGOS!
Então o Sérgio disse: Vamos para o quintal de trás, vais ter muitas opções, Ricardo. Andem..

-Levantamo-nos e fomos até à parte de trás, chegando lá, senti umas mãos vindas de trás taparem-me os olhos. Era o Ricardo. Perguntei-lhe: Estás maluco?
Ele: Quieta. Quero fazer-te uma surpresa, vais gostar...
Eu: Epah, cada maluco com a sua pancada.
Sérgio: Então habitua-te, porque esse gajo é o rei dos malucos..
(Rimos os três)
Continuamos a andar, eu sempre com os olhos tapados, de repente paramos. Ouvi um latido super grave, parecia ter vindo de um cão de porte grande e não estava muito feliz com a nossa presença. Sérgio começou logo a pôr ordem, supostamente neste cão bravo e nos outros que apesar de não estarem tão agitados, também se manifestaram logo a seguir.
Tive medo por alguns instantes, estava com os olhos tapados e não sabia se havia algum cão solto ou não.
Ricardo dizia o tempo todo: "Não espreites, não estragues a surpresa.. Os cães estão presos, não tenhas medo"
Quando os cães sossegaram, acalmei-me também..
Ouvi o Sérgio aproximar-se, de repente ele destapou-me os olhos e disse: Prontos. Ja podes abrir os olhos. Fui eu que escolhi, espero que gostes da tua nova companhia....

- Na minha frente estava o Sérgio com um lindo filhote de labrador. Um mimo, tão fofo que dava vontade de abraçar e nunca mais largar... Explodi de felicidade, não me contive e estalei um beijo enorme no Ricardo, eu adoro cães e ele acertou na raça que escolheu.
Isto significava muita coisa, mas o melhor de tudo é que eu comecei a acreditar que ele gosta de mim de verdade... Ele preocupa-se em conhecer-me e agradar-me.

Ele parecia estar todo orgulhoso de si, sorriu e disse: Eu sabia que ias gostar. É um macho, qual é o nome que lhe vais dar?
Eu: Ele vai chamar-se Júpiter!
Sérgio: Que nome incomum para um cão..
Eu: Eu sou uma mulher incomum, com um nome incomum e com um cão que tem um nome incomum..
Sérgio: Hahaha, ta certo. Perdão, senhorita incomum.
Eu: Estás perdoado. Obrigada pelo cachorrinho..
Sérgio: Não me agradeças, o teu namorado vai pagar-me por ele.(risos)
Ricardo: Por falar nisso, passo por aqui amanhã, depois das aulas..
Sérgio: Na boa. Deixem-me dar-vos as indicações. Ele está com 3 meses, só tem as primeiras vacinas, daqui a 3 meses terá que fazer as outras, comprem ração de filhotes e ele ainda precisa de tomar leite pelo menos até os 5 meses. Levem-no ao Vet, controlem a saúde dele para que o dinheiro pago por ele não seja gasto em vão.
Eu: Ordens captadas!
Ricardo: Então é tudo!
Sérgio: Pelos vistos sim.. Eu vou sair daqui a pouco, essa é aquela hora em que vos escorraço de forma muito educada... Caro casal, queira fazer o favor de bazar?!
-Rimos os três...
-Eu não descolava do meu bichinho. Sérgio acompanhou-nos. Saímos de dentro da casa, fomos para o carro. Primeiro passamos por um PetShop para comprar alguns mantimentos para o Júpiter, depois partimos rumo a minha casa.
Já eram quase 19 horas, o meu dia de mandar e exigir tinha corrido totalmente diferente do que eu tinha planejado mas não poderia ter sido melhor. Num dia ele tinha-me oferecido 3 presentes: Uma alcunha, um cachorrinho é um namorado oficialmente meu!
Eu estava completamente nas nuvens...

Um amor premeditadoOnde histórias criam vida. Descubra agora