A flor secreta

Perdidos na noite

Talita estava na banheira olhando os reflexos da luz da lua na água e , em seguida, chacoalhava seus pés para dispersá-los, ouvia o barulho da água em movimento ,fechava seus olhos e tudo era tão calmo...seu corpo entorpecido pela água morna, seus pensamentos em meditação. A água voltava ao seu equilíbrio, as manchas claras dos reflexos da luz da lua brilhavam docemente na superfície da água, tudo na mais perfeita harmonia etérea daqueles prazeres graciosos.

Sebastian sentia que sua cabeça talvez se explodisse, seu corpo estava tomado por longos
pelos negros e grossos que se eriçavam lhe dando , em seguida, uma coceira selvagem que
o fazia rolar pelo chão apertando suas orelhas que doíam freneticamente, seria impossível
sair vivo, pensava Sebastian.
Mas tão logo seus pensamentos se dissiparam ,uma grande dor aguda nas orelhas que pareciam levar um grande puxão -como se alguém o estivesse carregando pelas orelhas - o fazia crer que algo as puxava mas Sebastian só podia ver a sua frente a mais escura e longa noite.

Talita começava a ficar enrugada nas pontas de seus dedos , mas isso não importava...
Olhava para seus dedos enrugados e se lembrava da sua não tão longínqua infância, ela ficava por horas na piscina até que seus lábios perdessem as cores e se tornassem roxos, sua mãe brigava com ela , mas ela sabia que tinha aproveitado o suficiente daquela diversão e era isso o que valia a pena, apesar de tudo.

Sebastian sentia suas orelhas pressionarem suas mãos até que não conseguiu mais segura-las ,
elas cresciam e se abriam ,se preenchendo de pelos grossos , pelos desceram pelas sua face
e Sebastian tentou gritar mas sua língua se debatia na sua boca incontrolável, seu nariz se empinava e diminuía suas bochechas se inclinavam para frente. Sebastian só conseguia
Pensar em Talita , já era tarde demais.
Sebastian agora agia instintivamente, sua cabeça se sacudia apenas mais uma vez, transformando sua face contraída de dor em grandes dentes caninos, um uivo estrondoso sai rasgando sua garganta cortando a noite ,transformando
sua face em uma cruel face de lobisomem.

Talita ouve um uivo terrível na floresta ;tão rápido e apavorante como um raio, seu coração pula na garganta e se acelera loucamente; Talita sai da banheira rapidamente se veste enquanto tenta alcançar a porta, desce as escadas e nem as ouve ranger , sente seu coração palpitar em suas mãos ,apenas. Chega no espaço entre o chalé e a floresta, continua correndo até que as arvores cobrem suas costas e não há nem um sinal do chalé , apenas a escuridão circundante e desorientadora está a sua frente.