-Onde você esteve?-Pergunta Sebastian para Talita.
-Estive no rio.-Diz secamente.
Talita havia enterrado o papel e prometeu selar o que estava escrito em seus lábios,Sebastian não poderia saber da proposta perturbadora que gelava seu estômago e lhe deixava aérea.
Talita então percebeu que estava escurecendo,o céu celebrava matizes de tons vermelhos e amarelos anunciando o por do sol. Havia se passado tanto tempo em um abrir e piscar de olhos,entre um medo e outro novo medo.
Talita voltou a olhar para Sebastian,ele tinha uma expressão corporal ansiosa.
Percebeu que ele estava com um saco cheio e pardo nas mãos.
-O que é isso?
Sebastian sorriu:
-Nosso desjejum.
Talita imaginou que seria pão novamente,aquele pão áspero dos prisioneiros.Tentava esconder o desapontamento,o estômago estava vazio e enjoado para pão seco.
-Você não vai acreditar...-Dizia Sebastian tirando vinho do saco pardo-Aqui vai todo o meu salário e aumento!
Talita nunca havia tomado vinho de verdade,só havia provado com a ingenuidade saudável de uma criança.
Pela cara da Talita,Sebastian disse:
-O que foi?...Ah é verdade precisamos de luz!!! Vai ser rápido.Sebastian saiu correndo para o chalé.
Talita se recordou do unicórnio com a menção de Sebastian sobre a luz e novas lembranças de escuridão vieram.
Talita fechou os olhos e sentou-se.Já estava cansada de imaginar o que precisava acontecer.
Logo vinha Sebastian com uma pilha de madeira cortada.
-Aqui está nossa luz!-Dizia Sebastian enquanto arrumava a fogueira,Talita devia ter observado como se montava uma fogueira mas seus olhos se encaminhavam instantaneamente para as novas estrelas que despontavam no céu.Talita começou a ouvir o estalar do fogo,a fogueira estava pronta.
Talita olhava para a fogueira tentando desvendar o que o céu a fazia sentir,era uma espécie de aconchego e humildade.
Aconchego...a fogueira começava a esquentar o espaço a sua volta,seus olhos se voltavam para Sebastian,ele estava crescendo mais e mais,tomando corpo,virando um homem. Talita sentia uma espécie de orgulho ao vê-lo, mas talvez não fosse orgulho,parecia algo bem mais que orgulho.
Talita sacudiu os pensamentos e observava Sebastian enquanto ele mexia no fogo.
Sebastian era instintivo como a floresta,sabia que Talita estava o olhando...Pegou o vinho o abriu e tomou um gole fazendo uma cara como se tivesse tomando o próprio elixir da vida,era um desafio.
Estendeu o vinho para Talita,Talita aceitou.
Tomou um gole pequeno o vinho desceu queimando sua garganta com uma espécie de torpor.Aquilo era bom.
Sebastian pegou o saco pardo e arrastou-se para o lado da Talita.Tirou do saco marshmallows e os espetou em gravetos colocando-os no fogo.
O cheiro dos marshmallows,o sabor do vinho,o calor da fogueira pareciam uma melodia na noite,eram o descanso do dia.
Talita agora se sentiu bem pela primeira vez depois daquele dia no parque,queria dizer algo para Sebastian,descobrir as coisas,mas aquele momento precisava mais que palavras,precisava de silêncio.Ouvia o barulho da natureza,olhava as estrelas,o vinho ia descendo tomando espaço em seu corpo.
Talita inconscientemente estava quase caindo no sono,mas aquele momento parecia bom demais pra acabar tão depressa,sentiu que Sebastian passara seu braço sobre sua cintura e adormeceu.
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A flor secreta
Viễn tưởngTalita descobre um mundo mágico e secreto no lugar mais inesperado .Ela se encontra em um lugar tal como um sonho , encontrando as mais maravilhosas e (talvez nem tanto) criaturas. Um simples passeio pode se tornar um sonho ou um pesadelo. [...]Brin...