A flor secreta

Divagações

- Bless-me. -diz Sebastian, beijando seu amuleto da sorte pendurado ao seu pescoço e caminhando na floresta escura como breu.
*****

Talita entra no chalé e fecha a porta atrás de si, agora ela está definitivamente sozinha nem sequer um grilo faz barulho lá fora , aquele silencio a faz se perder em seu pensamentos:
Eu não sei o que pensar sobre tudo isso, o que ele quer dizer com a floresta? Como eu posso imaginar? E seus olhos , sua voz já não são mais as mesmas, ele parecia um mirrado garotinho sujo e agora ele acha que tem sua própria casa e fica me dando ordens, como se tivesse ... Como se tivesse amadurecido do dia para a noite. 
Talita morde os lábios :
...Eu deveria pedir alguma explicação, o que minha mãe iria pensar se descobrisse que eu estou na casa de um garoto que eu mal conheço e que aparenta ser mais velho em uma noite escura como essa? Ah...ela iria me matar , com certeza. Além disso...como posso explicar que eu não estou me sentindo culpada , como qualquer pessoa se sentiria.
Talita dá um sorriso torto:
     ...talvez eu também não seja mais a mesma ,não nos meus pensamentos ,pelo menos. Eu queria ver ,as vezes,através dos seus pensamentos , queria saber o que ele ouve e como pode ouvir algo , e se locomover tão facilmente em uma floresta escura como a noite, sem cair ou ficar tenso como eu estive, como eu estou agora.
Talita percebe que está a um longo tempo parada , olhando em qualquer direção e que já fazem uns 15 minutos que está pensando, resolve se adiantar antes que Sebastian volte e a encontre naquele estado sujo e desgrenhado:
Quando ele voltar eu quero saber de tudo e dessa noite não passa!

*****

Talita procura desesperadamente pelo pão, ela está com muita fome; fazia muito tempo que ela não fazia uma refeição decente ; desde que chegara nesse novo mundo , sim ,era assim que ela chamava aquele lugar encantado pois encantado seria inapropriado para aquele lugar tão estranho e de criaturas estranhas, o que não permitia que ela descobrisse de qual contos de fadas aquelas criaturas pertenciam e nem qual seria a historia mais apropriadas para elas, talvez não existisse nenhuma.
Talita devorou o pão , não era o dos melhores , mas era o melhor do que tinha posto no estômago desde então. Enquanto comia os pães colocou uma boa quantidade de agua no caldeirão pendurado na lareira, esperava que o banho a relaxasse.
A agua começava a borbulhar no fundo do caldeirão, a agua estava pronta só seria preciso mistura-lá com um pouco de agua fria em uma banheira, Talita achou algo parecido com uma banheira velha ,mas que estava limpa e passou a despejar a agua quente e fria para que a agua não queimasse seu corpo.
Ia testando a temperatura sempre que adicionava mais agua , pois deixa-la fria acabaria com seus planos de tomar banho para aquela noite , o que Talita temia só de pensar . Talita conseguiu chegar a uma temperatura ideal , um pouco de vapor subia da agua e ela se preparou para entrar na banheira.
Antes de entrar na banheira viu seu reflexo na agua o que a deixou assustada , ela parecia mais velha do que antes , as linhas da sua face que eram antes infantis desapareceram , ela parecia mais seria e mais madura agora.
Talita se fitava boquiaberta na agua e começava a tocar seu queixo pois, parecia que estava sonhando, mas era verdade. E ela encarava bem aquilo, sua mente não pertencia a uma criança , estava mais velha ,se preocupando mais e mais com as coisas e cheias de novas duvidas e de novas perguntas , uma confusão de pensamentos, muitos deles desmiolados e sem sentidos , como uma adolescente.

*****
As coisas estão mais claras para Sebastian agora , as nuvens cinzas descobrem
lentamente a lua cheia,tudo projeta grandes sombras medonhas pelo caminho ,mas Sebastian continua andando tão silencioso e calmo como uma sombra que cresce na noite.
Procurar pelo gatinho ferrugem...era isso mesmo , não era?-pensa Sebastian-foi
Isso que me atraiu até aqui não era?
Diz isso sem acreditar ;fitando a lua com seu misterioso véu fino de sombras.