Capítulo 11

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Minha mãe tinha uma arma apontada para onde estavam meu pai e a vadiazinha que andava saindo com ele. Mamãe chorava e tremia tanto que tive medo que acabasse atirando em alguém, mesmo sem querer.

Eu estava a dias procurando a melhor forma de contar à ela, mas sou fraca e agora aquilo estava acontecendo por culpa minha!

- Me dá essa arma, mamãe! - Eu digo.- Você não quer fazer isso! Vamos resolver as coisas como adultos...

- Eu quero ... sim... Laura! - Ela fala com dificuldade. Estava visualmente transtornada.- Não tem nada para ser resolvido... Acabou tudo... Minha vida acabou! - Ela tem outro ataque de choro.

Será que se eu corresse, daria tempo de retirar a arma das mãos dela? Arrisquei uns dois passos...

- Não se aproxime, Laura! Eu atiro nele! Juro que atiro! - Ela arregala os olhos em minha direção.

Parei. Olhei para papai. Ele estava suando de nervoso.

- Isso não significou nada, querida! - Ele diz.- Você é e sempre será a única mulher da minha vida!

- MENTIRA! CALA ESSA BOCA MENTIROSA! MENTIROSO! - Mamãe grita, me assustando.

Eu estava começando a acreditar que ela seria capaz... Estava muito desequilibrada!

- Mamãe... - Eu volto a tentar uma aproximação.

Reparando que eu estava próxima demais, ela fez... Me assustei com os dois estrondos. Papai e a vadia caíram no chão...

- O que você fez, mamãe!? - Eu corri para onde estava papai.

Chorei como uma criança sobre ele...

- Me perdoa... Querida... - Ele falou tão baixinho que eu só entendi porque fiz leitura labial.

- Não se despeça... papai! Fica paradinho aí... - Eu digo, tentando parar de chorar.- Vou chamar a ambulância e tudo vai ficar bem.

No fundo eu sabia que nada ia ficar bem, o fôlego de vida o estava deixando...

- Eu te amo, Laura! - Escuto a voz da minha mãe.

Olhei em sua direção... Ela tinha a arma apontada para sua própria cabeça. O quê!? Eu não podia acreditar no que estava acontecendo ali! Não podia ser verdade!

- Espero que possa me perdoar algum dia... - Ela me olha com aquele olhar que me aquecia desde que eu era só uma criancinha.

O estrondo seco invade o ambiente...

Nãããããooooooo! Eu grito, vendo tudo girar a minha volta... Tomara que ela tenha atirado em mim também! Pensei. Não suportaria viver com aquela dor que estava rasgando meu peito...

Agora eu estava caindo... Caindo... eu ia morrer... eu queria morrer... Encontrar os meus pais! Mas quando o vi tão esplêndido e majestoso, com aquelas asas abertas, vindo ao meu encontro, salvar-me...


- Acorda, Laura! - Aquela era a voz do Lu?

Abro os olhos assustada. Era ele mesmo. Minha cabeça estava tão pesada. Onde estou? Onde estão os meus pais?

Ah... Aquilo fora só um pesadelo. Já não me bastava ter vivido aquele horror uma vez, volta e meia meu cérebro insistia em me fazer passar por aquilo de novo. Já havia esquecido... Não era só o mundo que conspirava contra mim! Até eu mesma parecia conspirar contra minha homeostase mental.

- Você estava tendo algum pesadelo, Laura? - Ele me pergunta.- Quer que eu chame a enfermeira?

- Não precisa! - Respondo.

Anjo Meu Onde histórias criam vida. Descubra agora