Capítulo 14

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Levantei meio zonza ainda. Dei alguns passos sem saber para onde iria. A dor na perna me "matando". Me ancorei em um muro qualquer e chorei... Chorei com vontade... Precisava aliviar um pouco a pressão em meu peito.

O que eu faço agora?

Chorei mais um pouco, pensando na dor que o Lu estaria sentindo. Dor e medo. Sozinho, com aqueles bandidos cruéis.

Chega de choro, Laura! Faça alguma coisa!

Uma vozinha soprou em minha mente. Eu conhecia aquela voz doce... Rafael? Você está aí? Por que eu não conseguia mais vê-lo?

Eu preciso de você, Rafa! Me ajude, por favor! - Sussurro.

A mãe dele, Laura! Procure a ajuda da mãe do Luís! - A "voz" soprou novamente.

É claro! A mãe do Lu era a única que poderia me ajudar! Rose era o nome dela.

Obrigada... Eu não sei o que seria de mim sem o Rafa... Se mesmo o tendo por perto minha vida já era uma tragédia, sem ele seria impossível continuar.


A mãe do Lu não estava em casa, mas a faxineira me chamou para entrar e me trouxe um copo com água. Deve ter percebido meu estado caótico.

Ela ligou para a dona Rose enquanto eu bebia a água, sentada no sofá da sala. Me passou o telefone... gaguejei... Como se dá uma notícia daquelas para uma mãe?

Tentei ser o mais sutil possível. Omiti a parte do tiro, é claro! Não queria deixá-la mais desesperada do que já a havia deixado.

Em minutos, ela já estava em casa. Eu a havia visto poucas vezes. Era uma senhora muito elegante.

Levou a mão a boca quando viu meu estado. Parou os olhos em minha coxa, onde fui queimada pelo cano da arma. Olhei também para ver como estava a situação... Uma bolha enorme estava se formando em meio ao extremo rubor, ardor e inchaço. Estava bem feia a situação...

- Maria, traz o kit de primeiros socorros... - Diz dona Rose para a faxineira.

- Melhor deixar isso pra depois... - Eu falo.- Precisamos nos apressar para tirar o Lu de lá.

- Já liguei pra minha gerente... - Diz dona Rose, levando a mão a cabeça.- Eu só tenho dez mil na poupança e ela disse que consegue liberar dez de empréstimo para mim apenas.

Maria entregou uma caixa de madeira nas mãos de dona Rose. Ela se aproximou de mim com a caixa, apanhou uma pomada e o passou em minha ferida. Senti um alívio refrescante na coxa em brasa.

- E agora? O que a gente faz? Esses bandidos não parecem estar brincando... - Seguro a vontade de chorar.

- Eu consigo retirar mais cinco mil do cheque especial... - Ela enrola minha coxa com uma gaze.- ... E só. Não tenho como conseguir mais dinheiro.

- Desculpa minha pergunta indiscreta, mas o Lu não tem um pai que possamos pedir ajuda?

- O pai do Lu é um falido. Não vai poder ajudar! - Ela enrijece o rosto.

Devolveu o kit de primeiros socorros para Maria e se sentou, colocando a mão na cabeça novamente. Parecia bastante preocupada e não era para menos.

- Vou ver o que consigo e já volto. - Diz, apanhando o celular e saindo do meu campo de visão.- Maria, traz alguma coisa para ela comer... - A escuto dizer.

Quem disse que eu queria comer? Se bem que eu só estava com o café da manhã. Decidi beliscar alguns pãezinhos que Maria me trouxe.

Alguns minutos depois, dona Rose retornou dizendo que havia conseguido mais dez mil. Tínhamos trinta e cinco ao todo, o que queria dizer que ainda faltavam quinze...

Anjo Meu Onde histórias criam vida. Descubra agora