15-Nós não somos mais namorados!

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Os sorrisos que eu e Daniel tínhamos no rosto desapareceram assim que atravessamos a porta da sala de jantar. Meus pais tinham chegado, e pela cara que minha mãe fez, não deve ter gostado de me ver tão próxima a um funcionário da fazenda. Conheço bem o jeito dela, e... caramba o que esse garoto está fazendo aqui?
- Onde estava Mariana? - Dona Lídia perguntou. Ela podia pelo menos ter me dado um oi primeiro.
- Por aí... O que o Léo está fazendo aqui? - Perguntei ignorando o olhar dele sobre mim.
- Ele é seu namorado oras. Apareceu lá em casa atrás de notícias suas, então resolvemos trazê-lo para ficar bem juntinho de você.
    Isso é ridículo, ela nunca apoiou meu namoro com o Léo e agora está agindo como se fossem bons amigos.
Ela deve ter adquirido esse afeto por ele, depois de ter ficado sabendo do chifre que levei.
- Onde estão as câmeras? Porque isso só pode ser uma pegadinha. Você nunca gostou de me ver namorando o Léo, e agora está aí sentada ao lado dele, como se o adorasse. É ridículo.
   Falei tudo de uma vez. Estava sentindo muita raiva. Não bastou ela ter me ignorado quando cheguei em casa chorando por ter sido traída, agora vem essa...
- Isso não são modos de falar com sua mãe Mari! - Meu pai falou levando a xícara de café aos lábios. Revirei os olhos e soltei um longo suspiro.
- Estava com saudade Mari... - Léo disse. O olhei incrédula, ele só pode estar louco. Saudade? Saudade de quê? De me fazer de boba só pode.
   Ele não precisa sentir falta de mim. Não somos mais namorados. Não somos mais nada um do outro.
- Para Léo, não seja ridículo! - Disse amargurada.
- Estou falando sério. Esse foi o maior período de tempo que ficamos longe um do outro.
    Meus olhos focaram os dele. Ele se levantou e veio andando em minha direção. Ficando cada vez mais perto. Sei que deveria me afastar, mas não conseguia. Minhas pernas pareciam estar pregadas ao chão. Eu era louca por esse garoto e agora tenho vontade de soca-lo por ter tido a cara de pau de vir até aqui. E olha que sou uma pessoa totalmente  contra a violência.
- Nós precisamos conversar! - Disse a centímetros de mim. Olhei para porta e Daniel olhava a cena com atenção, mas desistiu de nos olhar e deu as costas. Quando retornei minha atenção para Léo pronta para mandar ele se ferrar, seu lábios vieram de encontro aos meus. Como ele teve a audácia de me beijar?
Sua língua pedia passagem, e lógico eu não cedi. Com uma força que desconhecia o empurrei, e quando dei por mim, minha mão estava agindo por vontade própria e indo de encontro ao rosto dele.
O estalo do tapa deu até mesmo eco. Todos ficaram assustados, olhando para mim. Confesso que até eu me assustei.
Ninguém piscava, e o silêncio predominou. Acho que dava até pra escutar o barulhinho do bater de asas de um mosquito.
Quando notei que minhas pernas tinham voltado a ter finalidade, corri para meu quarto. Bati a porta com força e me aproximei da janela. Eu estava muito irritada, e chateada também. Tive um começo de dia tão bom, e foi só meus pais chegarem para toda felicidade que estava sentido fosse evaporada.
Duas batidas na porta me chamaram a atenção.
- Eu não quero conversar com você mãe. - Gritei quando ouvi passos dentro do quarto. Imaginei que fosse ela cobrando uma explicação por conta de minha postura lá embaixo.
- Não ouse me confundir com aquele ser. - Minha avó me repreendeu. Pelo menos isso me fez rir um pouco.
- Desculpa. - Falei sorrindo.
- Tudo bem, agora me explica o que foi aquilo lá embaixo, igual vocês jovens costumam  dizer, eu boiei....
  Eu até acharia graça no fato de minha avó estar tentando usar gírias, mas falar o porque do meu leve surto de agora pouco é difícil.
- Vou resumir... O Léo me traiu um dia depois de ter tirado minha virgindade. E minha mãe do nada resolveu gostar e trazer ele pra cá. Tá bom pra senhora? 
- Aquele garoto filho da mãe, vou mandar seu avô dar um jeitinho nele. Não se preocupe, meu bem.
- Não vó. Deixa pra lá, se você se enfiar nesse assunto, vai ser desculpa para minha mãe nos afastar, alegando que meus maus modos são sua influência.
- Você tem razão... Tem outra coisa que quero saber... de onde você e Daniel estavam vindo? - Seus olhos transbordavam curiosidade.
   De imediato sorri. É esse o efeito que Daniel tem sobre mim.
- Ele me levou pra ver o dia nascendo.-  Falei suspirando.
- Que romântico... - Dona Neila imitou meu suspiro. - Só falta ele se separar daquela enjoada, mas acho que não vai demorar muito.
- É o que eu espero.
- Vamos descer Mari, você precisa se alimentar.
  Mesmo que não tivesse com vontade alguma de descer, obedeci minha avó. Afinal ela veio até aqui me fez me sentir melhor, não é justo que  eu a desobedeça.
  Pra minha sorte meus pais e meu ex não estavam a mesa. Tomei café em um silêncio agradável, apesar da grande confusão que está minha mente. Eu preciso organizar meus pensamentos, preciso de um lugar calmo. Felizmente já sei que lugar eu devo ir, mas preciso de uma pequena ajudar para selar Relâmpago. O jeito é procurar Daniel. E bem, isso não é trabalho algum.

Mudança de Ares [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora