Capítulo 12 - O Círculo de Efraim

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Apesar de ter caminhado até em casa, não iria conseguir fazê-lo até o Recife Antigo, mesmo sendo perto. Então apanhei um ônibus. Desci próximo ao aclamado Teatro Apolo, entrando na Rua Barbosa Lima. Precisava chegar o quanto antes, no Marco Zero. Dessa vez não houve imprevistos no percurso.

Quando cheguei ao meu destino, havia algumas pessoas no lugar. Passei a vista por toda circunferência esculpida no chão.

-Esse é o Círculo de Efraim!                      

Exultei, impressionada.

 -Todo esse tempo e não percebi!

-Devo parabenizá-la por isso!                         

  A voz esganiçada retorquiu. Olhei em minha volta o procurando, mas ele manteve-se oculto.

-Foi mais longe que qualquer outro, antes de você, Bened!

-E irei ainda mais!                               

 Rebati, no mesmo momento em que ele surgiu em sua verdadeira forma. O físico magro e musculoso, exibiam dois pares de chifres. Dois em sua cabeça e dois em cada lado do ombro, dos quais pendurava o manto negro que o cobria das vezes passadas. Ele parecia um cadáver e o seu rosto sombrio, tinha os olhos vermelhos, ressaltados. Também havia uma espécie de espinho atravessado na altura dos ouvidos. Desembainhei a espada.

-No seu estado, acho difícil fazer alguma coisa!                    

Escarniou, atacando-me.

Como as pessoas não o viam, olhavam-me com olhos retorcidos. Outros, até riam das manobras que eu fazia. Afastei-me com um empurrão, mantendo a posição de ataque. Ofegante, senti meu corpo dar fisgadas insuportáveis. Suplicava a Deus para suportar até o fim, esse confronto.

Iniciamos uma sequência de golpes e quase não consegui desviar das investidas ininterruptas de Azrrael.

-Vejo que andou treinando!                

 Disse, com cinismo. Quando nos separamos mais uma vez.

-Treinou isto, também?                   

 Ele estendeu a mão para uma garota de seus treze anos que estava com os pais. Tossindo e puxando o ar com desespero, ela caiu no chão.

-Isso é para que saiba o quanto meu poder, transcende o seu!                         

 Em pânico a mãe da garota ajoelhou-se ao seu lado, gritando e sacudindo o corpo da filha, já desfalecido. Vi quando o espírito dela desprendeu-se de sua carne, ficando ao lado dos pais, com uma penosa expressão. Em seguida, um buraco negro se abriu em baixo dos seus pés. A menina me lançou um olhar suplicante, enquanto era tragada aos berros, pela escuridão.

-Desgraçado!                              

 Esbravejei, chamando a atenção de algumas pessoas.

-Logo, todos sucumbirão! Incluindo você, Bened!                                            

Grasnou, apontando seu indicador cadavérico para mim.

Virei para as poucas pessoas aglomeradas ao redor da família, arrasada.

-Saiam todos daqui!                            

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