Capítulo 6 - Encontro inusitado

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Foi difícil para minha amiga acreditar na história que lhe contara, mas notei que ela esforçava-se, apoiando-me com mais tenacidade. Ela saiu do apartamento a tempo de ir trabalhar. Passei a manhã toda refletindo sobre a conversa com Gabriel, tentando achar algo que ligasse a esse Círculo.  Decidi dar uma volta, talvez clareasse melhor os pensamentos.

Segui pela ponte Princesa Isabel com o objetivo de chegar à Praça da República. Já havia ido algumas vezes àquele local. Sem dúvida era um dos lugares que eu mais apreciava no Recife. A calmaria, as suntuosas árvores, o majestoso baobá recepcionando seus visitantes e o canto convidativo dos pássaros, fazia-me sempre regressar. Logo que entrei andei descontraída até a primeira, das oito esculturas, que se posicionavam no centro, ao redor da fonte. Elas representavam Deusas, guardiães do lugar. Eram elas: Ceres, Diana, Flora, Juno, Minerva, Níobe, Vesta e Têmis. Sentei no banco com a mente límpida. No mesmo instante meu celular tocou. Chequei o visor e vi que era Jeny.

-Oi amiga!

-Onde você está?

Quis saber, na certa notando o som ambiente diferente.

-Na Praça da República, clareando as ideias.

-Já almoçou?

-Ainda não! É tão tarde assim?

-São quase duas da tarde, o que acha?                                                          

Não respondi. Ás vezes, Jeniffer exercia um comportamento materno um tanto excessivo comigo. Não pelo fato de ser mais velha do que eu, mas quando raramente brigavámos, ela tomava essa postura. Como um ato de remissão.

-Liguei na verdade, para lembrá-la de se alimentar. E também, para lhe acender uma luz.         

Ela continuou.

-Já pensou em fazer uma pesquisa na internet?                                 

 Mas que cabeça a minha. Claro que não! Numa época onde a tecnologia estava em seu ápice, o mais lógico a se fazer era uma busca no Google. Assim que terminei de falar com ela, fiz o mesmo percurso lembrando que havia uma Lãn house próximo a minha casa.

Pesquisei sobre o Círculo de Efraim, mas não encontrei nada que explicasse sua origem. Apenas artigos contendo a história do personagem Efraim, da qual o Padre Gregório encarregou-se de esclarecer. Talvez a vida profana que levou à queda de Efraim, tenha alguma ligação com o fato de um demônio o escolher para compor essa trama infernal. Encerrei minha busca, retornando abatida ao apartamento por não obter sucesso com a internet.

À noite, enquanto passava um pouco de café, eu martelava as evidências que eu tinha, até agora. Como encontrar algo que pode estar em qualquer parte desse estado, país ou mundo? Com qual recurso chegarei ao meu destino, se nem dinheiro suficiente eu tenho para voltar para casa? Da noite para o dia minha vida tomou um novo sentido.  E para pior. Só de imaginar que a qualquer momento eu poderia estar viva ou não, me dava calafrios. Ainda assim, ri sozinha da situação bizarra. Esse era o tipo de coisa que se via apenas em filmes, no entanto aqui estou como protagonista de um e tendo como público as almas, o diretor um Anjo e o vilão um demônio.

-Oh, Senhor! O que eu fiz para merecer tanta generosidade?

Desdenhei.

O telefone tocou. Verificando no visor, vi que era Jeniffer.

-Está tudo bem?                                          

Ela foi logo adiantando.

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