Capítulo Três.

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Sabe o que é estranho? Quando a vida diz um "Sim" em perfeito Uníssono.

Alex Mess.

Conversar com minha mãe só me encheu mais de dúvidas. Enquanto eu arrumava a bolsa da escola, dentro de mim eu reunia coragem para a conversa que terei com Orfeu, pensei muito sobre o que eu poderia fazer para não ir à escola. Eu poderia pedir para minha mãe ligar para dizer que peguei uma pneumonia, sarampo ou qualquer doença, mas com toda certeza minha mãe não compactuaria com meu plano, então o que me restou era ir para escola e pedir a Deus que o Orfeu não viesse falar comigo.

As duas primeiras aulas eram de Biologia então eu teria tempo, tempo encontrar uma chance de impedi-lo de vim falar comigo. Bolei um plano infalível para não conversar com ele, eu chegaria dois minutos antes da professora entrar, assim ele não teria chance alguma de conversar, E foi que eu fiz a sala já estava lotada quando cheguei, mesmo impedindo de se aproximar de mim por algumas horas, meu olhar não teve a mesma chance, assim que entrei minha presença foi capturada pelo seu olhar intenso. Minha carteira ficava na terceira fileira, enquanto a dele ficava na quinta fileira, ele sentava na última banca, isso me tranquilizou bastante. Essa distância era saudável para mim, mas seus olhos não desgrudaram dos meus, eles me seguiram até eu sentar na cadeira.

Então a aula começou.

Você já sentiu observado? Sabe então como é horrível né? Foi difícil me concentra na aula sabendo que um rapaz de cabelo negro te observa como um cão farejador. A aula de biologia nos deram um trunfo, uma atividade que valia nota para melhorar alguma que não tinha ido tão bem e valia uma vassoura para dispensar todos meus pensamentos sobre o Orfeu. Então eu sabia que podia me concentrar e esquecê-lo e me aprofundei na atividade.

Duas horas depois o sinal soou, a professora recolheu atividade, meus colegas já saiam da sala, alguns murmurando como foi horrível a atividade e levantei para me juntar a eles, quando eu já me precipitava em sair da banca, a gola da minha camisa foi puxada por trás me fazendo sentar na minha cadeira, olhei apreensivo e na minha frente estava Orfeu com olhar determinado.

- Nós precisamos conversar. - Disse com um olhar penetrante.

Mais uma pergunta, você já sentiu como se tivesse tendo um início de um ataque epilético? Não? Então deixa explica como deve ser; parece que seu corpo ganha vontade própria, uma tremedeira começa a circular pelo seu corpo, uma aflição toma seu coração e minutos depois você fica inerte, sabe também como é piscar várias vezes e se conter para não se borrar todo? Então deve sabe como é esforço e como eu estou nesse momento.

- Nós temos? – Minha voz saiu esganiçada, pus a mão na boca me repreendendo por ter falado desse jeito.

- Sim nós temos, e nem pense em fugir, você vai explicar o que houve ontem. - Sua voz de barítono agora estava assemelhada a um tom sombrio que me deu mais medo ainda.

Olhei para os lados em busca de ajuda mais não tinha ninguém, meus colegas estavam do lado de fora e nem percebia o que acontecia dentro da sala.

- Então? - Disse Orfeu.

- Quero morrer. –Murmurei.

As palavras da minha mãe me vieram à mente, mas não me davam uma boa escolha de desculpa.

- O que? - Perguntou Orfeu.

- O que o que? - Respondi nervoso. - O Orfeu me olhou como se eu fosse um problema matemático sem solução e razão nenhuma.

Ao Fim de um Começo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora