— Eu estive atento a todos os lugares que passamos e a tudo que deixaram para trás, fuçando entulho como um rato... Isso tudo valeu a pena. Essas são as minhas melhores criações!Govannon abriu o seu baú marrom e encarou seus amigos como se esperasse ser ovacionado. O olhar faiscando; o sorriso com os lábios fechados; as palmas das mãos abertas... Parecia está apresentando algo a uma plateia! Boadiceia, Sulis e Bran continuavam a olhar o baú na esperança de que algo incrível pulasse para fora dele, Sin permanecia sentada na velha mesa sustentada com arames. Os olhos fixos na capa de seu livro antigo, ela já estava acostumada à excitação de Govannon toda vez que criava algo novo.
O homem de cabelos prateados suspirou meio desapontado com os amigos e começou a tirar geringonças metálicas compactadas do seu baú, levando-as à mesa e os outros abrem um círculo ao seu redor.
— Ok, eu tentei criar um armamento inspirado na maneira de lutar de cada um de vocês... Extensão de seus corpos...
"Extensão de nossos corpos?" Perguntou Sulis, franzindo a testa curiosa.
— Olhem só... — Ele se aproximou de Boadiceia com o seu típico sorriso no rosto, a ruiva o olhou intrigada, preferiria derrubar um exercito a entender as invenções do marido. "Permita-me senhora", disse enquanto se agachava para prender uma sinta de couro na coxa direita dela. Em seguida puxou gentilmente o braço dela e colocou em seu pulso direito um bracelete com algo cilíndrico prateado. Ela rodou o pulso devagar examinando o artefato com curiosidade. Os outros encaravam ansiosos.
— Então, não vai experimentar? — Pergunta o inventor.
— E o que exatamente devo fazer?
— Lembre-se, extensão do seu corpo... Seja você mesma!
Era até engraçado ver Boadiceia tão confusa; ainda insegura ela se afastou e entrou em posição de combate, como se segurasse sua típica lança. No exato momento em que ela flexionou os joelhos e os músculos de sua coxa se contraíram, pequenos dispositivos na cinta em sua perna piscaram e o objeto cilíndrico em seu braço alongou-se rapidamente; em uma extremidade, uma ponta afiadíssima surgiu cortando o ar; na outra, mais lâminas formando um círculo. Algumas partes da lança emitiam luzes neons oscilantes.
— Govannon! Isso é incrível! É perfeita para manter descrição e tão leve e rápida para o ataque! — A ruiva girava a lança na mão com maestria.
— Sensores orgânicos; metal reciclado dos androides de Colora, além de cristais sintéticos de massa escura nas bases das lâminas. Essa belezinha pode cortar literalmente qualquer coisa!
Boadiceia agradeceu com um sorriso familiar. Os demais que olhavam interessados para a lança voltaram à atenção para os apetrechos sobre a mesa, ansiosos como crianças.
— Para você Sulis, eu adaptei um dispositivo já pronto que tirei dos batedores que derrubamos no acampamento antigo. — Enquanto falava, Govannon ajudava Sulis a vestir uma pequena espécie de mochila mecânica. Para finalizar colocou um diadema na testa dela, amassando seus cabelos negros e volumosos. Sulis se sentiu boba usando aquelas coisas, mas estava quase eufórica para descobrir o que aquilo fazia.
— Acho melhor não testarmos isso aqui dentro, não se quisermos manter nossa descrição... Você já viu o que os batedores da nova inquisição podem fazer não é?
— Espera! Você ta me dizendo que vou conseguir disparar mini-mísseis por esse troço? — Ela apontava com o polegar para as costas.
— Não é tão simples. Esse diadema na sua cabeça é o mesmo dos androides inquisidores, claro que adaptado para os comandos de um cérebro orgânico... Quando você estiver em perigo, essa mochila dispara, sem precisar acionar nada.
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Sortilégio - Passado, Futuro, Ciência e Magia
FantasyApós o findar de uma longa era o mundo se transformou. O véu entre as dimensões se rompeu, instalando-se o caos; a magia e bruxaria outrora esquecida voltou a fazer parte da vida dos homens que hoje proliferam uma futurista terra apocalíptica e mise...