8- Reencontro

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No dia seguinte me levantei com uma tremenda dor de cabeça, não me lembro detalhes da noite anterior, a única coisa de que me lembrava era dele. Não sei se o que vi era real, ou pelo simples fato de eu está bêbada e imaginar coisas.
Me levantei e olhei em volta. Espera onde eu estou?
Não estou em casa, esse não é o meu quarto, não chega nem perto.
Era um quartinho com uma cama de solteiro, uma cômoda ao lado com analgésico e água, um pequeno quarta-roupas surrado e velho, um vasculhante nem ao menos uma janela, as paredes eram de um cinza esbranquiçado.

Me levantei calmamente e vasculhei o quarto, abre o quarda- roupas e havia roupas de homem, tênis e camisas.

" meu Deus! Um estuprador! "

Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça, mas em seguida me veio relances do que havia acontecido ontem.

Lembro-me de ter o visto, em seguida estava tudo escuro, provavelmente desmaiei, depois lembro de ter acordado e estava em um carro, não me recordo se eu falei algo ou reagi, em seguida mais escuridão, e a minha última lembrança era de alguém me carregando para cá e logo em seguida a escuridão novamente.

Olhei ao redor do quarto novamente e vi que em cima da cômoda ao lado dos analgésico e da água havia comida( pão e suco ) e ao lado havia uma faca.

Não sei se estava fazendo o certo mais peguei a faca e abrir a porta do quarto, tentei fazer o mínimo barulho possível, olhei ao redor e ali dava para a sala estava vazia, e silenciosa, sai do quarto e olhei prós lados, a casa era pequena mais arrumada, acho que ali não moravam mais de 2 pessoas, estava com uma faca de serra em uma das mãos, estava tremendo e nervosa, até que ouço uma voz vindo de um dos cômodos ao lado.
Quando ouvi aquela voz meu corpo tremeu, meu coração parou, minhas pernas fraquejaram e me virei mais dura que pedra.

- Júlia?! - me virei e encarei aquele rosto que a muito tempo não via; Ele havia crescido estava com um aspecto diferente, mais magro, uma expressão fria o dominava e ele não parecia o mesmo.

- Danilo? - disse em um sussurro. Minha reação foi largar a faca a mesma caiu no chão e me aproximei dele o abraçando em meio às lágrimas.

Ele não retribui o abraço, fiquei imaginando o que havia acontecido com ele, ele estava tão diferente, achei que ia me abraçar mais eu estava enganada.

- O que aconteceu com você? Porque eu estou aqui? Como me encontrou? - fiz mil e uma perguntas e ele permaneceu calado me olhando.

- Você estava bêbada, te encontrei jogada na rua, e a trouxe para cá. - foi tudo que disse.

- E como me encontrou?

- estava voltando pra casa e te encontrei jogada.

- Nossa! Quanto tempo você está aqui?Porque não foi me ver.- disse.

- Porque deveria? - aquelas palavras me magoaram muito.

- O que houve com você? Esta doente? Você mudou e acredite não foi pra melhor.

- Tudo na vida muda, porque eu não deveria mudar? - disse-me dando de ombros.

- Onde eu estou? - perguntei olhando ao redor.

- Na minha casa. - disse frio.

- E onde está sua mãe?

- Ela...viajou! - disse, mas parecia estar mentindo.

- E a quanto tempo estar aqui?

- Três semanas. Agora chega de perguntas. Vou te levar pra casa.

- Porque está me tratando desse jeito? Danilo sou eu, Julia a sua melhor...amiga. - ele não me encarava, percebi que aquelas palavras mexeram com ele, tive a impressão que seus olhos marejaram.

- Éramos..., mas crescemos temos rumos diferentes, as coisas são assim! - disse ele evitando meus olhos.

- Porque você não olha pra mim?
Me diz o que tenho de Mau.

Ele permaneceu calado e eu resolvi complementar:

- As pessoas mudam, principalmente as que amamos. - disse e me retirei da sala.

- Aonde você vai? - disse-me.

- Pra um lugar bem longe de você, é pra lá que eu vou!

- Julia espera! Você não pode sair sozinha é perigoso! - falou segurando meu braço, fazendo-nos ficar bem próximos.

- Mais perigoso é aqui. - sair correndo, não sabia o que estava acontecendo e muito menos se isso tudo era real. Parecia um sonho ou melhor um pesadelo.

Corri o mais rápido que pude, mas em vão. Danilo conseguiu me alcança.

Ele me puxou para si. E olhou bem no fundo dos meus olhos:

- As vezes é preciso se afastar das pessoas que você ama, mas isso não quer dizer que as ame menos
As vezes você as ama até demais...- disse ele, e aquelas palavras me fizeram estremecer, ele apenas me olhou e me abraçou forte, era tudo que eu precisava naquele momento.

- Me diz o que está acontecendo. - implorei olhando para aqueles olhos verdes.

- Não posso.- disse se afastando.

- Porque?

- Você não pode se envolver nisso, fique o mais longe possível de mim, finja que não me conhece e por favor não conte a ninguém que me viu, nem para sua mãe. - falou segurando meu rosto entre suas mãos.

- Tudo bem, mas me explica o que está havendo. - pedi.

- Já disse que não posso! - disse-me com a voz rígida.

- Não dá! Você vai desaparecer de novo?

- Não vou desaparecer! Haja o que houver mesmo que você não me Veja eu estarei sempre com você, te vigiando e protegendo. - deu um beijo em minha testa.

- Como? Proteger de quer? - falei confusa.

- Confia em mim! E não Esquece não conte a ninguém. - falou se afastando.- Agora entra no carro.- ordenou, abrindo a porta do passageiro e eu o obedeci.

- Aonde vamos? - disse enquanto ele dava partida.

- Te deixar em casa.

Passamos o caminho todo em silêncio, não pude evitar ficar o observando, isso tudo parecia tão surreal, não conseguia acreditar que ele estava ali, o meu melhor amigo, o garoto por quem fui apaixonada minha vida inteira, que viveu as maiores aventuras ao meu lado, éramos tão próximos. E agora o observando parecíamos tão distantes, ele sempre fora lindo, com seus olhos verdes esmeralda e aqueles cabelos negros, sua pele branca, e agora ele ainda tinha a mesma aparência só que mais acabada e cansada, frio e distante, não sei se o que estava sentindo era pena, saudade,ou medo, mas a vontade que eu tinha era de agarra-lo e nunca mais deixar ele ir embora.
Paramos na esquina da minha casa, ele não quis parar na frente para que ninguém o visse, ele parecia com medo e assustado, não sei do quer ou de quem.

- Tchau Julia. - disse ele.- E lembre-se não conte a ninguém.

- Tchau Danilo - disse fria - Não vou contar.

Caminhei até a porta de casa e arrisquei olhar para trás ele me observava sem reação, esperou que eu entrasse e foi embora

Alguém pode me explicar o que está havendo?
Eu estou perdida, cansada, confusa, faminta.
Não sei o que vai acontecer de agora em diante.

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