Capítulo 10

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Eu não parava de olhar para as estrelas. Elas cintilavam. Eu ainda absorvia tudo o que tinha acontecido.

Desviei meus olhos para ele. Sua cabeça repousava tranquila em seus braços. Seus olhos estavam fechados e em seu rosto um ar vitorioso. Seus lábios vermelhos tremiam num sorriso satisfeito. No que será que estaria pensando? Preferi não incomodá-lo. Estar aqui e vivenciar isso me fez acreditar que o amor existe em toda a forma de vida. As palavras de Lia me fizeram refletir nisso tudo.

O amor pode ser complicado de entender, mas o amor não julga, não tem preconceitos. Ele apenas envolve as pessoas com seu abraço e faz delas uma só.

Eu não sabia quem ou o que era responsável pelo amor em nosso mundo, mas independentemente de qualquer que fosse a força mística ou divina que tivesse esse poder, naquele momento eu não podia deixar de agradecer por ter posto River em meu caminho.

~~~*~~~

Era por volta de onze e meia da noite e voltávamos do jantar. Mesmo já tendo aceitado que estava apaixonado por ele, eu ainda ficava um pouco tímido perto dele. Minhas mãos apertavam meus joelhos com força. River trocou de marcha e descansou a sua mão sobre a minha por um instante.

Seu toque era algo arrebatador. Toda a tensão e a timidez desapareceram. Seus olhos azuis encontraram os meus rapidamente. Ah, que droga. Duas covinhas se formaram bem perto de seus lábios e isso me deixou muito abalado. Me derreti só com esse simples momento. Um segundo e eu já estava calmo. Com o sorriso, ele tinha feito um beicinho.

"Oh meu Deus, que belezinha", ouvir isso em minha cabeça me deixou um pouco assustado. Confesso que era uma verdade, mas foi muito estranho.

— Hã... você gostou do jantar? — perguntou ele, enquanto via o sinal verde do semáforo se abrir e iluminar o painel do carro.

— Sim, claro. Foi a primeira vez que comi aquilo e estava delicioso. Muito obrigado mesmo.

Ele sorriu novamente. Só que não me olhou dessa vez.

— Eu queria te perguntar uma coisa. Quando estávamos deitados na grama, em que você estava pensando? — Arrisquei perguntar.

Ele contornou a Praça Central, onde ficava a grande paineira. Ele ainda não me respondera. Enquanto eu esperava pela resposta olhei para fora. Um grupo de moças e rapazes conversavam. Um deles dançava (ou pelo menos achava que estava dançando). Jogava os braços para frente e o quadril para trás. Outra garota o acompanhava, os demais riam sem parar. Noutro canto, um casal mais comportado trocava carinhos.

Fui pego de surpresa por River me puxando a bochecha.

— O que foi? — falei afobado.

— Nada, estamos quase chegando em sua casa.

— Como sabe onde moro? — perguntei desconfiado. Meu coração fez um tum-dum-dum.

Ele riu maliciosamente.

— Sua amiga... — respondeu quase rindo. Ficou sério, apesar de que ameaçava cair no riso a qualquer momento. — Ela não se importou em dar seu endereço junto com seu telefone.

Lia. Aquela safada ia se ver comigo. Ele abandonou o ar brincalhão totalmente e ficou sério de verdade.

— Devia alertá-la quanto a isso. Eu poderia ter feito muito mal a você. Não se pode confiar em uma pessoa por mais bela ou bondosa que ela pareça.

— Tem razão. Vou dar um encontrão nela amanhã... — falei.

— Ah não, isso eu não posso permitir. — disse ele, me interrompendo. — Encontros pequenos ou grandes você só pode realizar comigo.

— Mas ela é minha amiga e... ei!

Estava me desculpando e nem tinha percebido o que ele tinha dito. Começamos a gargalhar dentro do carro. Depois fiquei vermelho, ainda era só o primeiro encontro e ele já estava planejando outros. Meu peito ardia em chamas e eu não sabia o que fazer. River parou em frente do meu portão. Ficou um silêncio entre nós. Acho que ele queria um beijo. Eu acho que queria um beijo também. Só que ainda parecia cedo para fazer isso às claras. Ele deve ter entendido, pois sacudiu a cabeça e sorriu. Não disse, mas sua expressão queria dizer: "Tudo bem".

— Você ainda não me respondeu. — Lembrei-o antes de sair do carro.

Fechou os olhos e entortou os lábios num biquinho. Ai minha nossa, ele tem que parar de fazer isso.

— Vou dizer só no próximo encontro.

— Ah, mas isso não é justo! — protestei. Ele piscou.

— Te vejo no próximo encontro... Mau.

Com a cara no chão saí do carro. Ele tinha um talento e tanto para adivinhar o pensamento das pessoas. Ou quem sabe seria apenas os meus pensamentos. De qualquer forma ele tinha vencido o primeiro round.

— Até logo — balbuciei.

Ele assentiu e deu a partida.

Fiquei um tempo observando, enquanto seu carrovirava ao longe na esquina. Alguns minutos depois minha pele começou a pinicare senti frio. Peguei as minhas chaves no bolso e entrei. Fui para o meu quarto.Tirei a roupa e liguei o celular na tomada. Ajeitei-me na cama e encostei acabeça no travesseiro. Quanto tempo se passou até que adormeci? Não seiresponder. Mas sei em quem eu estava pensando até o sono chegar. Fiquei naminha e sorrindo feito bobo.

A Estrela Dedicada a VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora