Capítulo 11

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Duas semanas depois de eu conhecer River, já tínhamos aprendido muitas coisas um sobre o outro. Porém ainda existia uma lacuna que nos separava. Ele queria ser o meu namorado e eu estava só dando evasivas. Não me sentia preparado, uma besteira, já que nós estávamos nos conhecendo. Só que eu sempre pensei que para namorar deveria ter pelo menos um mês de convivência. Coisa que River abominou quando ouviu. E ainda brigou comigo dizendo que eu estava sendo pretensioso com isso. Não sei o que ele quis dizer e quando o confrontei ele fez a múmia e não me respondeu.

Agora estou aqui afoito pois no fim de semana ia ter um evento festivo na cidade. Lia queria ir ao festival. Minha mãe queria ir ao festival. River também queria ir nesse festival. E para acrescentar minha aflição, Clarisse queria que eu a levasse ao festival. Ninguém sabia do meu relacionamento secreto com River, exceto Lia. Então para muitos, eu ainda estou disponível para as mulheres.

— O que eu fiz para merecer isso? — resmunguei e olhei para o teto. Fiquei pensando no convite de Clarisse.

Pensando bem não tinha sido um convite propriamente dito. Foram indiretas que ela me lançava sempre que estava falando com alguém perto de mim, ou quando eu passava perto dela. Foi a semana inteira. Até me lembrar de algumas frases me fazia rir.

"Sabe Cíntia, eu queria muito ir a esse Festival das Flores. Não estou namorando nem nada!". Disse isso na terça-feira, antes do almoço. Cíntia concordou e disse que talvez chamasse alguém. Ela disse baixo, mas pude ouvir bem.

Na quarta-feira, para Judite: "Puxa vida, eu linda e solteira. Ah quem dera se um rapaz lindo e solteiro me convidasse para o 'FesFlor'!".

Na quinta-feira, quando subi no RH assinar a minha folga: "Um dia de folga, Mau? Poderia aproveitá-lo de uma forma muito sábia", seus olhinhos azuis piscaram ansiosos.

Hoje, às 09h45: "Último dia para 'alguém' se pronunciar e me levar para o Festival". Nesse momento ela foi tão direta e incisiva que olhou para mim por quase um minuto.

Tentei disfarçar, mas Lia ouviu e ficou caçoando de mim por horas. Mesmo agora depois do almoço ela não parou de me provocar. Começava a rir sozinha enquanto estava abaixada contando as caixas de sapatilhas tamanho 36.

— E você já disse a ela com quem vai? — Ela desatou a rir novamente.

Minhas bochechas ficaram róseas. Assim como minhas orelhas. Captei minha expressão num espelho pequenino que estava pendurado em uma das prateleiras. Fiquei sem graça e baixei os olhos para os meus tênis. Cara, como estavam sujos!

— Não, não disse. E também não sei se vou — falei.

— Ué, ela vai ter de saber uma hora. E a sua mãe não vai também? — Ela ficou em pé e me empurrou para o lado, conferindo a prateleira das sapatilhas tamanho 38. — E principalmente... — Me olhou com lascívia. — a nossa atual celebridade. Sua Alteza, príncipe River.

— Shh! Fale isso baixo. — Chamei a atenção dela. — Não quero que ninguém saiba ainda. Por isso que não sei se vou. Ele e minha mãe querem ir. Ela não sabe de nada. E isso me lembra uma coisa.

Ela me olhou inocentemente. Como se realmente fosse.

— Não me olhe assim, sua safada. Já sei que você passou meu endereço para o meu príncipe.

— Para quem? — ela sorriu mais uma vez. Foi aí que percebi o que falei.

— Para o River, ora! — resmunguei, olhando para o outro lado.

— Não adianta disfarçar molequinho. Você disse "meu príncipe".

Meu rosto queimava tanto que fiquei com medo de pôr fogo ali no estoque só de transpirar.

A Estrela Dedicada a VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora