Capítulo 5

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FRANCISCA. 1/3

A luz do dia me faz acordar, que dor de cabeça, indicativo de que adormeci a chorar, apalpando o que está a minha volta sinto... um braço? Os abdominais? Olho para o lado e tomo um susto, Alexandre ainda está aqui. E então me lembro do dia anterior, que horas serão? Olho o relógio, são 6:30 da manhã, estou a sentir-me estranha, estou com vergonha, como é que ele ainda está aqui? Depois do que fiz, depois de me ter insinuado para ele, daquela maneira. Escondo o rosto com o braço. Tento me levantar sem o acordar, afinal este quarto e dele, nem sabia que vivia com a prima, como é que ela não me contou. Em mais uma tentativa de me afastar, ele se mexe, mas não acorda, sento na cama, e olho para trás, ele dorme tranquilamente, ainda está com a roupa de ontem, um sinal de que não saiu da minha beira, mas porque? Eu sei que depois de ele ter explicitamente, me mandado parar, eu desabei, senti-me rejeitada, já estava magoada que chegue, e então com a rejeição dele, não suportei. Não sei muito bem o que se passa comigo, mas que raio e que ele ainda está aqui a fazer?
"Kika!" Estremeço ao ouvir a voz dele, lentamente viro a cabeça par trás, não posso ter ouvido bem, ele continua de olhos fechados está a dormir, ele disse o meu nome a dormir? Não sei Porque, mas instintivamente sorrio...
Levanto da cama, e vou tomar banho , visto a roupa do dia anterior, quando entro no quarto, ele continua a dormir, sento-me na poltrona, que está no fundo da cama, apoio os cotovelos nos joelhos, e levo as mãos a cara, tapando-a, que foi que me deu ontem, não percebo, estava sozinha, preocupada, eu estou preocupada, senti necessidade de ter alguém comigo, e foi ele que apareceu não é, e isso só estava carente. Velando o sono dele, eu o observo com atenção, pode ser um "arrumadinho" irritante,mas ele é lindo, e para mim foi inevitável não me sentir atraída por ele, com os seus cabelos negros despenteados sobre a almofada, o ar sereno que ele tem a dormir. Só de lembrar a minha mão, a descer pela barriga dele, agarrar no pau dele com força, ele estava enorme, duro, a maneira como suspirava,e arregalou os olhos surpresos quando peguei, que loucura que foste fazer , Levanto-me na direção da porta, abro-a....
"Francisca?" ele me chama, mas não estou em condições, de falar com ele agora, fecho a porta atrás de mim, e desço as escada duas a duas, para chegar rápido a porta de saída, quando chego a porta, ouço ele descer as escadas a correr...
"Francisca, precisamos de falar" ele diz a descer as escadas, mesmo antes de me ver. Respiro fundo e, fecho a porta atrás de mim. Caminho o mais rápido que posso, até a paragem de transportes públicos ao fundo da rua, tenho que mandar uma SMS a Mary para me desculpar, de sair sem dizer nada.
O autocarro chega e entro, pagando o meu bilhete, sento-me nos bancos ao fundo. Pego no Telemóvel e dígito uma mensagem para Mary.
*desculpa sair sem avisar, está tudo bem, obrigado por me deixares ficar em tua casa, vemos nos nas aulas*.
Volto ao menu do Telemóvel e decido ligar para a minha mãe, deve estar uma fera, o sinal de chamar toca, e então ela atende.
"Mãe? Bom dia!" digo com um pouco de hesitação na voz.
"Bom dia Francisca! Está tudo bem?" a minha mãe está muito calma.
"Está tudo bem mãe, só liguei para me desculpar de não ter ligado ontem, a avisar que ia ficar na casa da Mary!" digo desculpando-me.
"Kika, não faz mal, sabes que não me importo que fiques em casa da Mary, ela é uma boa menina..." só diz isso porque a Rica, queria ver se fosse pobre, mas ela continua "...além disso, Mary ligou para mim a explicou-me tudo..." TUDO O QUE?? Que foi que ela lhe disse?
"Mãe, tudo o que?" nem sei se quero ouvir a resposta.
"Então, explicou-me o que aconteceu, que vocês foram para casa dela adiantar matéria, e que tu adormeces-te na cama dela, porquê? a mais alguma coisa que precise saber?" ela me pergunta.
"Não mãe, foi isso que aconteceu, não foi mais nada, só não queria que achasses que não queria estudar, e por isso fiquei em casa dela" minto descaradamente.
"Onde estas?" ela me interroga.
"Estou mesmo a chegar a faculdade, vim mais cedo para rever aquilo que estudei ontem" minto, porque sei que a vou deixar feliz, então porque contar a verdade.
"Ainda bem filha, bem, vou dormir mais um pouco, bons estudos Francisca, presta atenção nas aulas," a minha mãe pensa que ando no primeiro ano.
"Vou prestar mãe, até logo!" digo desligando o Telemóvel em seguida, devo uma a Mary, safou-me bem as costas, nunca me desilude.
O dia de ontem poderia muito bem ser apagado da minha vida, primeiro Marco faz o que faz, depois pareço uma maluca ao atirar-me a Alexandre, Cristo que se passa comigo? Ao lembrar-me de Marco, decido que tenho que fazer algumas análises, tenho medo de morte de apanhar alguma doença, são quase 8h da manhã ,com certeza a clínica perto da faculdade já está aberta, ganho coragem, e isso! vou fazer análises.
O autocarro para em frente a faculdade, e eu saiu, só tenho aulas as 10h, o que me dá muito tempo. Da faculdade a clínica são 15minutos.
Ao chegar lá uma senhora na casa dos seus 40 anos, deduzo pelos cabelos brancos que começam a aparecer, está atrás do balcão, hesito, então respiro fundo e vou na direção dela.
"Bom dia!" digo a medo.
"Bom dia menina, posso ajudar?" ela diz com uma voz muito meiga.
"Sim! Gostaria de fazer análises ao sangue por favor!" por favor não me pergunte se são especificas.
"E são específicas menina?" ah obrigado meu Deus ,por tornar a minha vida um inferno.
"Sim, são!" então ela olha para mim, a espera que diga para o que é, e decido continuar.
"Queria análises gerais, mas principalmente para despiste de DST's*" digo ficando envergonhada, a senhora atrás do balcão levanta o olhar na minha direção, está com pena de mim?
"Claro menina, vamos tratar da sua ficha?" ela me diz, e eu aceno com a cabeça de forma positiva.
Depois de preencher o formulário, a senhora simpática, encaminha-me a uma sala, que tem uma poltrona e um armário, a enfermeira entra, e pede que levante a manga da camisola, para que possa proceder a colheita do sangue. Ela limpa a área do braço, com o que deduzo que seja álcool pelo cheiro, e pica a minha veia com a agulha, o sangue circula dentro do frasquinho, na verdade foram três frasquinhos, depois de colhido o sangue ela retira a agulha, e coloca um pencinho.
"Esta pronta, portou-se muito bem" diz a enfermeira para mim, ajudando-me a levantar.
"Obrigado! Sabe-me dizer quantos dias demora os resultados?" pergunto impaciente.
"Francisca, os resultados devem chegar dentro de 3 dias." Ela diz muito calma, três dias??vão ser os piores 3 dias da minha vida. Dando um aceno de adeus, a senhora simpática, saiu da clínica, algo me diz que estes dias vão ser muito compridos.

Após 20 minutos a andar, estou em frente a faculdade, sentado nas escadas ao fundo , está Marco, não me faltava mais nada agora, no meio da multidão de estudantes, o olhar dele se encontra com o meu, ele se levanta e vem na minha direção.
" Kika!..." a voz dele e calma "tudo bem?" eu olho para ele pelo canto do olho, a sim está tudo bem, acabei de fazer análises ao sangue para saber se apanhei alguma doença, mas sim está tudo bem, não tenho paciência nenhuma, reviro os olhos dando-lhe as costa, e continuo a caminhar.
"Kika! Espera, desculpa aquilo de ontem!" ele vem atrás de mim, e então me viro para encara-lo.
"Tenho muita pena de ti, de seres tão pobre de espírito Marco, não vou perdoar aquilo que se passou ontem, e isso só me fez perceber que desperdicei um ano da minha vida, com uma pessoa que não conheço, mas não desperdiço nem mais um minuto!" digo tudo o que penso de uma vez só, eu gosto dele, pelo menos achava que sim, mas não consigo estar com alguém com aquele tipo de mentalidade. Ele olha para mim, e vem na minha direção, vejo raiva nos seus olhos, e inconscientemente me encolho intimidada, ele agarra o meu braço com força, está-me a magoar, vai deixar marca.
"Estás por acaso a acabar comigo?" ele diz com os dentes serrados, tenho as lágrimas a querer aparecer, mas não lhe vou dar o prazer de me ver chorar, engulo em seco.
"Estou Marco! Não quero uma pessoa como tu ao meu lado" as pessoas continuam a caminhar a nossa volta, sem prestar a mínima atenção a nós.
"Nunca ninguém terminou comigo!" ele diz agarrando com a mão livre, o meu outro braço, ele vai me deixar marcas.
"Marco larga-me, estas a magoar-me!" digo tentando impedir, que as lágrimas desçam pelos meus olhos.
"Só te vou largar quando disseres que vais ficar comigo!" a raiva nos olhos dele e visível e cada vez tenho mais medo, não posso ficar com uma pessoa assim, muito menos depois, do me está a fazer agora. Fecho os olhos, tentando aliviar o ardor que sinto pelas lágrimas presas.
"NÃO!" grito "não vou ficar contigo, NUNCA MAIS" Marco fica vermelho e me levanta do chão, e me aperta ainda mais, se ele não me largar eu vou gritar. Mas de repente sinto o meu corpo ser largado, as lágrimas começam a descer, quando levanto a cabeça, Marco esta no chão a minha frente a sangrar da boca, ao meu lado está..... ALEXANDRE????
"Achei que ela te tinha pedido para parar" Alexandre rosna para Marco, mas Marco se levanta e vem na direção dele.
"Imbecil Betinho, ela é minha!" ele diz já com um braço levantado para acertar em Alexandre, não sei que me passa pela cabeça, mas não quero que o magoe , quando vejo tudo em câmara lenta, o punho de Marco na direção dele, instintivamente me coloco a frente de Alexandre, e Marco acerta-me em cheio, Alexandre segura-me para que não caia.
Sinto o calor do sangue, que começa a descer pelas narinas, quando abro os olhos, vejo Alexandre com o rosto contorcido, de medo? Então, parece que alguém apaga lentamente as luzes, e fico na escuridão...

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