Capítulo 7

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Alexandre

Fechando a porta do quarto dela atrás de mim, respiro fundo e então deslizo até ao chão, e coloco a cabeça no meio dos joelhos, que se passa comigo? Sinto os olhos a arder, eu não vou chorar.
"Esta tudo bem?" uma voz me pergunta, levanto a cabeça, e uma mulher de bata branca, me encara.
"Desculpe, sim está tudo bem" digo já me levantando.
"Tem a certeza? Não me parece muito bem, e grave?" ela diz fazendo sinal para a porta.
"Ah... Acho que não, só um nariz quebrado," respondo "eu e que devia estar ali" digo tão baixo que mal me ouço.
"Quer falar sobre isso?" ela pergunta.
"Acho que não..." digo.
"Tudo bem, se precisar de alguma coisa, o meu gabinete e no piso 2, n°48 , sou a psicóloga cá do hospital, estas a vontade!" ela me diz, eu não preciso de psicóloga, só preciso de pôr a cabeça no sítio.
"Não é preciso, mas obrigado na mesma!" digo.
"Ok mas de qualquer maneira, eu estou lá!" ela diz, e se afasta.

Chego a casa, e a mãe de Mary está a entrada, a minha espera?
"Bom dia, Tia Mariana!" digo-lhe.
"Bom dia meu querido, está tudo bem?" ela me pergunta com ternura.
"Sim esta, acho que sim" digo.
"Como está a Kika?" ela pergunta.
"Ficou bem Tia, tem o nariz fraturado, mas esta bem!" digo mas algo nos olhos dela não está bem.
"Passa-se alguma coisa tia?" pergunto.
"Isso pergunto eu meu querido, estas com um ar tão triste, estas bem? Ela diz colocando a mão no meu ombro, não sei o que se passa mas abraço-a e as lágrimas caem.
"Shiii, que se passa querido, e ela não é? Fala comigo" ela me diz, mas as lágrimas não param de correr.
"Tia não sei que se passa" digo sentando-me com ela no sofá.
"Diz-me o que sentes" ela diz.
"Tia o problema e esse, não sei o que sinto" digo limpando as lágrimas.
"Estas confuso é?" ela pergunta enquanto faz carinho no meu cabelo.
"Sinto uma necessidade incontrolável de estar perto dela, mas nem a conheço, mas é mais forte que eu, quero proteger-la, não deixar que nada lhe aconteça, mas quando tento fazer isso olhe o que acontece, está com o nariz quebrado!" digo-lhe, gosto muito da minha tia e como uma mãe para mim, mas sinto saudades da minha.
"Meu querido, o que ah de errado nisso?" ela pergunta.
"Eu não a conheço" digo olhando-a nos olhos.
"Sabes como isso se chama Alex?" ela pergunta, mas eu faço que não com a cabelça.
"E paixão meu querido!" a minha tia diz, e eu me levanto de imediato para encara-la.
"Não pode ser Tia, ela não tem nada haver comigo, nem eu com ela, olhe para mim!" digo.
Minha tia olha-me de cima a baixo, e franse a testa.
"Já olhei! E não vejo nada de errado!" ela diz.
"Tia ela é cheia de tatuagens, piercings, maquiagem que nunca mais acaba e eu? Nada, porque ela haveria de olhar para mim?" digo e ela faz cara feia.
"Alexandre, olha para a Kika, agora olha para Mary...o que elas tem em comum?" minha tia pergunta e já sei onde quer chegar.
"Nada!" digo em voz baixa.
"Nada de exterior, para além das diferenças elas são as melhores amigas não são? Onde está o problema?" ela ralha comigo.
"Não sei tia, que porcaria me tinha que acontecer!" digo.
"Menino!!!! Que boca suja!" ela me repreende.
"Desculpe tia" digo-lhe.
"Só desculpo, porque sei que a paixão, faz as pessoas dizer o que não querem!" ela pisca o olho para mim e sorri, a minha tia sempre foi muito, querida e compreenssiva, Mary tem sorte na mãe que tem.
"Acho que vou para cima tia, preciso de um banho." digo a ela e ponho me a pé.
"Vai querido, hoje deixo-te faltar as aulas, dorme um pouco a noite foi complicada!" e então subo para o meu quarto. Lá pego na minha roupa, e vou para a casa de banho, ligo o chuveiro e coloco a água bem quente, tiro a roupa e entrando, sinto o impacto da água quente no meu corpo, mas logo me habito-o, apaixonado...não não pode ser!
Meu telemóvel toca, mas não quero sair depois vejo quem é. A água quente faz me relaxar, e pensar, será que ela ficou mesmo bem? Claro que sim idiota para que ela precisava de ti o meu subconsciente me lembra. Mas ela chamou por mim a dormir, o que isso significa? Ela pediu para eu ficar, para não a abandonar, para não a deixar sozinha, não sei o que pensar.
Saiu do banho, depois do que me parece uma eternidade, coloco a toalha na cintura e vou para o quarto, sento-me na cama, pego no Telemóvel, vejo que tem uma msg e abro, não conheço o número e então lei-o:
"Obrigado por tudo, não me conheces de lado nenhum, e já me ajudar-te mais que alguém, em toda a minha vida, obrigado por passares a noite comigo, obrigado por me trazeres ao hospital, mas a cima de tudo obrigado por me fazeres sentir bem, quando sair daqui prometo me comportar como uma pessoa normal, obrigado Ass: Francisca"
Dou uma gargalhada ao ler a última parte, uma pessoa normal, no entanto agradeceu por tudo, porque está a agradecer, será que não entende que eu e que deveria estar grato, afinal apanhou por minha causa, deito-me na cama, e decido responder:
"Não agradeças, foi um prazer ver-te,levar um soco ☺, desculpa, eu e que devo agradecer, eu e que devia estar no teu lugar, espero que fiques bem, bj"
Carrego no botão, enviar. Fico a espera que responda, o que não acontece, estou cansado os últimos dois dias foram demais para mim, relaxo na cama, e então adormeço....

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