Capítulo 15- Little Things

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"Querida, Summer. Tu não me conheces mas eu já te conheço como a palma das minhas mãos. Desde que ele te conheceu, nunca falava de mais nada, nem ninguém. Todas aquelas tardes em que ele me vinha arranjar o jardim, tu eras o seu assunto preferido. Ele faz-me lembrar o meu falecido marido e foi essa uma das razões pelas quais eu decidi deixar a casa para ele. Há pessoas com um jeito surpreendente de lidar com a natureza. O Louis e o meu marido foram as únicas pessoas que conheci assim. Agora, tudo isto é dele e eu sei que tomei a decisão certa. Ele vai cuidar da casa como ela merece. Eu sei que, hoje, ele não precisa mais de uma casa para viver. Eu tenho seguido os seus passos pelos jornais. Agora ele é lindo e famoso e não precisa de nada disto. Sinceramente, nunca conheci ninguém com tanta vontade de viver e de lutar pelos sonhos. Tenho de te agradecer por lhe aconselhares a seguir o seu sonho. Eu sei perfeitamente que foste tu a maior responsável por isso."


Parei de ler e olhei o rosto da rapariga na minha frente. Pequenas lágrimas escorriam pela sua face tal como pela minha. Respirei fundo e decidi continuar.

"Esta casa é importante para ele. Não só porque eu vivi aqui e ele era meu amigo, mas principalmente porque foi neste jardim que ele, durante vários dias, construiu uma pequena casa na árvore. Não imaginas a alegria dele, a energia positiva que ele radiava. Uma das minhas coisas preferidas nele é aquele sorriso contagiante. Certamente concordas comigo.
Agora perguntas-te porquê que eu te conto tudo isto, certo? Eu não me queria ir embora sem falar com a rapariga que mais magoou o meu menino. Não queria ir embora sem te relembrar que, como o vosso amor é verdadeiro, um dia vais voltar a encontrar-te com ele. O destino, certamente, irá cruzar de novo os vossos caminhos. Nem todos temos uma segunda oportunidade, por isso, por favor, não o deixes escapar desta vez. Ele merece ser feliz daquela maneira como só tu o sabes fazer. Nenhuma outra rapariga vai conseguir ocupar o teu lugar no coração dele, garanto-te.

Quando quiseres visitar a casa, deixo-te dentro do envelope uma chave. Dá-lhe um toque teu. Tu sabes que os homens não tem jeito nenhum para essas coisas de decoração."


Ri baixinho com a sua afirmação.

"Despeço-me agora com um enorme pedido: Sempre que tiveres dúvidas do que ele sente ou do que vocês sentem, lê esta carta de novo.
Um beijinho grande desta velha amiga."

Fiz silêncio por uns minutos. Aquela mulher era especial. Não consigo descrever as saudades que tenho dos seus conselhos e das nossas conversas nas tardes chuvosas. Eu sei que ela sempre se preocupou comigo e isso nunca vou esquecer.

"Ela gostava mesmo de ti." Summer fala baixinho.

"Eu sei." Sorri de lado fazendo a rapariga sorrir também.

"O que vieste cá fazer?" Ela olha-me atentamente.

"Não posso simplesmente vir a casa?" Franzo a sobrancelha e ela encolhe os ombros.

"Tudo bem." Ela levanta-se. "Queres que vá embora?" Ela pergunta meio nervosa. Eu também fico nervosa perto dela. Sinto o aroma dos seus cabelos, da sua pele, a pouco mais de um metro de distância.

"O quê que estavas a inventar?" Tentei contornar a sua pergunta.

"Estava a tentar plantar isto. Lembro-me da minha mãe fazer isto na estufa da casa de Londres, mas não sei se está bem." Ela aponta para o pequeno vaso laranja. As minhas mãos dirigem-se ao vaso ao mesmo tempo que as suas, roçando nas mesmas. Calma, Louis, calma.

"Se compuseres um pouco a terra, fica bem." Evito contacto visual com ela. "As plantas precisam que a terra esteja leve para que possam aumentar as raízes e assim fixarem-se. Percebes?" Ela assente e repete o meu gesto em outros vasos. Tiro o meu casaco de capuz e pauso-o nas costas de uma cadeira. Ela olha o vaso enquanto sorri. Aquele sorriso conquistou-me há anos atrás.

A música continua a tocar na pequena coluna atrás de mim. Sorri meio sem jeito ao perceber que todas aquelas músicas que tocaram até agora eram da minha banda.

"Gostas desta música?" Tento saber, enquanto trabalhamos com os vasos. Ela repete cada gesto que eu faço com as plantas.

"Sim, vocês são mesmo bons naquilo que fazem."

"Qual a tua música preferida?" Olho a rapariga que logo me olha também. O brilho no seu olhar era notável.

"Little things" Ela sussurra. Mal ela sabe que a escrevi para ela.

"Porquê?"

"Faz-me lembrar alguém do passado." O meu telemóvel toca mas decido ignorá-lo. "Estiveste fora uns dias, não foi?"

"Sim, estive." Pausei para prestar atenção nela. As suas pequenas e finas mãos tocavam na terra com tanto amor, tanto cuidado que, por momentos, me lembrei do passado. O seu toque é, sem dúvida, uma das coisas que nunca vou esquecer.

"Em trabalho, provavelmente."

"Sim, estive a trabalhar. Estamos a gravar o novo álbum."

"A sério?" Ela olha-me espantada. "Deve estar tão bom."

"Ainda precisa de uns ajustes, mas sim, está a ficar muito bom comparativamente ao anterior."

"Estão a crescer." Ela troca de vaso e continua na sua tarefa.

"Então e tu, quando acabam as férias?" Ela pausa lentamente o vaso na mesa e limpa as mãos a um pano de cozinha que estava sobre as costas da cadeira.

"Estão quase a terminar." Ela sorri fracamente. Não insisti mais no assunto acabado o que estava a fazer. "Queres algo para comer?" Ela fala já de dentro da cozinha. "Fiz bolachas de maçã com canela."

"Tu sabes cozinhar?" Trocei dela.

"Por acaso até sei!" Ela sorri animada.

"Então vamos lá ver se não estão envenenados." Sorri de volta e voltei para dentro de casa. Ao chegar à cozinha lá estava ela com um pequeno avental na frente enquanto tirava um tabuleiro do forno.

"Acredita, até sou boa nisto." Ela gaba-se colocando alguns biscoitos num prato. Poucos minutos depois pausou o mesmo à minha frente junto com uma chávena de chá.

"Nunca vais mudar." Sussurrei para mim mesmo, no entanto, ela pareceu ouvir mas não comentou.

"Como se vai chamar o novo álbum?"

"Four." Respondi de boca cheia fazendo-la rir. Pouco depois ela parou olhando timidamente as bolachas na sua frente. Ela tem um jeito tão doce de ser.

"Não me podes mostrar um pouquinho das músicas?" Ela pergunta minutos depois. O seu olhar intenso cruza-se com o meu por instantes e depois nego com a cabeça. "Tudo bem." Ela suspira profundamente.

"Bom, já está na hora de voltar." Levanto-me de vagar.

"Não queres levar umas para o Niall?" Olho a rapariga surpreso. "Li, por acaso, numa revista que ele adora provar comida nova. Não sei... pensei que talvez quisesses levar." Voltou o rosto para o chão enquanto corava.

"Claro que levo. Ele deve gostar."

Ela sorri imensamente enquanto me acompanha até à porta. Não consegui dizer mais nada perante aquela visão tão autentica e tão divina. Acho que não me importaria de ver esta versão dela todos os dias. Ela cozinha, ela sorri sem medo, ela largou as roupas muito justas e feitas por estilistas. Agora é apenas ela e todas as suas pequenas coisas.

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Olá amores da minha vida! <3
Estou de volta ao ativo. Devido a razões pessoais e de saúde, o tempo tem sido muito pouco para escrever. 
Espero que me desculpem pela demora! :')
Adoro-vos até ao céu <3

Obrigado por todas as mensagens de apoio! :D <3
Beijinhos enormes*
Joana'G.


TITANIUM 2 ✩ (L.T.)Onde histórias criam vida. Descubra agora